30/04/2007 - 06h42 Rage Against the Machine retorna aos palcos com show brutal no Coachella Estava estampado: o terceiro e último dia do festival Coachella era do Rage Against the Machine. Para onde quer que se olhasse, era fácil encontrar uma camiseta da banda. Podia ser da época em que o grupo ainda estava na ativa, ou uma recém-adquirida no próprio evento. Formação marcada pela mistura de som pesado, rap e discurso politizado, o quarteto de Los Angeles se reuniu em Coachella depois de sete anos. Mais do que as outras voltas que aconteceram nesse festival --The Jesus and Mary Chain, Happy Mondays e Crowded House--, foi a do Rage que causou mais impacto. Zack de la Rocha, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk começaram o show por volta das 22h40 para uma platéia que só rivaliza em número com a do Red Hot Chili Peppers, que tocou no sábado. A diferença, porém, estava nos olhos dos fãs que se espremiam próximos da grade de proteção que os separava do palco principal. A ansiedade em ver novamente o grupo era contagiante. "Rage, Rage, Rage!", gritavam. Assim que soaram os primeiros acordes do show, parecia que os sete anos separados nunca existiram. A banda continua tão pesada, brutal, raivosa e entrosada como antes. O vocalista De la Rocha movia-se pelo palco, apenas com uma enorme bandeira preta com uma estrela vermelha ao fundo, enquanto Tom Morello mandava os riffs característicos --scrtachs na guitarra-- que popularizaram o som do grupo. Do outro lado, o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk forneciam as bases encorpadas das canções. Pela primeira vez no festival, os seguranças tiveram trabalho para segurar as pessoas que faziam o "crowd surf" (quando alguém é levantado sobre o público e passado para a frente de mão em mão até o palco). E muitos foram os que "surfaram" sobre a "crowd". Sem material novo, o RATM reuniu suas canções mais emblemáticas para a apresentação, como "Bulls on Parade", "Bullet in the Head" e "Killing in The Name". Apesar de algumas delas já terem 15 anos, as músicas continuam tão atuais quanto antes. Mudam os alvos, mas permanecem os problemas. Se em 2000, quando se separaram, as críticas e mensagens de justiça social caíam sobre o presidente Bill Clinton, agora elas valem também para George W. Bush, por motivos diversos. De la Rocha pouco falou com o público e fez apenas uma intervenção perto do final do show, quando comparou o governo Bush aos nazistas. A energia liberada pela apresentação do RATM foi uma verdadeira dose de ânimo para quem precisava de forças para chegar ao fim da maratona de três dias de shows no deserto. Por enquanto, o grupo fará mais três apresentações, todas no festival Rock the Bells. O evento acontece em julho e agosto, em Nova York e na Califórnia, respectivamente. |