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Naldo, Luan e Claudia Leitte apostam em DVD ao vivo como nova forma de negócio

Thays Almendra

Do UOL, em São Paulo

20/08/2013 10h48

Deixando de lado gravações em estúdio que duram dias e noites, a aposta de grande parte dos cantores brasileiros que estão nas paradas de sucesso é o DVD ao vivo. Embora não seja uma ideia nova, Naldo, Luan Santana, Fernando e Sorocaba, Claudia Leitte, Daniel e Thaeme e Thiago viram como alternativa --tanto para chamar público aos shows quanto para substituir a baixa venda de CDs-- investir em gravações acompanhadas por coros, gritos, palmas e pedidos de "mais um, mais um".

Lançamentos

Naldo
Gravação: Julho 2013
Lançamento: novembro 2013
Claudia Leitte
Gravação: agosto 2013
Lançamento: previsto para fim de 2013
Luan Santana
Gravação: julho 2013
Lançamento: novembro 2013
Fernando e Sorocaba
Gravação: agosto 2013
Lançamento: previsto para fim de 2013
Daniel
Gravação: abril 2013
Lançamento: setembro 2013
Thaeme e Thiago
Gravação: setembro 2013
Lançamento: sem data prevista

“Fazer um DVD ao vivo tem um contexto maior e grandioso. Para quem vai adquirir o trabalho, a questão da imagem prende muito mais a atenção do que em um CD normal”, explicou o sertanejo Daniel, que acredita ter mais garantia de vendas com essa aposta.

O cantor conta que o DVD “Daniel – 30 anos” é um “superinvestimento para sua carreira”. A gravação, que aconteceu em abril, é um musical composto por atores dos espetáculos "Rei Leão", "HairSpray", "Priscila: A Rainha do Deserto" e uma equipe de mais de 300 pessoas. Para ele, o “CD tem se enfraquecido e o DVD influencia muito à ida aos shows”.

Produzindo o novo CD do Jota Quest, o produtor paulistano Adriano Cintra --ex-músico da banda Cansei de Ser Sexy e atual baixista do Madrid-- acredita que essa “nova forma de negócio” em cima de DVDs é reflexo do "quão perdida está a indústria musical". "O CD não vende mais, então apostam nesse tipo de produto", disse.

Para ele, a internet fez com que os CDs tivessem baixa nas vendas. Cintra explica que os artistas não sabem ainda como reverter essa situação e o valor de um CD para DVD tem pouca diferença, algo que faz o último vender mais. Para se ter uma ideia, o CD “Sunset” de Michel Teló custa somente R$10 a menos que o DVD ao vivo.

Altos investimentos em superproduções
Os altos investimentos em superproduções para gravação de DVDs ao vivo pipocam na classe artística: desde Luan Santana que gastou aproximadamente R$ 3,5 milhões para registrar seu show na Fazenda Maeda, em Itu (SP), até Naldo que chegou a R$ 4 milhões e mobilizou 600 pessoas para trabalhar no material rodado em São Paulo. "Fazer um trabalho assim é uma forma de aproximar fã do show do artista preferido, diferentemente do CD", justificou Luan ao UOL.

Com infraestrutura que pode ser comparada a shows da cantora Katy Perry, Luan usou fogos de artifício, bandeiras, chuvas de papéis e tecidos picados, balões em formatos de coração que coloriram o céu ao pôr do sol e helicóptero que fazia imagens aéreas do espetáculo.

Claudia Leitte, por exemplo, chegou a anunciar a contratação do cineasta Fernando Meirelles para dirigir a gravação de seu DVD "Axemusic", no Recife. De acordo com a revista "IstoÉ", o diretor negou o convite e o trabalho foi dirigida por Tamis Lustre, também da Agência O2, produtora de Meirelles.

Abusando dos efeitos especiais, a cantora se apresentou em um palco que media 660 m² e trazia 256 m² de led, seis elevadores, dez ambientes e 28 projeções diferentes. O DVD “Axemusic” teve projeto desenhado com câmeras capazes de filmar em três dimensões e toda a captação e edição terão qualidade de cinema.

Para Fernando e Sorocaba, a aposta na superprodução é uma tentativa de levar o show até os fãs que não puderam estar lá. "A gravação é um registro que os nossos fãs podem acessar a qualquer hora, e assistir onde quiserem. E é ao vivo porque queremos levar a energia do nosso show para todas as pessoas que vão ver o DVD", disse Sorocaba. A apresentação da dupla para o registro de "Sinta Essa Experiência" contou com painéis de LED que se movimentavam a cada música com imagens em 3D e truques de ilusionismo.

Mas a aproximação do fã com o artista por meio do DVD ao vivo vai além das fronteiras para o cantor Naldo, que adotou estrategicamente o sobrenome Benny. "A gravação foi para mostrar no exterior quem é Naldo. A minha carreira internacional já existe e este DVD faz parte um projeto ainda maior lá para fora", disse ele, acrescentando que a manobra "não depende de números ou investimentos". A produção em 3D de 4h30 - gravada no início de julho, no CredCard Hall, em São Paulo - custou R$ 4 milhões e mobilizou 600 pessoas.