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30/10/2007 - 03h33
Em SP, poucos viram Neneh Cherry cantar, dançar e homenagear Lula com a música "Fools" ("Idiotas")

VINICIUS MESQUITA
Editor-assistente da Home Page do UOL


Alexandre Schneider / UOL

A cantora Neneh Cherry durante show no Tim Festival em SP

A cantora Neneh Cherry durante show no Tim Festival em SP


A cantora Neneh Cherry (no comando da banda cirKus) fez o último show do Tim Festival nesta segunda-feira, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, com disposição invejável para tentar animar um público sonolento de aproximadamente 400 pessoas. E, depois de chamar novamente o presidente dos Estados Unidos George W. Bush de "asshole" ("bundão", "imbecil"), homenageou Luiz Inácio Lula da Silva com a música 'Fools" ("idiotas").

Durante a apresentação, os músicos da banda não cansaram de declarar o amor pelo Brasil. "Acho que não quero ir mais embora. Vou ficar aqui. Posso ficar?", dizia Neneh. Talvez fosse esta a única maneira de criar alguma empatia com um público morno que, amparado por cadeiras confortáveis, apenas seguia bocejante com o movimento dos olhos as sacudidelas e saltinhos da animada Neneh. Faltou espaço para o pessoal dançar.

Assim como fez no Rio de Janeiro na noite de sábado, Neneh disse que o presidente dos Estados Unidos George W. Bush era um 'asshole' (bunda-mole, idiota, c...ão) antes de cantar seu sucesso "Your Such an Asshole". O produtor e DJ Karmil e Neneh aproveitaram para criticar os jornais do Rio de Janeiro. Sem citar nomes, os dois disseram que tal música não tinha sido entoada em homenagem ao presidente norte-americano, como teria divulgado alguns jornais do Rio, segundo Karmil.

Porém, Neneh disse na seqüência: "Isso não quer dizer que Bush não seja um 'asshole'. Mas isso todos já sabiam, não é?"

Inspirada, a cantora não perdeu a acidez e, próximo do final do espetáculo, homenageou o presidente do Brasil (sem citar o nome Lula) com a canção "Fools" (algo como 'idiotas'). O publico aplaudiu.

"Essa música vai para o presidente do Brasil", disse Neneh. E Karmil cantou repetidamente o refrão: "I am a fool, you are a fool, we are a fool" ("eu sou um idiota, você é um idiota, nós somos uns idiotas").

Neneh, colaboradora, líder, alma ou convidada especial da banda CirKus (você pode escolher a melhor definição), é cria de um universo avant-garde proporcionado pelo padrasto e trompetista Don Cherry, um dos jazzistas mais criativos dos anos 60. Talvez seja por isso que Neneh, mesmo orbitando um planeta bem distante do jazz, tenha a invejável paciência para rastrear projetos que façam algum sentido, nem que para isso ela seja obrigada a se afastar da mídia e dos estúdios de gravação por mais de dez anos.

Com o cirKus, Neneh voltou a enfrentar o universo pitoresco do trip hop, colidindo sua voz de diva com a música eletrônica do DJ Karmil e fundamentalmente com a guitarra de Burt Ford, também conhecido como Cameron McVey, velho colaborador do Massive Attack.

Craig Armstrong

Na abertura de Neneh, o compositor, produtor e programador Craig Armstrong, outro ex-colaborador do Massive Attack, apresentou seu projeto eletônico vintage, chamado Winona, com apoio do também escocês Scott Fraser (baixista e guitarrista) e de esporádicas participações das vocalistas Laurence Ashley e Lucy Pullin.

Armstrong diz que sua música deve ser encarada como um 'pop europeu glacial', porém, seu som apresenta mesmo ecos da new age dos anos 80, muito próximo dos clima celestial das trilhas sonoras criadas pelo francês Jean Michel Jarre ou pelo grego Vangelis. Ou seja, algo parecido com aquele som do velho seriado 'Cosmos'.

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