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Kiss atrasa 2h em Porto Alegre, mas pirotecnia compensa a espera

Kiss se apresenta em Porto Alegre, iniciando sua turnê pelo Brasil (14/11/12) - Flávio Dutra/UOL
Kiss se apresenta em Porto Alegre, iniciando sua turnê pelo Brasil (14/11/12) Imagem: Flávio Dutra/UOL

Alexandre de Santi

Do UOL, em Porto Alegre

15/11/2012 05h08

O exército de seguidores do Kiss teve trabalho para acompanhar o primeiro show da turnê brasileira do grupo norte-americano, realizado na noite de quarta-feira (14), em Porto Alegre. Após 2h de atraso e filas gigantescas, o quarteto maquiado de hard rock ajudou o público de 10.000 pessoas a esquecer as dificuldades abusando de efeitos pirotécnicos. Depois de muitas explosões, papel picado e hits das mais de três décadas da banda, o público saiu incendiado.

Os problemas começaram do lado de fora do ginásio Gigantinho, quando uma única porta foi aberta para o pátio da casa, resultando numa fila com centenas de metros em direção à escuridão do Parque Marinha do Brasil. Às 21h, nos primeiros acordes da banda de abertura, Rosa Tattooada, outros portões foram abertos e houve correria para entrar no ginásio.

Mas o tumulto foi em vão. Embora o Rosa Tattooada tenha empolgado, o público queria mesmo era ver o Kiss, o que só iria acontecer por volta das 23h25, quando a estrutura finalmente ficou pronta. A produção alegou atraso de quatro caminhões que continham pedaços do palco do Kiss. Vindas de Assunção, no Paraguai, última parada da banda antes de Porto Alegre, as carretas tiveram problemas na aduana brasileira. O público ficou impaciente durante a espera e chegou a vaiar a produção quando um locutor pediu mais 30 minutos de paciência aos presentes.

O Kiss, no entanto, fez a espera valer a pena. Para esta turnê, Paul Stanley e Gene Simmons (os dois integrantes remanescentes da formação original, além de gerentes do império comercial que gira em torno do Kiss) junto com Tommy Thayer e Eric Singer trouxeram um cenário recheado de atrações pirotécnicas e telões, sem esquecer clássicos logísticos da banda, como o elevador da bateria. No repertório de 16 músicas (mais duas pausas para solos dos instrumentistas), o quarteto maquiado investiu em sucessos e algumas músicas do novo álbum, “Monster”, lançado no início de outubro.

No universo do Kiss, o rock está a serviço da diversão e, desde a primeira música, o clássico “Detroit Rock City”, os músicos abusam das caretas, das corridas pelo palco e da empolgação para levar o público ao delírio. Logo no início, a pressa para aprontar o palco cobrou o seu preço: os vocais de Stanley estavam baixos e o microfone de Simmons tinha um mau contato que prejudicou a segunda canção, “Shout It Loud”. Mas as explosões, chamas e efeitos visuais no telão distraíram a plateia --uma mistura harmônica de adolescentes e roqueiros de meia idade, num sinal de renovação do público do Kiss. Paul Stanley conversou com os fãs a cada intervalo de música, gritando o nome de Porto Alegre e “Obrigado!” (em português mesmo) sempre que pôde.

No Gigantinho, conhecido pela acústica ineficiente, o barulho das explosões chegava a assustar os presentes, e a banda toda soava muito alta, o que talvez faça parte da cultura de intensidade máxima promovida pelo Kiss. Quando labaredas surgiam na lateral do palco, as chamas esquentavam o ambiente, e o calor atingia até quem estava no fundo do ginásio. Na primeira parte do show, o quarteto apostou em canções da década de 70 e apenas três do novo disco. Destaque para “Otta This World”, a nona faixa do disco, que tem o tempero pop do hard rock dos anos 70 e 80, e para o clássico “I Love It Loud”, cantado pela plateia com toda a energia que o refrão merece.

A banda fez uma espécie de intervalo após a oitava canção, quando o guitarrista Tommy Thayer e o baterista Eric Singer fizeram um longo dueto instrumental. A dupla é competente e fez os fãs esquecerem dos membros originais da banda --o guitarrista Ace Frehley e o baterista Peter Criss. O baixista Gene Simmons aproveitou a parada para executar sua tradicional cusparada de sangue e levar o ginásio à loucura. Antes do bis, Stanley ainda se desculpou por não falar português e declarou amor aos brasileiros. “Eu gostaria de falar a sua língua, mas vocês precisam saber que o nosso coração é de vocês”, disse, em inglês.

Após 1h15, o show foi encerrado com “Black Diamond”, introduzida por Stanley com direito a um trecho de “Stairway To Heaven” (o próprio guitarrista acabou com a brincadeira lembrando que a plateia estava lá para ouvir músicas do Kiss) e finalizada com a bateria de Singer elevada a cinco metros do palco. A banda fez uma pequena pausa para voltar para o bis apoteótico.

A sequência de “Lick It Up” e “I Was Made for Lovin' You” colocou o Gigantinho para pular. Mas, mesmo com quase 40 anos de formação e inúmeros hits capazes de sacudir o público, o Kiss tem uma única música capaz de fazer a plateia esquecer qualquer atraso: o hino “Rock and Roll All Nite”. E a produção não deixou por menos. No início do famoso riff, uma chuva de papel picado explodiu no ginásio, e os fãs ganharam uma imagem para guardar para sempre na memória. Com 1h40 de show, o Kiss deixou o palco após Stanley quebrar uma guitarra e acionar uma última sequência de explosões e efeitos pirotécnicos.

Os paulistas recebem o Kiss no dia 17, no Anhembi, e cariocas recepcionam a "Monster Tour" no dia seguinte, na HSBC Arena.

Veja as músicas que o Kiss tocou em Porto Alegre:

“Detroit Rock City”
“Shout It Out Loud”
“Calling Dr. Love”
“Hell or Hallelujah”
“Wall of Sound”
“Hotter Than Hell”
“I Love It Loud”
“Outta This World”
(Solo de guitarra e bateria)
(Solo de baixo)
“God of Thunder”
“Psycho Circus”
“War Machine”
“Love Gun”
“Black Diamond”

bis
“Lick It Up”
“I Was Made for Lovin' You”
“Rock and Roll All Nite”