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De Dama Xoc a Aeroanta, Studio SP é só uma lágrima na saudosa lista de casas de shows que fecharam

José Norberto Flesch

Do UOL, em São Paulo

04/05/2013 08h11

A comoção em torno do fechamento do Studio SP, na quinta-feira (2), remete a outras casas de shows de São Paulo tão ou mais importantes que também encerraram suas atividades e deixaram saudades.

Foi ali mesmo na rua Augusta, alguns quarteirões mais para baixo de onde era o Studio SP, que tudo começou, quando, em setembro de 1985, surgiu, em uma tenda para 3.500 pessoas armada na esquina com a rua Caio Prado, o Projeto SP. Aberto  com um show do baixista de jazz Stanley Clarke, deixou claro que a cidade estava pronta para receber mais shows nacionais e internacionais.

Em novembro de 1987, o endereço mudou para a Barra Funda e teve a capacidade aumentada para 10 mil pessoas. Todo mundo que era importante na música nacional ou gringa da época tocava lá, no Anhembi ou no ginásio do Ibirapuera. Mas o Projeto tinha programação mais diversificada. Recebeu, por exemplo, um show do mesmo Stanley Clarke ao lado dos ex-The Police Andy Summers e Stewart Copeland.

Foi também palco para as primeiras apresentações na cidade de Iggy Pop e Jethro Tull, entre inúmeros outros. Com isso, o Projeto SP foi duas vezes pioneiro. Primeiro por abrir a rua Augusta para apresentações de artistas gringos, depois por fazer o mesmo com a Barra Funda, bairro onde, 20 anos depois, se instalaria o Clash Club.

Hoje, a região concentra três dos principais espaços para apresentações ao vivo da capital: Espaço das Américas, A Seringueira e Via Marquês. Este último funciona ao lado de onde foi a Broadway, balada "bombada" nos anos 1980 e 1990, que vez ou outra colocava algum artista gringo como atração extra.

Além de uma piscina, a Broadway tinha uma pista de skate freqüentada por, entre outros, Chorão, ex-vocalista do Charlie Brown, Jr.  

Mais antigo era o Palace, inaugurado em Moema, em 1980, que, a partir da segunda metade daquela década passou a receber shows históricos, como os de James Brown e a série de apresentações do extinto Free Jazz Festival. Mais tarde, a casa mudou de nome várias vezes.

No início dos anos 1990 funcionavam na cidade três casas que já não existem mais, mas hoje ajudam a alimentar a memória afetiva de quem viu grandes shows na capital.

Pelo palco do Olympia, na Lapa, passaram David Bowie, Marilyn Manson e Ramones, entre outros. O Ramones também marcou - desta vez de forma negativa - a história do Dama Xoc, em Pinheiros, quando, em maio de 1991, durante uma apresentação na casa, um rapaz morreu. Nem por isso o lugar perdeu sua importância na história. Basta lembrar do disco ao vivo que o Barão Vermelho gravou no lugar, ainda em 1989, ou do show acústico que o Legião Urbana fez lá, um ano antes.

Mas nada em Pinheiros foi mais marcante do que o Aeroanta, que teve filial em Curitiba. Ficaram famosas as longas filas para se entrar em uma das casas mais badaladas da cidade. Era até "cool" convidar alguém para ir para a "fila do Aero". Tudo para ver, no palco do lugar, jams notórias; a explosão em São Paulo de movimentos como o rec beat; e shows como os de Cazuza, com direção de Ney Matogrosso; ou Marisa Monte e Ed Motta. Até a cultuada banda punk inglesa Buzzcocks tocou lá, quando veio ao Brasil pela primeira vez. A casa era tão badalada que não era incomum cruzar lá dentro com alguém como Nick Cave ou algum outro gringo famoso em visita ao país.

Cada uma teve lá seu motivo para fechar, mas o Studio SP é a terceira casa para shows que encerra as atividades recentemente na capital paulista por conta da especulação imobiliária. O Citibank Hall, último nome que o Palace teve, baixou definitivamente suas cortinas no começo do ano passado.

No início de 2013 quem parou foi o Via Funchal, talvez o mais importante espaço para shows nacionais e internacionais na cidade nos últimos dez anos. Bob Dylan, Coldplay, B.B. King e um número imenso de astros importantes da música tocaram onde em breve será erguido mais um prédio.