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Público embarca na fantasia do show "Elvis In Concert" no Rio de Janeiro

Show no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, que fecha a turnê "Elvis in Concert" no Brasil (11/10/12) - André Lobo/UOL
Show no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, que fecha a turnê "Elvis in Concert" no Brasil (11/10/12) Imagem: André Lobo/UOL

Alexandre Coelho

Do UOL, no Rio de Janeiro

12/10/2012 02h15

“Elvis não morreu”. Quem nunca ouviu essa frase? Se para muita gente o Rei do Rock continua respirando e andando por aí, para a maioria dos fãs, ele vive através de suas músicas. Foi essa convicção que, 35 anos após a morte do cantor, levou cerca de 12.000 pessoas ao show da turnê Elvis Presley in Concert no Maracanãzinho, no Rio, na noite dessa quinta-feira (11). Antes, o espetáculo passou por Brasília e São Paulo.

A apresentação, marcada para as 21h, começou com 25 minutos de atraso, ao som de “Also Sprach Zarathustra”, clássico de Richard Strauss eternizado no filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick. Em um telão no fundo do palco, imagens de Elvis nos bastidores de um antigo show empolgaram o público, que entrou na onda, como se o ídolo estivesse prestes a pisar o tablado montado no ginásio.

E, ao som de “See See Rider”, a voz do artista – com sua imagem interpretando a canção simultaneamente no telão – “atacou” a primeira música do concerto, devidamente separada do instrumental original, e acompanhada ao vivo por uma super banda.

Se não em 100% da exibição, pelo menos em boa parte dela o público carioca embarcou na fantasia, muitas vezes de pé, cantando e dançando as músicas. Há que se destacar o impecável trabalho do grupo, que mantém impressionante sincronismo com as imagens do ídolo interpretando as músicas no telão.

Curiosamente, a plateia feminina respondia com “gritinhos” a cada jogada de charme de Elvis, como se de fato ele estivesse ali, presente. E, realmente, só faltou ele. Muitas vezes, era inevitável tirar os olhos do telão e procurar o ídolo no palco, como acontece em qualquer show de rock em grandes arenas. Dentro desse clima, não faltaram dois ou três fãs mais profissionais, com costeletas e óculos escuros, nem uma faixa com os dizeres “Welcome to the King of Rock”, esticada na arquibancada.

Apesar da sensação de um misto de cinemão ao ar livre – com milhares de pessoas olhando para um telão – com show ao vivo, o público, muitas vezes, puxou palmas e cantou, espontaneamente, mesmo sem a presença de um “frontman” que o instigasse.

Se, por um lado, uma exibição sem a presença física do astro principal não “decola”, por outro, rende momentos muito legais. Como nas vezes em que o guitarrista James Burton ou o tecladista Glen Hardin, que tocaram com Elvis, apareciam nos dois telões secundários em suas versões jovens, no vídeo ao lado do artista, e ao vivo, simultaneamente. Para ovação da assistência.

O repertório do “Rei”, por sua vez, é prato cheio para qualquer fã. “Blue Suede Shoes” arrancou gritinhos histéricos do público feminino. “Love Me Tender” beirou o delírio, quando Elvis iniciou farta distribuição de “selinhos” nas moçoilas da primeira fila (do filme, é claro, o que gerou certa inveja na mulherada carioca presente).

Enquanto a super banda, que inclui naipes de cordas, metais e coros, segurava a onda com competência, a plateia se derretia à interpretação de “Bridge Over Troubled Water”, a ponto de fazer “ownnnn” aos primeiros versos cantados por Elvis. “Suspicious Mind” foi o limite em que, definitivamente, o público não resistiu, se levantou, e dançou de verdade, como num bailão.

Outros pontos altos do espetáculo foram “My Way” e o cântico gospel “Glory Glory Hallelujah”. Nessa última, quem mereceu aplausos entusiasmados foi a banda e, em especial, o coro, pela vibrante interpretação. Já “Can’t Help Falling in Love” fez a alegria dos casais presentes e todo mundo cantou junto.

Depois de uma hora e 45 minutos de show (com direito a meia hora de intervalo), para o advogado Jorge Dupuy, de 67 anos, que, nos anos 60, viu o cantor ao vivo, em Las Vegas, era hora de saborear uma noite inesquecível. “O show foi simplesmente espetacular. O Elvis é o único artista que, mesmo 35 anos depois de morto, lota um ginásio”, observou.

O ingresso para o espetáculo foi presente da filha, a empresária Danielle Dupuy, de 40 anos, que herdou a paixão pelo ídolo. “Foi o melhor show da minha vida, eu chorei o tempo inteiro. Agora posso morrer feliz”, exagerou, como qualquer boa fã.