Aspirantes a MCs fazem de "rolezinho" encontro de fãs e palco para show
Desde que os rolezinhos tomaram conta dos noticiários do país, alguns personagens vêm se destacando em meio às polêmicas e análises socioculturais. Com sonho de se tornarem MCs famosos, garotos entre 16 e 19 anos encabeçam eventos nas redes sociais com o intuito de promover o funk, reunir fãs e fazer dos shoppings o palco de seus shows.
"O meu rolezinho começou antes de tudo isso [polêmicas]. Foi um encontro de fãs no ano passado no shopping Ibirapuera, que reuniu cerca de 60 meninas de todos os cantos de São Paulo", explicou ao UOL Juan Carlos Silvestre, de 16 anos, que mora no Campo Belo, zona sul da cidade. Segundo ele, as "juanáticas" --como são chamadas as fãs, que são mais de 50 mil somente no Facebook-- foram ao seu encontro para vê-lo dançar funk no shopping Metrô Itaquera, onde aconteceu um dos rolezinhos mais emblemáticos no último dia 11.
Ganhei duas cartas, um ursinho e um perfume
"Ganhei duas cartas, um ursinho e um perfume", lembrou o garoto com entusiasmo. No entanto, em meio à confusão, uma fã de Diadema (SP) não conseguiu encontrá-lo. "Ia chegar para falar com ele, o tumulto começou, veio o arrastão, o povo correndo e eu fiquei com medo e fui embora", lamentou Sarah Oliveira, de 15 anos.
"Não é porque é meu filho, mas ele é lindo e faz muito sucesso", disse a mãe de Juan, Cintia Silvestre, ao UOL. Surfando na onda dos rolezinhos, ela acredita que agora é o momento do filho seguir a tão desejada carreira de funkeiro. "Ele quer estourar este ano. Ele e os amigos já têm cinco músicas. Estavam parados porque não tinham produtor nem estúdio", disse ela, enfatizando que os vídeos de seu filho no YouTube têm mais de 60 mil visualizações.
"Queremos ser os Backstreet Boys do funk. Vamos fazer o que as meninas gostam", disse o parceiro de Juan, Mateus Bernardo. Os garotos sonham em formar um grupo de MCs e se inspiram em MC Daleste, MC Guimê, MC Pequeno e Menor e também em MC Kapela --que segue a nova vertente do ritmo Don Juan Cafajeste.
"Sou responsável por uma expressão de um movimento"
MC Novinho ZL, de camiseta manga longa preta, no rolezinho no shopping Metrô Tatuapé
O sonho do morador de 19 anos do bairro Sapopemba, zona leste de São Paulo, MC Doug Kamikaze é outro. O garoto, que é funkeiro desde os 16 anos e faz mais de oito shows por mês, também organizou eventos do rolezinho no shopping Aricanduva e disse ser responsável por uma "expressão de um movimento".
Baile funk no shopping
O rolezinho realizado no shopping Metrô Tatuapé tentou dar continuidade ao ato realizado no dia 11, no shopping Metrô Itaquera. MC Novinho ZL, nome artístico de Kaique Vicente Oliveira, de 16 anos, e seus colegas cantavam funk (entre as músicas, algumas de MC Daleste, morto a tiros em julho do ano passado) e faziam passos andando pelo local, seguidos por alguns seguranças. Mesmo com pouca participação, o rolezinho de MC Novinho ZL foi classificado como "um grande baile funk" pelos seus colegas.
"Estou tentando uma aliança com a prefeitura. Vou fazer um abaixo-assinado com todos os colegas para termos um centro de convivência na zona leste", disse ele, que, atualmente, usa os shoppings para mostrar seu trabalho e "trocar ideias sobre assuntos da atualidade".
"Já estou cantando nos shoppings. Um pede uma música, uma rima e vamos interagindo", contou ele, que tem duas músicas de trabalho "Ela é Demais 2" e "Nadando no Dinheiro". O clipe da primeira tem mais de 30 mil visualizações no YouTube.
Amigo de MC Daleste e fã de MC Guimê, Doug disse que curte o funk ostentação e explica que seus clipes "ajudam àqueles que não têm carros de marca, correntes, a imaginar o que eles gostariam de ter". "A ostentação é a vontade de ter algo e as músicas instigam esse sonho", explicou ele, que afirma não ser consumista.
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