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Maior fã de Michael Jackson na América Latina diz que a saudade do ídolo não passa nunca

O DJ e produtor Leandro Lapagesse exibiu parte do seu acervo de objetos sobre Michael Jackson (29/8/12). Os vinis, raros, chegaram a custar US$ 3 mil - André Durão/UOL
O DJ e produtor Leandro Lapagesse exibiu parte do seu acervo de objetos sobre Michael Jackson (29/8/12). Os vinis, raros, chegaram a custar US$ 3 mil Imagem: André Durão/UOL

Renato Damião

Do UOL, no Rio

29/08/2012 13h21

Desde pequeno, o DJ e produtor Leandro Lapagesse é fã de carteirinha de Michael Jackson. Com 5 anos ele ouviu pela primeira vez o single "Bad", com 9 começou a colecionar revistas e CDs e com 30 anos se tornou o maior colecionador de artigos a respeito do artista da América Latina. São pelo menos 100 vinis, 300 CDs, 100 capas de revistas e 10 mil fotos de Michael.

"O Michael moldou meu caráter", contou Leandro que recebeu a reportagem do UOL em seu apartamento, na zona sul do Rio. Se estivesse vivo, Michael completaria nesta quarta (29) 54 anos e desde sua morte, em 2009, sua ausência é sentida pelo fã. "A minha convivência com o Michael continua diária, continuo ouvindo as musicas dele. Depois da morte do Michael foi difícil retomar minha vida, larguei meu emprego, fiquei vivendo aquele luto. A dor passa, mas a saudade não passa nunca", ressaltou Leandro que esteve presente no velório do ídolo em Los Angeles.

O Michael Jackson moldou meu caráter

sobre a importância do artista

A relação do produtor com o cantor ganhou os palcos cariocas com a montagem do espetáculo "Michael & Eu". Leandro serviu de inspiração para o personagem interpretado pelo ator Pedro Monteiro. "O Marcelo Pedreira [autor da peça] se encantou com essa maluquice da minha vida. Contei que estava escrevendo um livro sobre a minha história com o Michael e ele resolveu criar a peça", explicou Leandro.

A "maluquice" citada envolve vigílias feitas na porta do hotel Copacabana Palace, no Rio, quando Michael lutou nos tribunais contra as acusações de pedofilia - "sempre acreditei na inocência dele", disse Leandro - até participar de programas de televisão respondendo perguntas sobre o ídolo.

"Consegui ganhar uma boa grana no programa do Sílvio Santos e no da Adriane Galisteu", afirmou Leandro. O dinheiro que ganhou foi gasto para montar seu acervo. Os vinis, alguns raros, chegaram a custar US$ 3 mil, cada, e os bonecos, de edição limitada, não saíram por menos de US$ 1 mil.

"As pessoas normais costumam guardar o salário para tomar um chopp, eu uso o meu com o Michael", explicou Leandro que não se considera o "maior fã". "Eu não sou maior fã do que ninguém, o que une um fã do Michael é o sentimento de amor que temos por ele e o desejo de sempre lembrarmos a obra que ele nos deixou", disse.

"Uso o mesmo perfume que o Michael", diz Leandro Lapagesse

Um dos grandes momentos da vida de Leandro foi o encontro que ele teve com Michael em 1996, quando o cantor gravou no Morro Santa Marta, zona sul da cidade, cenas para o clipe "They Don't Care About Us".

"Quando ele esteve no Santa Marta eu consegui apertar a sua mão. Michael me deu uma bala de pera e falou ‘I love you’. Eu guardei a bala por cinco anos na minha geladeira. Mas ela se desfez e acabei emoldurando o papel. Ele estava usando o perfume Obsession, da Calvin Klein, desde então eu uso esse perfume", relembrou Leandro que chegou a cogitar se atropelado por um dos carros da comitiva do astro.

"Imagina eu ser atropelado e ele ir me visitar no hospital? Era tudo o que eu queria", brincou.

O DJ garante que o fanatismo nunca atrapalhou sua vida, mas confessou que na adolescência sofreu o que chama de "bullying Michael Jackson". "As pessoas achavam que eu era maluco, retardado. Eu ia para a escola com esparadrapos nos dedos e às vezes de luva. Meu apelido era 'Perigoso' por causa do álbum 'Dangerous'", contou Leandro às gargalhadas.

André Durão/UOL
Imagina eu ser atropelado e ele ir me visitar no hospital? Era tudo o que eu queria

Sobre encontro com o ídolo em 96

"A música ficou mais triste depois da morte de Michael", opinou. Leandro diz que só divide seu coração com Daniela Mercury. "Sei que não tem nada a ver um com outro, mas gosto da Daniela, acho que ela tem uma voz linda e uma atitude política maravilhosa", ressaltou. Ele costuma ser citado como um dos maiores críticos de Madonna.

"As pessoas costumam achar que eu odeio a Madonna, mas isso não existe. Eu tenho os blu-rays da Madonna, fui aos shows, não tenho nada contra ela, inclusive acho ela genial. Ela não sabe nem cantar e nem dançar e está onde está. Acho ela incrível", alfinetou.

Nesta quarta, Leandro e alguns fãs marcaram um encontro no Santa Marta para prestarem uma homenagem ao ídolo. "Michael se importava com o outro, gravou 'We are The World' quando não era moda ser 'bonzinho'. Arrumava tempo para visitar crianças em hospitais e fazia questão de se posicionar contra o preconceito e a intolerância. Nunca vai haver outro igual a ele", finalizou.

MICHAEL & EU
Onde: Teatro do Leblon - Rua Conde Bernardotte, 26, Leblon, Rio de Janeiro - RJ
Quando: De 5ª a Domingo até 30 de setembro
Quanto: De R$ 50 a R$ 70