28/04/2007 - 08h29 Coachella reúne 60 mil em oásis musical com cerveja a US$ 7 Não é apenas a ótima programação que faz do Coachella um dos maiores e melhores eventos de música pop do mundo. O festival norte-americano, que começou nesta sexta-feira (27) em Índio, Califórnia, tem outras características que o tornam especial. O Coachella acontece em pleno deserto, em um campo totalmente gramado que forma um cenário cinematográfico cercado por palmeiras e montanhas. Mesmo com as 60 mil pessoas reunidas neste primeiro dia --o mesmo número é esperado para sábado e domingo--, o festival acontece num clima de total tranqüilidade, sem atropelos. De acordo com a organização, 15 mil pessoas estão instaladas no camping montado para o evento. O público encara o calor brutal (perto dos 40°C) como pode. Alguns mais desinibidos vão para os shows como se estivessem indo à praia: (muitas) garotas de bíquini e (poucos) garotos de sunga e tênis. Para se proteger do sol, chapéu, boné e, no caso das meninas, sombrinhas japonesas vendidas no local eram os acessórios mais usados. Vaporizadores de água em pontos estratégicos ajudavam a refrescar o público. Água e bebidas não alcoólicas eram vendidas em toda a área. Cerveja só é comercializada em áreas específicas, cercadas, onde só se entra depois de comprovar a idade. E é preciso estar com muita vontade: um copo custa US$ 7. Os cinco palcos --dois maiores ao ar livre e três menores cobertos-- são bem distribuídos pelo local. O som de um não interfere nos demais, e as distâncias são facilmente percorridas. No caminho entre um palco e outro, há algumas instalações artísticas pouco atraentes. De frente para os palcos ficam as áreas de alimentação, onde também é possível se abrigar na sombra. Para os padrões de um evento desse tamanho, a comida é boa e há opções variadas: pizza, saladas, sushi, comida vegetariana, hambúrgueres, sanduíches e até mesmo o brasileiríssimo açaí estão à venda. Como no caso da cerveja, o preço não é dos mais baixos: uma fatia de pizza custa US$ 6, mesmo valor de um hambúrguer vegetariano. Refrigerante, água mineral, limonada e bebidas isotônicas vão de US$ 2 a US$ 5. Neste ano, a organização criou um programa de reciclagem: dez garrafas de água mineral vazias valem uma cheia em troca. Muita gente recolheu os vasilhames dos cestos de lixo e do chão para aplacar a sede. Tudo funciona bem e de forma organizada, até a hora de ir embora, já que só é possível deixar o festival de carro. Aí, paciência é fundamental. Apenas para sair de um dos estacionamentos pode-se levar mais de meia hora. Destaques do primeiro dia Longe dos palcos há oito anos, os escoceses do Jesus and Mary Chain fizeram a melhor apresentação do dia. Os irmãos Jim e William Reid revisitaram clássicos de sua carreira iniciada na primeira metade dos anos 80 e ainda deram ao público duas surpresas: uma boa canção inédita e um dueto com a atriz Scarlett Jonhansson. O Arctic Monkeys também se destacou no palco principal, com canções como "The View From The Afternoon" e "When The Sun Goes Down" em pleno pôr-do-sol no deserto da Califórnia. Os garotos ingleses estavam no lugar certo, na hora certa. O Of Montreal, com sua mistura de indie pop, psicodelismo e visual glam rock, agradou no começo da tarde e atraiu um bom público ao palco secundário ao ar livre. No mesmo local, horas mais tarde, era a vez de Jarvis Cocker, ex-Pulp, fazer piadas, dançar e cantar músicas de seu disco solo, "Jarvis". O dia começou bem nas tendas menores. Na Mojave, uma seqüência inicial de rock'n'roll com Noisettes e Tokyo Police Club abriu a programação com guitarras em alta. Logo em seguida, o quinteto Tilly and The Wall trouxe um pouco de fofura ao palco com indie rock com sapateado e vocais femininos. Amy Winehouse lotou a tenda Gobi, a menor delas, e deixou muita gente de fora tentando assistir ao empolgante show de soul da cantora do hit "Rehab". No fim do dia, enquanto Björk mostrava seu novo show no palco principal, o grupo de Nova York Gogol Bordello segurava o público na tenda Mojave com seu punk cigano acelerado e contagiante. |