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Creed faz, em São Paulo, o melhor show de estádio que não foi em estádio, em 2012

Creed se apresenta no Credicard Hall, em São Paulo (25/11/12) - Foto Rio News
Creed se apresenta no Credicard Hall, em São Paulo (25/11/12) Imagem: Foto Rio News

José Norberto Flesch

Do UOL, em São Paulo

26/11/2012 07h13

Na plateia, um rapaz vestia uma camiseta com a frase "toca Pearl Jam, ladrão". No palco, a banda "larápia" em questão tentava mostrar que, apesar da voz do cantor lembrar a de Eddie Vedder, a semelhança parava ali. Não há como não comparar o Creed com o grupo de Seattle, até mesmo pela confusão que alguns fãs fazem com certas canções do quarteto da Flórida, que lembram demais a sonoridade do Pearl Jam. Mas, ao menos ao vivo, é este o único grande ponto negativo --se é que se pode chamar assim-- da música do Creed. 

Na noite deste domingo (25), para um Credicard Hall lotado em São Paulo, o vocalista Scott Stapp continuou lembrando Vedder em canções como "Torn" e "With Arms Wide Open", mas também ajudou os colegas a mostrar que a banda poderia segurar fácil um show em um lugar maior. Nesse sentido, Stapp é a força-motriz. Atiça o público a entoar sozinho estrofes inteiras, como fez em "My Sacrifice", ou chama a plateia para cantar junto com ele, como em "What's This Life For".

A base de apoio para o cantor é poderosa. Mark Tremonti é um ótimo guitarrista, que, além de cuidar dos arranjos do grupo, sabe dar doses de peso para que o Creed, em determinados momentos, se assemelhe bastante a uma banda de heavy metal. Ao mesmo tempo, é um músico preciso na dosagem de virtuosismo. É contido nos solos, mas os faz com extrema habilidade. Também sabe jogar para a plateia. Na entrada para o bis, transformou em música o "olê, olê, olê, olê, Creed, Creed" (pronunciado "cri-dê, cri-dê", para rimar) que os fãs cantavam desde o início da apresentação. 


Ao vivo, a banda atua com uma segunda guitarra, que entra para dar ainda mais peso ao trabalho de Tremonti. Com 15 minutos de atraso, todos os músicos surgiram vestidos de preto, em um palco com apenas algumas luzes como cenário. No exterior, o grupo andou fazendo shows em que tocou, na íntegra, seus dois primeiros discos. Em São Paulo, não foi tão diferente. Das 17 músicas do set list, 13 foram do primeiro e do segundo álbum, e apenas uma, "A Thousand Faces", saiu do quarto e mais recente trabalho, "Full Circle", de 2009.

O clima de "show de arena" teve o ápice em "My Own Prison", com casais se beijando e meninas subindo nos ombros de rapazes. O excesso de baladas incomoda um pouco, mas o público não pareceu se importar muito. Após 1h48 de apresentação, a impressão é que o Creed fez, neste ano, em São Paulo, o melhor show de estádio que não foi em estádio.

O Creed se apresenta nesta segunda-feira em Porto Alegre, e no dia 1º de dezembro em Belo Horizonte.