Três anos após o seu belíssimo álbum de estréia, a dupla inglesa Zero 7 está de volta, agora como banda, com o segundo álbum "When It Falls" (Elektra, 2004) - tão belo quanto o primeiro. Lançado na Europa e EUA, em março, o álbum ainda está sem previsão de lançamento no Brasil.
Zero 7, como os franceses do
Air, procura inspiração no crepúsculo e na madrugada para criar as suas belas canções, tão perfeitas para aquela hora do dia, perfeitas para organizar a cabeça e achar um norte.
O mini-popstar norueguês
Erlend Öye declarou anos atrás que "Quiet is the new Loud" (a calma é o novo barulho): o aforismo vale para o novo álbum de Zero 7. A banda foi aclamada pela crítica na época do lançamento do primeiro álbum, "Simple Things", em 2001, por criar pérolas de downbeat eletrônica que pedem para ser tocadas em volume baixíssimo.
O som de Zero 7, para ser específico, é mais acústico do que eletrônico. O som é essencialmente folk com uma boa sensibilidade pop e arranjos sofisticados. Conta com uma boa dose de instrumentação com violão, violoncelo, flauta, baixo acústico e vários tipos de teclados análogos como os clássicos Fender Rhodes e Hohner Clavinet. Ouça a faixa título, a única instrumental do álbum, em
alta ou em
baixa velocidade. "When It Falls" é pura beleza análoga.
A dupla de compositores e produtores, Henry Binns e Sam Hardaker, tem o pleno domínio desta tecnologia "arcaica". São verdadeiros ratos de estúdio. Eles são responsáveis pela
produção, os arranjos, as composições e até uma parte da instrumentação. Além do inglês Mozez, que canta a faixa de abertura, o recente "When It Falls" traz também belíssimos vocais femininos nas vozes de Sophie Barker e Sia Furler. Todos presentes também no primeiro álbum.
A maior novidade no quesito "colaboradores" de "When It Falls" fica por conta da desconhecida vocalista Tina Dico, que canta em duas das 11 faixas. O suave vocal no primeiro single extraído do álbum, a melíflua "Home", é dela. Ouça "Home" em
alta ou em
baixa velocidade.
Outra colaboradora antiga é a australiana Sia Furler, que cantava com a banda londrina Crisp, meio jazzy, em meados dos anos 90, antes de entrar para o time de Zero 7. Furler tem também lançado material próprio. A cantora conseguiu relativo sucesso na Inglaterra com "Taken for Granted", de seu álbum solo, "Healing Is Difficult", de 2002.
Em "When It Falls", Sai Furler canta uma história saudosista sobre um salto mortal que ela deu na vida. Há teclados dedilhados e um vocal firme e forte, bem soul. Ouça "Somersault", de Sai Furler, em
alta ou em
baixa velocidade.
A inglesa Sophie Barker também é colaboradora do
Groove Armada, e cantou no álbum "Mysteries of Funk" (Higher Ground, 1998) do rei inglês do drum'n'bass, Grooverider.
Conta a lenda que Barker era amiga de uma amiga da dupla Binns e Hardaker, e que foi preciso de muita lábia para convencer a londrina a cantar com Zero 7. Que bom que deu certo. Ouça aqui em
alta ou em
baixa velocidade a faixa "Passing By", para ter uma idéia da sua destreza vocal. A faixa é um doce pedaço de pop melodioso. Há um delicioso acompanhamento de Clavinet, com um toque bem folk.
Mesmo com bons vocais, belíssimos arranjos e melodias, Zero 7 corre um risco. Na avalanche de lançamentos cheio de barulhentos truques midiáticos para chamar atenção, fazer algo sem muito apelo além de uma suave beleza corre o risco de ser abafado pelo barulho. Beleza pura é difícil de notar e fácil de ignorar.
Zero 7, a banda, está atualmente em turnê pela Europa, EUA e Canadá para promover "When It Falls". O Brasil não está na agenda.
>> Conheça o site
oficial, que traz um belo design em flash mas pouca informação. Zero 7