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Testemunha diz que polícia está perto de esclarecer morte de MC Daleste

MC Daleste foi morto em Campinas - Reprodução/Facebook
MC Daleste foi morto em Campinas Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em Campinas

25/07/2013 11h14

“Eu acredito que a polícia está muito perto de esclarecer o crime”, disse ao UOL nesta quinta-feira (25) Rogério Rodrigues de Oliveira, produtor que contratou o show que resultou na morte do funkeiro Daniel Pellegrine, o MC Daleste, no bairro San Martin, em Campinas (a 93 km de São Paulo). O funkeiro foi atingido por dois tiros – um de raspão – na noite do dia 6 de julho, enquanto fazia um show surpresa em uma quermesse do bairro.

Oliveira foi chamado pela segunda vez na quarta-feira pelo delegado Rui Pegolo, do Setor de Homicídios, que investiga o caso, para falar sobre o socorro prestado a Daleste até o Hospital Municipal de Paulínia e para fazer o reconhecimento de cinco pessoas – três homens e duas mulheres - por meio de fotografias.

“Eu não reconheci ninguém, mas fiquei 40 minutos conversando com o delegado, e pela conversa, percebi que ele já tem um foco, mas não pode falar para não atrapalhar as investigações”, afirmou.

Oliveira também revelou que contratou o MC para um show em uma casa noturna de Sumaré (a 121 km de São Paulo), no dia anterior ao crime e que o delegado solicitou imagens gravadas naquele dia por causa de uma briga entre um casal.

"No dia anterior ao crime, no outro show do Daleste, houve uma briga de um casal no camarote e a polícia quer saber o motivo dessa briga, se existe alguma ligação”, explicou o produtor.

Oliveira também contou que, segundo o delegado, a polícia tem recebido cerca de 200 ligações por dia com denúncias sobre o caso e que algumas delas dão a mesma versão. “Por isso que eu tenho certeza de que ele está muito perto de esclarecer”. 

Entretanto, o delegado continua afirmando que ainda não há suspeitos do crime. “O caso é muito complexo, estamos fazendo trabalho de formiguinha. Já ouvi mais de 20 pessoas, mas ainda não tenho uma linha de investigação. Nada está descartado e as diligências até o local e depoimentos vão continuar enquanto for preciso”, disse. O delegado também reiterou que aguarda os laudos do Instituto de Criminalística (IC).

Na última quinta-feira (18), uma reprodução simulada realizada pelo IC no local do crime, mostrou que o assassino do MC disparou as duas balas que atingiram o funkeiro de um mesmo ponto, entre 30 e 40 metros de distância do palco. Os tiros saíram de uma área ao lado de uma casa em construção, próxima de um matagal, por onde o criminoso deve ter fugido.

Na ocasião, a perita Ana Cláudia Diez descartou a possibilidade de um segundo atirador, apesar de a simulação não conseguir identificar a arma usada no crime. O laudo divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) constatou que o cantor morreu de anemia aguda. O primeiro tiro atingiu o cantor de raspão, na axila, mas o segundo feriu três órgãos: estômago, fígado e pulmão. 

Não se pode precisar a arma usada, porque não foi encontrado nenhum projétil. A bala que atingiu MC Daleste atravessou ainda um tapume no fundo do palco. "Mas acreditamos que tenha sido usada uma pistola. O que temos certeza é que o autor sabia atirar bem", disse o delegado.

"Meu irmão era da paz"
O funkeiro foi enterrado por volta de 9h40 do dia 8 de julho, no cemitério da Vila Formosa, na região leste de São Paulo. Centenas de fãs acompanharam o enterro cantando músicas do artista.

"Meu irmão não tinha inimigos, ele era da paz. Não consigo imaginar quem possa ter feito isso com ele. Quero justiça. O criminoso tem que ser preso", afirmou ao UOL. Rodrigo Pellegrine, 26 anos, irmão e parceiro musical de Daleste. Rodrigo estava no palco no momento em que o MC foi baleado.

Daleste, que começou a carreira no bairro da Penha, em São Paulo, fazia parte do grupo de funkeiros que canta "funk ostentação" ou "funk paulista", em que temas de preocupação social dão lugar a letras sobre dinheiro, marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres. O funkeiro cantava os hits "Gosto Mais do que Lasanha" e "Mais Amor Menos Recalque", esse último já foi reproduzido mais de 1 milhão e 600 mil vezes no YouTube. Em outra canção, "Apologia", o MC escreveu "Matar os policia é a nossa meta / Fala pra nois quem é o poder / Mente criminosa coração bandido / Sou fruto de guerras e rebeliões".