A sexta edição do festival de música eletrônica Skol Beats, realizado da tarde de sábado (16/4) até a manhã de domingo, conseguiu apagar a má impressão do evento realizado no ano passado, marcado por problemas na organização.
Cerca de 57.500 mil pessoas, segundo a organização, acompanharam as atrações do festival, e desta vez o público não sofreu com aglomerações e falta de bebidas, devido a uma sensível melhora na infraestrutura e a uma nova configuração no espaço reservado às tendas Movement, Skol Club e BBC Radio One.
Foi utilizado para o evento um estacionamento anexo ao Anhembi, o que deu mais espaço para a movimentação intensa do público. Outro ponto alto foi o sistema de som, muito criticado nas edições anteriores, que resistiu até o fim com ótima qualidade.
Sem maiores preocupações, o público recorde que lotou o Anhembi pôde então aproveitar as apresentações das estrelas da música eletrônica do festival. A primeira grande atração internacional, o produtor alemão Anthony Rother, apresentou seu live set de electro na Arena por volta das 19h30, contagiando uma ainda pequena platéia (cerca de 1.500 pessoas) que acompanhava o show. Sem utilizar laptop, Rother tocou uma parafernália de equipamentos condizente com os timbres retrô de suas músicas.
Por volta da 21h, na Arena, o escocês Mylo fez uma apresentação roqueira, curta e grossa, empunhando uma guitarra e acompanhado de um tecladista e um baixista. Mylo tocou músicas do aclamado disco "Destroy Rock'n Roll", de 2004, e utilizou também samples e loops de clássicos do rock, como "Jump", do Van Halen.
A única banda propriamente dita a se apresentar no festival foram os ingleses do Faithless, que entraram no palco com baterista, percussionista, baixista, guitarrista e vocalistas de apoio, comandados pela tecladista Sister Bliss e pelo vocalista Maxi Jazz. O show aliou música eletrônica ao dub, sendo encerrado com o maior sucesso do grupo, a música "We Come One", para delírio da platéia, que a esta altura já concentrava cerca de 10.000 pessoas na Arena.
Logo em seguida, o top DJ Erick Morillo desfilou uma seleção marcada por remixes de clássicos do house e de músicas como "Long Train Running", dos Doobie Brothers e "Sweet Dreams" do Eurythimics, com direito a pausa no som para que o público cantasse o refrão.
Enquanto isso, um trio elétrico, novidade do festival deste ano, animava o público, literalmente de passagem, com alguns encontros inusitados para um festival de música eletrônica como Carlinhos Brown e o DJ argentino Dero; Elza Soares e Gustavo Tatá; Igor Cavalera, Derrick Green, Zegun e Nuts; Nego Moçambique e Gerson King Combo; XRS, João Parahyba e BNegão, entre outros.
Sasha, a grande ausência de última hora no festival do ano passado, foi outro grande destaque da noite, apresentando seu house progressivo na tenda Skol Club. Valeu a pena esperar mais um ano pela presença da estrela da música eletrônica, pois sua performance ofuscou até seu parceiro na apresentação, o DJ John Digweed, em um dos sets mais longos da noite (tocaram das 3h até às 8h).
Os brasileiros também marcaram presença nas tendas com os DJs Patife e Marky, em apresentações que abarrotaram a Movement, e Anderson Noise, na BBC Radio 1, que teve sua apresentação gravada e tocada na rádio inglesa de Pete Tong, outro destaque da mesma tenda que mostrou um som um pouco mais comercial.
De volta à Arena, Chris Liebing, já conhecido do público brasileiro, tocou seu tecno pesado, percussivo e industrial já sob a luz do dia. O público, mesmo com a proximidade do fim do festival, pulou muito em sua apresentação e vibrou quando o alemão tocou o clássico "Good Life", do Innercity.
Coube então a Renato Cohen, que se apresentou em todas as edições do Skol Beats, fechar o festival para o público que ainda resistia depois de 18 horas de som. Não faltaram em seu set a faixa "Nova", lançada há cerca de quinze dias pelo selo Sino do Technasia, e a obrigatória "Pontapé", hino do tecno que tornou o DJ mundialmente conhecido.
Se na edição de 2004 o evento teve um line-up recheado de estrelas e uma infraestrutura fraca, em 2005 o festival amadureceu, cresceu em tamanho e foi amparado por uma ótima estrutura, apesar de ter oferecido ao público um line-up mais comedido. Resta torcer para que em 2006 o Skol Beats possa aliar as duas coisas.