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Dave Matthews e Incubus resistem ao tempo em festival em SP

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

08/12/2013 07h43

Os norte-americanos do Dave Matthews Band e do Incubus encerraram o festival Summer Break Festival, que aconteceu neste sábado (7) no Campo de Marte, em São Paulo, e chega ao Rio de Janeiro no domingo (8) no Citibank Hall, mostrando que ainda possuem relevância e fãs fieis no Brasil, mesmo longe dos tempos áureos de sucesso.

Ambas as bandas tiveram seus dias de glória e clipes cativos na MTV. Cada qual com sua fusão de gêneros, foram grupos que formaram um público no limite do alternativo com o mainstream na década de 90.

Agora, em 2013, as mesmas bandas voltam ao Brasil sem estar no topo, mas afinados e relevantes musicalmente, e com fãs de até 24 anos (raro achar alguém mais novo) que continuam fiéis -- tanto quanto as platéias conterrâneas.

O Dave Matthews Band fez o público, que quase lotou o Campo de Marte, com capacidade para 30 mil pessoas, cantar canções já consagradas da carreira, como “The Space Between” e “What Would You Say”, e novos registros do ultimo disco, “Away From The World” (2012), como “If Only” e “Rooftop”.

Com passinhos e violão sempre a tiracolo, o carismático vocalista (e líder do grupo) Dave Matthews apresentou, três anos após sua ultima passagem pelo Brasil, seu som que flerta tanto com a world music quanto com o rock folk alternativo, sem nunca definir um gênero especifico. Com metais e violino, a banda estendeu o bis como em uma jam e foi bastante aplaudida durante quase duas horas e meia de show. Dave devolveu em português, ainda no começo, a recepção calorosa que recebeu: “Obrigado. Como vai?” E brincou com o sotaque (ele nasceu em Johannesburgo, na África do Sul, e depois se mudou para a Vírgínia, no sul dos Estados Unidos). “Se vocês não me entendem quando falo inglês, tudo bem, quem fala inglês também não me entende”.

Com público relativamente maior, o Incubus subiu ao palco com setlist  que guardava algumas semelhanças com o show que fez em 2010, no extinto festival SWU, mas carregando nas costas a segunda pausa na carreira e o disco mais recente, “If Not Now, When?” (2011).

No entanto, se as canções conhecidas -- de “Quicksand” e “Megalomaniac”, que abriram a apresentação, a “Wish You Were Here” e “Drive” -- e a empolgação das mulheres com o vocalista-galã Brandon Boyd continuem as mesmas, a banda voltou amadurecida, com a mesma mistura de hip-hop com rock e metal experimental, que ajudou no sucesso, mas com levada cada vez mais alternativa. Teve até releituras e menções a “Hello”, de Lionel Richie, e “I Want You (She's so Heavy)”, dos Beatles, que elevou a distorção na ultima canção, “Sick Sad Little World”.

O paulista Fernando Lima, 34, cantou as mais antigas da banda, e explicou a razão de ainda ser fã. “O som é bem alternativo, mas sempre se renova. Continua atual mesmo tendo se passado muito tempo”, explicou.

Reggae e homenagens
A organização do festival utilizou o gramado que havia ficado escondido do público pelos estandes e camarotes no Planeta Terra, há cerca de um mês, abrindo um espaço considerável no local. Caixas e bares deram conta do recado com filas medianas. Um problema técnico atrasou o show do Incubus em meia hora, o que fez com que o festival terminasse depois do horário programado.

O baixo d'O Rappa, que mal se ouvia, fez com a banda tentasse começar o show por duas vezes. “Uma das coisas que eu mais gosto é ouvir seu baixo. Enquanto não der para te ouvir, não dá para começar o show”, alfinetou o vocalista Falcão ao abraçar o baixista Lauro. Na terceira tentativa, o baixo pulsante chamou “Lado B Lado A”.

Falcão pediu um minuto de palmas ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que morreu na última quinta-feira (relembrando sua luta contra o apartheid). “Direitos iguais e liberdade, salve Mandela”, disse, após a banda tocar “Mar de Gente”.

Baixista e vocalista do Charlie Brown Jr., Champignon e Chorão, mortos neste ano, foram lembrados com a cover “Zóio de Lula”. “Não adianta, a gente nunca vai esquecer aqueles dois vagabundos filhos da p***”, disse Falcão, cedendo o microfone ao ex-segurança de Chorão, que recitou a letra de uma das músicas da banda santista.

Mesmo com o clima nublado que pairava sobre o Campo de Marte -- uma garoa fina foi o máximo que se viu -- o público, que já enchia a pista, vibrou com os hits, como “O Que Sobrou do Céu”, e canções do novo disco, “Nunca Tem Fim”, como “Anjos”.

A banda ainda contou com a participação de Jacob Hemphill, vocalista do Soja (sigla para Soldiers of Jah Army), banda que havia, antes, segurado a empolgação do público e aproveitado o sol quente.

O grupo estadunidense de reggae fez uma apresentação dançante com peso de duas guitarras e refrões contagiantes. A essa altura, a plateia se servia de uma mangueira de bombeiro que jogava água para aplacar o calor.

O festival começou às 13h com a banda ganhadora do concurso do festival, Temos Vagas, e seguiu com os paulistas do Nem Liminha Ouviu.