Com sua inseparável Lucille, B.B. King mostra magnetismo de clássicos do blues em São Paulo
Próximo das 22h desta sexta-feira (5) uma fina garoa teimava em molhar as cabeças de quem se dirigia à entrada do Via Funchal, em São Paulo. Mas a noite era de festa e o com bom humor prevaleceu em quem estava na expectativa de ver mais uma vez B.B.King, o velho rei do blues. E a capital paulista, como das outras vezes, o recebeu como um antigo conhecido, tanto que a casa estava com todos os lugares tomados.
Com 15 minutos de atraso, as luzes se apagaram e, após uma breve apresentação, adentrou ao palco um octeto, formado por um quarteto de metais e guitarra, baixo, teclado e bateria. A competente B.B. King Blues Band fez um pequeno show de introdução, como se fosse uma espécie de preparação aos ouvidos para o que se veria a seguir. Com uma jam de 15 minutos de blues, e solos de cada um deles, o terreno estava preparado para a entrada do rei. O bandleader fez as vezes de apresentador e chamou ao palco a estrela da noite. Caminhando devagar, rindo e jogando palhetas à plateia, B.B. King, vestido de terno preto com detalhes dourados no paletó, demorou a sentar, agradecendo a receptividade.
Ao lado de uma cadeira de almofada alaranjada, a guitarra Lucille, outra estrela da noite, aguardava para subir ao colo do seu mestre. O rei tomou o seu lugar, pôs o instrumento no colo, fez um acorde e foi ovacionado. Agradeceu e falou uma das poucas palavras que diz conhecer em português: "obrigado". Mas não seria agora que começaria a tocar. Ele demorou cerca de 10 minutos só para apresentar a banda. A todos reservou palavras especiais e uma pequena história. Ao apresentar Walter Riley, o sax tenor da banda, como seu sobrinho, quis saber se havia acertado dizer esse parentesco em português. Com o sim da plateia, gargalhou descontraído.
Até aí, pelo menos 40 minutos já havia se passado e o blues de verdade pelas mãos e voz do rei finalmente começou com os acordes de "I Need You So", seguida de"Everyday I Have The Blues", numa execução bastante demorada, onde teve destaque um longo solo de bateria. "Key to the Highway" teve uma interpretação lenta e na maior parte do tempo "declamada" com vigorosos solos de Lucille.
Mostrando que estava ali também para brincar, tocou "You Are My Sunshine" na medida para a plateia cantar junto, e dedicado às moças da plateia, também abusando do andamento da canção, pediu acompanhamento de palmas e cantou sussurrado. Em seguida cantou "Rock Me Baby", agora dedicado aos homens, outra com viés bem humorado.
Entre todas as músicas do repertório houve uma longa fala com a plateia, ora querendo saber se estavam cansados, ora se queriam mais. Ouviu-se alguns pedidos, mas King tinha um roteiro a seguir e logo veio “The Thrill is Gone”, recebida com ovação aos primeiros acordes. O show, que crescia de intensidade, finalmente foi chegando ao seu fim, encerrando com “When The Saints Go Marching In”.
B.B. King não fez o tão esperado bis e, ao agradecer, recomendou cuidados na volta para casa, mas atendeu ao público que abandonou as cadeiras e se aglomerou na boca do palco. Ali mesmo ele deu autógrafos e distribuiu, mais uma vez, palhetas à plateia.
Nesta turnê brasileira B.B. King já se apresentou no Rio de Janeiro e em Curitiba e volta novamente neste sábado (6) ao palco do Via Funchal e, no domingo, no Bourbon Street, sempre às 22h.
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