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16/03/2005 - 16h18
Elis Regina faria 60 anos nesta quinta; ouça sucessos e vejas clipes

da Redação

Nesta quinta, 17 de março, Elis Regina completaria 60 anos. A cantora gaúcha, morta em 1982, aos 36 anos, marcou a história da música popular brasileira como uma de suas mais importantes intérpretes.

Herdeira moderna das cantoras de rádio, em carisma e popularidade, Elis destacava-se das outras cantoras de sua geração por sua técnica vocal apuradíssima, que punha a serviço de uma interpretação cheia de arroubos.

Ângela Maria era para Elis a maior cantora brasileira, e dela regravou em 72 o sucesso kitsch "Vida de Bailarina", calcada na versão original da Sapoti, dos anos 50.

Como a personagem dessa canção, que vive "com um sorriso na boca e uma lágrima no olhar", nos últimos anos de sua carreira, Elis intensificou a carga dramática de suas interpretações, e chegava mesmo a chorar durante shows. Sua interpretação de "Atrás da Porta", de Chico Buarque e Francis Hime, em que cantava às lágrimas, ficou registrada em um especial de TV.

Personalidade de extremos, em outros momentos, a cantora era capaz de uma alegria esfuziante, como em sua interpretação do samba "Mestre Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, dupla responsável por um dos maiores sucessos de Elis, "O Bêbado e A Equilibrista", de 79.

Elis foi muitas vezes criticada por seu repertório, excessivamente eclético, e nem sempre de bom gosto. O músico Hermeto Pascoal, que conheceu a cantora e chegou a tocar com ela num conturbado show em Montreux declarou ao jornal Zero Hora em 98: "Lá por 1980, 1981, Elis parecia um pouco perdida. Não sabia se queria ser uma cantora de rock ou fazer música política. Já começava a decadência. Não da voz de Elis Regina, que sempre foi perfeita, mas o estilo, o jeito."

Mesmo com um repertório irregular, com músicas muito inferiores ao seu talento de cantora, a voz de Elis Regina permacene como um paradigma dentro da música brasileira, um ápice de apuro técnico. Vinte anos após a sua morte, Elis continua a conquistar fãs, e seu mito é alimentado por relançamentos de discos, publicação de biografias e encenações sobre sua vida. Em 1995, a islandesa Bjork declarou sua grande admiração pela cantora brasileira e dedicou a Elis uma faixa em seu disco "Post".

Elis Regina Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre, em 1945, e desde os 11 anos já se apresentava cantando no rádio. Em 1960, Elis gravou seu primeiro compacto pela Continental, no Rio de Janeiro, e, em 1961, o seu primeiro LP, "Viva a Brotolândia", em que flertava com a jovem guarda.

Sua carreira ganhou projeção nacional, quando, em 1965, Elis venceu o 1º Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior com a música "Arrastão", e, a partir daí, se tornou uma figura indispensável em programas musicais e encabeçou, ao lado de Jair Rodrigues, o espetáculo "O Fino da Bossa", na TV Record.

Apesar do estilo cool e sussurrado do canto da bossa nova estar em voga na época, Elis preferia um tipo de interpretação mais "expressionista". Em suas apresentações, a cantora marcava o ritmo e passagens das músicas com movimentos de braço que se tornaram uma marca registrada de sua presença em cena e lhe renderam o apelido de "Hélice Regina". Por causa de seu temperamento enérgico, a cantora ganhou ainda os apelidos de "Furacão" e "Pimentinha".

Um dos discos mais importantes de Elis Regina, "Tom e Elis", em que ela canta acompanhada pelo compositor Tom Jobim, um de seus admiradores declarados, foi gravado em 1974, nos Estados Unidos.

Em 1979, Elis participou do 13º Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, ao lado de Hermeto Pascoal, ao teclado, numa apresentação em que a cantora, nervosíssima, teria chegado a trocar impropérios com ele. O disco do show saiu no ano seguinte à morte da cantora, que não queria que a gravação fosse lançada.

No dia 19 de janeiro de 1982, Elis Regina foi encontrada morta, em São Paulo, vítima de uma overdose de cocaína. Um cortejo de cerca de 50 mil fãs e amigos da cantora acompanhou o carro do corpo de bombeiros que levou o corpo de Elis do Teatro Bandeirantes, região central de São Paulo, onde fora velado, até o Cemitério do Morumbi.




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