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"Para contar nossa história, teríamos de fazer uns 6 filmes", diz Aerosmith

Do UOL, no Rio

17/10/2013 15h42

Em turnê pelo Brasil e com um documentário com cenas de shows em cartaz, a banda Aerosmith não descarta ter sua história contada em uma cinebiografia, mas garante que um filme seria pouco para relatar os mais de 40 anos de estrada.

“Para contar a história da banda, teríamos de fazer uns seis filmes. Já existe um documentário sobre a banda, mas é muita história pra contar”, disse o guitarrista Joe Perry, durante entrevista coletiva no Copacabana Palace, na zona sul do Rio de Janeiro.  

Sem o baixista Tom Hamilton, que deixou a turnê para cuidar da saúde, Perry, Steven Tyler, Brad Whitford e Joey Kramer falaram à imprensa nesta quinta-feira (17). Muito simpáticos – especialmente Tyler, que parou para tirar fotos com os jornalistas depois da conversa –, elogiaram o público sul-americano e falaram sobre a turnê “Global Warming Tour”, que já passou por Curitiba e segue nesta sexta para Rio de Janeiro, no domingo em São Paulo (no festival Monsters of Rock) e na quarta-feira da outra semana em Brasília.

Com atraso de quase uma hora, Tyler começou a coletiva explicando a ausência de Hamilton, lembrando que o músico participou dos três primeiros shows na América Latina – na Costa Rica, Venezuela e Uruguai –, mas que desde a Argentina é substituído por David Hull, baixista da banda paralela de Joe Perry (a Joe Perry Project). 

"David é um velho amigo da banda, tocamos juntos há muitos anos e ele é um excelente músico, então ele faz tudo ficar mais fácil pra nós", declarou Whitford.

Sobre os shows no Brasil – esta é a quinta vez que a banda vem ao país –, disse que são sempre "apaixonantes". "Não só aqui. Em toda a América do Sul, os fãs são quentes, apaixonados", disse Tyler. "O público [sul-americano] puxa coros espontaneamente, isso nos inspira a fazer shows melhores", completou Perry.

Depois de tantos anos de carreira, a banda não pensa em parar, mas não tem planos para o próximo disco. "Eu vejo nosso futuro como foi o nosso passado, muito bom. Nós podemos gravar ou não gravar mais discos, mas o certo é que vamos estar tocando e fazendo o nosso melhor", disse Tyler. "É exatamente isso, para a gente é um show de cada vez e um disco de cada vez. Nós pensamos desse jeito", completou Perry.

Questionados sobre quais artistas da atualidade mais gostam, Perry desconversou e disse que "há muita gente fazendo um bom trabalho", enquanto Tyler destacou o trabalho do duo Daft Punk.

Documentário "Rock for the Rising Sun"

Exibido em 14 salas de cinema nesta quinta-feira, o documentário "Aerosmith: Rock For The Rising Sun" traz imagens da turnê japonesa que a banda fez em 2011 - no total, são sete shows no país. O material faz parte do arquivo pessoal da banda.
 
O Aerosmith foi ao Japão há dois anos, pouco depois do tsunami que devastou parte da costa do país e causou um acidente nuclear na usina de Fukushima. 
 
Na coletiva, a banda comparou a empolgação dos fãs japoneses com a dos sul-americanos. "O público japonês também é apaixonado, mas é mais contido. Fica prestando atenção na letra e explode depois", disse Steven Tyler.
 
 
 
Nova turnê

A turnê "Global Warming Tour" marca a estreia do Aerosmith em países como Nova Zelândia e Filipinas. "Nós somos garotos ocupados", brincou o baterista Joey Kramer em entrevista ao UOL, por telefone, quando comentou sobre o fato de a volta ao mundo do grupo englobar dessa vez cidades inéditas da Ásia, Oceania e do continente norte-americano.

"Turnê é o que nos dá mais prazer. Nem sei se as pessoas ainda ficam excitadas com nossos shows, mas a gente está em um ponto em que se diverte mais do que nunca", disse ele.

A trajetória de 43 anos da banda indica tempos menos alegres do que sugere Kramer, já que os "bad boys de Boston" lidaram com abuso de drogas, brigas entre o vocalista Steven Tyler e Joe Perry, e um período obscuro no início da década de 1980, quando o Aerosmith só foi resgatado após a parceria com os rappers do Run D.M.C. em "Walk This Way".

Kramer diz que não consegue entender como os músicos  conseguem ainda se manter juntos, especialmente depois da farra de drogas no final da primeira década de existência da banda, mas disse que a principal virtude do grupo é a capacidade de deixar "as besteiras" fora do palco. "Acho que todo mundo se dá conta do que o que temos é mágico. Não tem nada para nos impedir".

O baterista também vê com bons olhos a transparência da banda, mais sincera que outros grandes nomes do rock ao tornar público os conflitos internos com mais frequência. "Não tem razão para não ser honesto quando algo rola dentro da banda. Eu acho que os fãs pedem uma explicação".