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Com vestidos espalhafatosos, Diana Ross dá mais peso a seus clássicos em show em SP

Patrícia Colombo

Do UOL, em São Paulo

26/06/2013 05h40

São poucas as cantoras que podem se deliciar com o sucesso duradouro no mundo da música. Diana Ross pode --ou você acha que cem milhões de discos vendidos ao longo da carreira é conquista fácil? E se existe artista viva que represente muito bem o termo "diva" (tanto em talento quanto com relação à personalidade difícil de lidar), também pode ser ela.

A cantora norte-americana com mais de cinco décadas de trajetória artística realizou o primeiro show da atual turnê pelo Brasil na noite desta terça-feira (25) em São Paulo, no Espaço das Américas. Com gestos leves, voz doce e afinadíssima, e repertório coeso e cheio de clássicos, a apresentação teve 1h20 de duração. 

Acompanhada por uma grande e competente banda --três vocalistas de apoio, bateria, percussão, guitarra, baixo, piano, sax barítono, sax, trompete e trombone--, Diana Ross subiu ao palco pontualmente às 22h para a introdução do hit "I’m Coming Out", que integra seu álbum de maior sucesso em carreira solo, "Diana" (1980). Ela apareceu como uma dama de vermelho em um brilhante, volumoso e nada discreto vestido.

Seus exageros nos figurinos de shows são tão característicos que se tornaram, ao longo dos anos, parte indissociável à persona de Diana Ross. No final das contas, a cafonice vira diversão em cima dos palcos e cada saída da cantora em direção ao backstage gera expectativa sobre como será o próximo figurino (e foram cinco vestidos espalhafatosos ao longo da noite).

A segunda canção foi "More Today Than Yesterday", seguida por hits de seu antigo trio, The Supremes. "Where Did Our Love Go", "Baby Love", "Stop! In the Name of Love" (com direito à famosa coreografia junto aos backing vocals) e "You Can’t Hurry Love" tiveram a aprovação do público.

Vale destacar a escolha inteligente e respeitosa de Ross ao executar cada faixa por completo, em vez de optar por um preguiçoso medley --mesmo porque uma reunião das Supremes é algo impreciso (em parte devido aos intermináveis conflitos entre Diana e sua ex-companheira de grupo, Mary Wilson; além da morte de Florence Ballard, também da formação original, em 1976).

Com um repertório que transita pelo R&B, soul, disco music, funk e até dance music, as faixas ganharam mais peso e suingue ao vivo com o acompanhamento da banda, e era possível perceber o interesse de alguns presentes em levantar de suas mesas para aproveitar melhor as canções que décadas atrás embalaram pistas de dança. Foi o caso em "The Boss", "Upside Down", "Love Child", "Take me Higher" e "Love Hangover".

O setlist contou também com as mais lentas "Don’t Explain" (clássico de Billie Holiday), "Why Do Fools Fall in Love", "Theme From Mahogany (Do You Know Where You're Going To)". O final teve a versão de Ross para "Ain't No Mountain High Enough" (de Marvin Gaye e Tammi Terrell) e outro clássico da disco, "I Will Survive", eternizada por Gloria Gaynor.

No aniversário de quatro anos da morte de Michael Jackson, grande amigo da cantora, quem esperava por uma homenagem acabou chupando o dedo. O máximo que Diana fez foi cantar "Ease on Down the Road", que gravou em parceria a Jackson nos anos 1970 para a versão cinematográfica do musical da Broadway "O Mágico Inesquecível" --nenhuma novidade nisso, já que a canção integra os shows dela há algum tempo. "Estou muito feliz por estar aqui", disse Diana ao final da apresentação. "Sinto uma energia muito boa e obrigada por me receberem tão bem. Amo vocês", declarou.

A cantora se apresenta novamente na capital paulista nesta quarta (26), no Rio de Janeiro no sábado (29) e em Curitiba na próxima terça (2).