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Acervo Última Hora/Folha Imagem A cantora Elis Regina, que morreu há 25 anos em São Paulo
Da Redação
Nesta sexta-feira (19) completam-se 25 anos da morte de Elis Regina. A cantora gaúcha morreu aos 36 anos, em 19 de janeiro de 1982, em São Paulo.
Para lembrar a data, a gravadora EMI lança a caixa "Elis", produzida por Roberto de Oliveira, com os DVDs "Na Batucada da Vida", "Doce de Pimenta" e "Falso Brilhante", com trechos de shows e entrevistas que percorrem toda a obra da cantora.
Depoimentos da cantora, de Tom Jobim e do filho mais velho, João Marcello Bôscoli, entre outros, além de fotos da carreira dela, estão presentes nesse pacote, que traz ainda no DVD "Falso Brilhante" cenas do show homônimo mais popular de Elis (visto por 280 mil pessoas), realizado durante 14 meses a partir do final de 1975, no teatro Bandeirantes (SP), onde seu corpo seria velado seis anos depois.
A gravadora Trama, presidida por João Marcello, lançou no final de dezembro passado o álbum "Elis" (1980, o último disco de estúdio da artista) remasterizado, remixado e com versões a capela de "Se Eu Quiser Falar com Deus" e "Trem Azul" e instrumentais de "Vento de Maio" e "Calcanhar de Aquiles". Ouça aqui o disco inteiro.
"Elis" é acompanhado do DVD com a última entrevista da cantora para a TV no programa "Jogo da Verdade", exibido pela TV Cultura em 10 de janeiro de 1982, nove dias antes de morrer. Elis respodeu perguntas de Salomão Esper, apresentador do programa, do jornalista Maurício Kubrusly e do produtor e jornalista Zuza Homem de Mello.
Veja os primeiros minutos dessa entrevista.
Este mês, a Trama lança ainda o álbum "Falso Brilhante" (1976), também remasterizado e remixado nos formatos CD e DVD-áudio. A gravadora já havia lançado o DVD do programa "Ensaio", da Cultura, exibido em 1973. Assista a um trecho desse programa.
Lágrimas e alegria
Herdeira moderna das cantoras de rádio, em carisma e popularidade, Elis destacou-se das outras cantoras de sua geração por sua técnica vocal apuradíssima e marcou a história da música popular brasileira como uma de suas mais importantes intérpretes.
Ângela Maria era para Elis a maior cantora brasileira, e dela regravou em 1972 o sucesso kitsch "Vida de Bailarina", calcada na versão original da Sapoti, dos anos 50. Ouça a versão original aqui.
Como que parodiando a personagem dessa canção, que vive "com um sorriso na boca e uma lágrima no olhar", nos últimos anos de sua carreira Elis intensificou a carga dramática de suas interpretações e chegou mesmo a chorar durante shows. Sua interpretação de "Atrás da Porta", de Chico Buarque e Francis Hime, em que cantava às lágrimas, ficou registrada em um especial de TV.
Personalidade de extremos, em outros momentos, a cantora era capaz de uma alegria esfuziante, como em sua interpretação do samba "Mestre Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, dupla responsável por um dos maiores sucessos de Elis, "O Bêbado e a Equilibrista", de 1979.
Elis foi muitas vezes criticada por seu repertório, excessivamente eclético, e nem sempre de bom gosto. O músico Hermeto Pascoal, que conheceu a cantora e chegou a tocar com ela num conturbado show em Montreux declarou ao jornal "Zero Hora" em 1998: "Lá por 1980, 1981, Elis parecia um pouco perdida. Não sabia se queria ser uma cantora de rock ou fazer música política. Já começava a decadência. Não da voz de Elis Regina, que sempre foi perfeita, mas o estilo, o jeito".
Mesmo com músicas inferiores ao seu talento de cantora, Elis Regina e sua voz permanecem como um paradigma na música brasileira, um ápice de apuro técnico. Em 1995, a islandesa Björk declarou sua grande admiração pela cantora brasileira e dedicou a Elis a música "Isobel", do disco "Post". Ouça aqui a canção de Björk.
Trajetória
Elis Regina Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre, em 1945, e aos 11 anos já cantava no rádio. Em 1960, Elis gravou seu primeiro compacto pela Continental, e, em 1961, o seu primeiro LP, "Viva a Brotolândia", em que flertava com a jovem guarda, relançado agora em CD duplo pela SomLivre, junto com "Poema de Amor", o álbum seguinte, de 1962.
Sua carreira ganhou projeção nacional, quando, em 1965, Elis venceu o 1º Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior com a música "Arrastão". A partir daí, ela se tornou uma figura indispensável em programas musicais e encabeçou, ao lado de Jair Rodrigues, o espetáculo "O Fino da Bossa", na TV Record.
Apesar do estilo cool e sussurrado do canto da bossa nova estar em voga na época, Elis preferia um tipo de interpretação mais "expressionista". Em suas apresentações, a cantora marcava o ritmo e passagens das músicas com movimentos de braço que se tornaram uma marca registrada de sua presença em cena e lhe renderam o apelido de "Hélice Regina". Por causa de sua forte personalidade, a cantora ganhou ainda os apelidos de "Furacão" e "Pimentinha".
Um dos discos mais importantes de Elis Regina, "Tom e Elis", em que ela canta acompanhada pelo compositor Tom Jobim, um de seus admiradores declarados, foi gravado em 1974, nos Estados Unidos.
Em 1979, Elis participou do 13º Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, ao lado de Hermeto Pascoal, ao teclado. O disco do show saiu no ano seguinte à morte da cantora, que não queria que a gravação fosse lançada.
Em 1982, cerca de 50 mil fãs e amigos acompanharam o carro do corpo de bombeiros que levou o corpo de Elis do teatro Bandeirantes, região central de São Paulo, onde fora velado, até o Cemitério do Morumbi, zona sul da capital. Morta por overdose de cocaína e álcool, ela deixou os filhos João Marcello, Pedro Mariano e Maria Rita Mariano, os dois últimos filhos do músico César Camargo Mariano.
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