PMs estavam em festa que interrompeu live de grupo de pagode com tiroteio
A Polícia Civil disse hoje que a operação em Angra dos Reis, que acabou interrompendo uma live que ocorria em um imóvel vizinho ao foco da ação dos policiais, identificou três policiais militares armados e da ativa no evento. Segundo o delegado, Moyses Santana, da DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense), que coordenou a ação, os agentes serão ouvidos nos próximos dias. Eles tiveram as armas recolhidas e devolvidas no dia do evento. Os três foram autuados por infringir medidas sanitárias — devido a aglomeração causada pela festa em meio à pandemia de coronavírus.
A ação da PM ocorreu ontem, após o setor de inteligência da Polícia Civil identificar a ocorrência de uma festa com a presença de milicianos, pessoas armadas e foragidos da Justiça. A presença dos PMs no local ainda será investigada. A operação acabou interrompendo também a realização de um live que ocorria no imóvel ao lado.
A polícia investiga se milicianos da zona oeste do Rio, da Baixada Fluminense e de Angra dos Reis estariam no local alvo da Polícia Civil e também da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) que apoiou a ação.
No local, foram constatadas diversas pessoas com antecedentes criminais como associação e tráfico de drogas, porém sem mandados de prisão em aberto. Todas foram autuadas por violação de medida sanitária. Com a chegada da polícia, houve troca de tiros, mas ninguém foi preso nem ficou ferido.
O delegado Moyses Santana avaliou que não houve erro das equipes que interromperam a live na casa vizinha. "A entrada nas residências [imóvel foco dos policiais e a casa onde ocorria a live] ocorreu de forma simultânea. Nós chegamos ao local sabendo que havia uma live, pois fizemos diligências antes com viatura descaracterizada para fazer o reconhecimento do local e já sabíamos da live. Um grupo pequeno entrou na casa que havia a live justamente para cessar [o evento] pois eram vizinhos. Interromperam para evitar que os suspeitos se evadissem para a residência e por segurança".
Os músicos tiveram que interromper o show transmitido pela internet e foram orientados pelos policiais a ficar deitados para se protegerem dos tiros.
Apesar de a ação contar com uso de um helicóptero, criminosos que dispararam contra a polícia conseguiram fugir por um mangue. A ação foi considerada exitosa. "A preocupação era garantir a segurança de todos. Três elementos que portavam armas de fogo [no evento] foram identificados", a festa reuniu cerca de 60 pessoas e ocorria, segundo a polícia, desde sábado (25).
O encontro aconteceu em uma casa de luxo de dois andares na cidade de Angra dos Reis, região da Costa Verde do Rio. "Vamos averiguar também quem financiou essa festa", afirmou o delegado.
Moyses Santana confirmou ainda a versão do grupo de que a produção e os músicos da banda Aglomerou não foram avisados da operação. Segundo ele, não havia tempo para contatar os artistas. O vocalista do conjunto de pagode, João Victor Costa, disse à Globo News que os músicos viveram "momentos de terror" pela surpresa da ação.
A DHBF negou ainda que todo o aparato da Polícia Civil da capital se movimentou para Angra para prender Wellington da Silva Braga, o Ecko, chefe da maior milícia do Rio, que estaria do evento. O dono do imóvel onde a festa ocorreu foi ouvido e não tem relação com o grupo que esteve no local.
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