Topo

Com fãs em cima do palco, Biohazard faz show curto e agressivo em SP

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

16/03/2013 07h00

A banda norte-americana Biohazard retornou ao Brasil pela primeira vez depois da saída do baixista e fundador Evan Seinfeld para apresentar um agressivo show com menos de 70 minutos na casa Via Marquês, em São Paulo, nesta sexta-feira (15). A abertura ficou por conta das bandas Project 46 e Worst, esta última mais um projeto do baterista Fernando Schaefer, que integrou bandas como Pavilhão 9, Paura e Rodox.

Marcada inicialmente para as 23h30, a apresentação só começou à 0h32, com os guitarristas Billy Graziadei e Bobby Hambel invadindo o palco com pulos ao lado do baterista Danny Schuler e do baixista Scott Roberts para mandar de cara a faixa mais famosa da banda: "Shades of Grey", do álbum "Urban Discipline" (1992).

O início da apresentação foi marcado por uma falta de sintonia entre os seguranças do local e os integrantes da banda, acostumados com os ambientes caóticos de shows de hardcore, quase sempre com "rodas" e pessoas pulando do palco ("mosh").

Demonstrando insatisfação com a interferência, Graziadei tentou expulsar os seguranças, pois eles impediam que os fãs subissem para cantar ao lado do ídolo ou para simplesmente se jogar de volta. "Família, família", dizia o guitarrista em português, apontando para a plateia. A atitude arrancou aplausos do público, que não parava de cumprimentar o frontman a cada oportunidade.

BIOHAZARD TOCA "PUNISHMENT" NO PROGRAMA "AGORA É TARDE"

A raiva e energia da banda condizem com a mística do hardcore de Nova York, cidade onde o Biohazard nasceu e cresceu ao lado de outros ícones do estilo como Agnostic Front, Sick of it All e Cro-Mags. Identificado com a cena, o grupo ganhou notoriedade durante a década de 1990 por conseguir mesclar o peso das músicas com elementos do hip hop e do metal. Nas letras, críticas à sociedade, a valorização da união e companheirismo e lições para enfrentar as dificuldades da vida.

EVAN SEINFELD

Ethan Miller / Getty Images
Fundador e principal rosto do Biohazard desde 1988, o baixista e vocalista Evan Seinfeld sempre pareceu querer algo a mais do que a banda.

Atualmente no posto de cantor do grupo de metal Attika7, Seinfeld já atuou como ator no seriado "Oz", transmitido no Brasil pela HBO, e desde 2004 grava vídeos pornôs sob o pseudônimo de Spyder Jonez.

Foi casado durante cinco anos com a atriz Tera Patrick e mantém uma produtora de filmes eróticos ao lado da ex-mulher até hoje.

O set competente reuniu músicas de diferentes épocas da banda como as pesadas "Five Blocks to the Subway", "Come Alive" e "Wrong Side of the Tracks" com faixas mais novas como "Vengeance is Mine" -- presente em "Reborn to Defiance", álbum mais recente da banda, lançado em 2011.

Outro bom momento da apresentação foi a cover de "We're Only Gonna Die", clássico da fase mais antiga do Bad Religion, banda de punk rock cultuada e com várias passagens pelo Brasil. A faixa também está no álbum "Urban Discipline", o mais aclamado do Biohazard.

Durante a apresentação, os guitarristas não admitiam que as rodas ficassem paradas e interromperam duas músicas para "acordar" o público mais à frente do palco, já cansado de tanto pular e bater cabeça. Graziadei chegou a provocar os presentes com a já batida referência aos roqueiros argentinos, que dividem a fama com os brasileiros como frequentadores mais fanáticos em shows de rock.

Com um perfil mais discreto, Scott Roberts cumpriu bom papel ao substituir Evan Seinfeld (veja box ao lado), que deixou o Biohazard em 2011.

Houve ainda tempo para Graziadei dividir a plateia entre corintianos, palmeirenses e são-paulinos no intervalo de uma das músicas e cantar "parabéns a você" para a filha brasileira Isabela.

O grupo encerrou a rápida e meteórica passagem por São Paulo com as músicas "Punishment" e "Hold My Own", com o corpulento Graziadei sendo erguido pelos fãs na plateia e prometendo retornar com o grupo ainda em maio deste ano.

Os dois guitarristas permaneceram ao lado de fãs ávidos por fotos e tapinhas nas costas muito tempo depois do show, reforçando o autêntico ambiente de cumplicidade entre ídolos e fãs, pouco comum a outros estilos de rock.