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24/01/2007 - 21h39
Tom Jobim faria 80 anos nesta quinta-feira; ouça sucessos, veja fotos e saiba mais sobre a obra do criador da bossa nova


Ana Ottoni/Folha Imagem

Acervo Última Hora/Folha Imagem

O compositor Tom Jobim, em foto tirada no ano em que morreu, 1994




Da Redação

O maestro, cantor e compositor carioca Antonio Carlos Brasileiro Jobim completaria 80 anos nesta quinta-feira (25), aniversário de São Paulo. Tom Jobim morreu no dia 8 de dezembro de 1994, aos 67 anos, em Nova York. Jobim foi o inventor da bossa nova e o mais expressivo compositor da música popular brasileira, criador de clássicos como "Garota de Ipanema" e "Águas de Março".


Suas composições incorporaram à música brasileira influências do jazz americano e da música clássica, especialmente de Debussy e Villa-Lobos, com quem Jobim foi freqüentemente comparado no início da carreira.


Sua primeira música gravada foi "Incerteza", em 1953, parceria com Newton Mendonça (com quem mais tarde comporia "O Desafinado"), mas o primeiro sucesso só aconteceu no ano seguinte, com "Tereza da Praia", parceria com Billy Blanco, interpretada em dueto por Dick Farney e Lúcio Alves.


Em 1956, Jobim musicou a peça "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes, trabalho que inaugurou uma das mais férteis parcerias da música brasileira. O sucesso "Se Todos Fossem Iguais a Você" é dessa peça.


Em 1958, o compositor gravou o disco considerado o marco inicial da bossa nova, "Canção do Amor Demais", com a cantora Elizeth Cardoso. Nesse disco, em que João Gilberto aparece apenas como violonista em algumas faixas, surgem já as primeiras harmonias e orquestrações mais tarde consagradas pelo gênero que se tornou sinônimo de Brasil no exterior.


Apesar de grande cantora, Elizeth estava ainda demasiadamente presa à tradição interpretativa derramada do samba-canção para levar a cabo as inovações que a bossa nova exigia. No mesmo ano, é relançada em compacto a faixa "Chega de Saudade", de "Canção do Amor Demais", em gravação de João Gilberto, com sua voz contida e violão sincopado. E é nessa gravação que se pode ouvir a bossa nova já em plena forma.


Em 1962, Tom Jobim fez sua primeira viagem aos EUA para apresentar um espetáculo de bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York. O show causou grande comoção entre músicos americanos, que se apressaram a aderir ao movimento.


Nos anos seguintes, figurões como Frank Sinatra, Quincy Jones, Stan Getz, Cannonball Adderley, Dave Brubeck, Paul Desmond e até Elvis Presley se aventuraram com graus de sucesso variáveis no terreno do "brazilian jazz", nome pelo qual o gênero inventado por Jobim é também conhecido nos EUA.


As célebres colaborações de Jobim com Getz no disco "Getz/Gilberto", de 1963, que traz a primeira gravação de "Garota de Ipanema", e com Sinatra, em 1967, colocaram o nome do compositor brasilero entre os grandes da música internacional. O disco "Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim" foi o segundo disco mais vendido nesse ano nos EUA, onde o carioca chegou a ser chamado de "Gershwin brasileiro".


Durante a década de 70, a música de Jobim passou a refletir uma maior influência de compositores clássicos, especialmente Villa-Lobos, em composições instrumentais de discos como "Matita Perê" e "Urubu".


Mas a canção popular continuou sendo de importância central na obra do compositor, que, na mesma época gravou ótimos discos em parceria com as cantoras Elis Regina e Miúcha e o músico Edu Lobo.


Em 1987, o compositor lançou "Passarim", que traz, além da faixa-título, a melancólica "Anos Dourados", que entrou na trilha do seriado homônimo da Globo, e "Gabriela", em que o compositor desenvolve, como numa suíte clássica, o tema da canção "Modinha para Gabriela", de Dorival Caymmi. Essa música foi trilha da versão cinematográfica do romance "Gabriela", de Jorge Amado.


"Antonio Brasileiro", seu último disco, foi lançado em 1994, e conta com a participação do cantor inglês Sting na regravação de "Insensatez". O disco traz também "Piano na Mangueira", parceria com Chico Buarque.


Jobim morreu no dia 8 de dezembro 1994, em Nova York, no hospital Mount Sinai, durante uma angioplastia. Seu corpo foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.



Discografia comentada:


"Getz/Gilberto"
(Stan Getz, João Gilberto e Astrud Gilberto; 1963)
O disco que estabeleceu o som da bossa nova. Traz a primeira gravação de "Garota de Ipanema", na voz de Astrud Gilberto. É o mais bem sucedido álbum de colaboração de um músico estrangeiro, Getz, com músicos brasileiros, na bossa nova.


"Albert Francis Sinatra & Antonio Carlos Jobim"
(Frank Sinatra; 1967)
Infelizmente, as letras em inglês de "Dindi", "Corcovado" e outras músicas de Jobim cantadas por Sinatra são péssimas. Talvez por esse motivo, ele pareça mais à vontade nas músicas americanas. A versão bossa novística de "I Concentrate On You", de Cole Porter, é estupenda. Os arranjos de Claus Ogerman são ótimos e antecipam os arranjos que ele faria exatos dez anos mais tarde para João Gilberto, no disco "Amoroso".


"Canção do Amor Demais"
(Tom Jobim; 1958)
Neste disco histórico, considerado o primeiro da bossa nova, a "divina" Elizeth interpreta canções que se tornariam clássicos (em outras gravações), como "Chega de Saudade" e "Eu Sem Você". O disco traz ainda músicas pré-bossa nova, como "Janelas Abertas", "Estrada Branca" e "Modinha", em que a influência de Villa-Lobos é evidente.


"Passarim"
(Tom Jobim; 1987)
Mesmo não sendo um dos melhores discos de Jobim, vale pelo bolero "Anos Dourados" e pela suíte "Gabriela". Um dos pontos baixos do álbum
é o excesso de corais femininos, que resvalam freqüentemente para o cafona.


"Tom e Elis"
(Tom Jobim e Elis Regina; 1974)
Este é talvez o melhor disco de Elis Regina e um dos melhores de Jobim. O repertório traz as gravações definitivas de "Águas de Março" e "Chovendo na Roseira". O relançamento foi supervisionado por César Camargo Mariano, responsável pelos arranjos do disco. Imperdível.


"Miúcha & Antonio Carlos Jobim, Vol. 1"
(Miúcha, Tom Jobim e Chico Buarque; 1977)
Apesar de conter apenas duas músicas da autoria de Jobim, "Samba do Avião" e "É Preciso Dizer Adeus", este disco registra o encontro de dois dos maiores compositores da MPB. Com sua voz peculiar e sua interpretação sentida, Miúcha faz o registro definitivo de canções como "Pela Luz dos Olhos Teus", de Vinicius de Moraes, e "Saia do Caminho", de Custódio Mesquita. "Vai Levando", de Chico e Caetano Veloso, reúne os três numa gravação que marcou época. Um clássico.


"Matita Perê"
(Tom Jobim; 1973)
O disco mais sintético do período em que Jobim se dedicou a misturas radicais de música popular com erudita. Traz a primeira gravação de "Águas de Março" e a singela "Chora Coração", que integra a trilha do filme "Crônica da Casa Assassinada", de Paulo Cesar Saraceni, baseado no romance de Lúcio Cardoso. Arranjos e melodias com gosto de Villa-Lobos.










































































































































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de Tom Jobim
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A bossa nova
por Tárik de Souza


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