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Chilenos se derretem por Arcade Fire, mas estranham Casablancas no Lolla

Do UOL, em São Paulo

31/03/2014 10h48

Com um público maior do que nas edições anteriores, o Lollapalooza Chile 2014 aconteceu neste final de semana (29 e 30), no Parque O'Higgins, em Santiago. O festival reuniu 120 mil espectadores em dois dias e a imprensa local consagrou o Arcade Fire com o melhor show, uma prévia do que os brasileiros podem esperar da apresentação que acontece nos dias 5 e 6 de abril no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Julian Casablancas, por outro lado, foi vaiado pelo atraso de 1h para entrar em cena e pelo som ruim.

As impressões sobre o show foi estampada em blogs, sites locais e nas redes sociais. "Arcade Fire é o melhor show da história do Lollapalooza Chile. E um dos melhores da minha vida", escreveu no Twitter o jornalista Manuel Maira, do portal "24horas".

Lá, os chilenos não tiveram o problema que os espectadores do Brasil terão em decidir entre o show dos canadenses e a apresentação do New Order. O primeiro tocou antes dos veteranos e satisfizeram o público. "Arcade Fire me deixou tão satisfeito que resolvi pular o New Order", disse um espectador no Twitter.

Mesmo com o show baseado no recente disco "Reflektor", o Arcade Fire não deixou de fora as músicas do primeiro trabalho, "Funeral" (2004), como "Neighborhood #3 (Power Out)", "Neighborhood #1 (Tunnels)" e "Rebellion (Lies)". Segundo a agência EFE, a banda "colocou os fãs no bolso na noite de domingo com um show espetacular, som impecável e transbordando simpatia".

Com uma pessoa encapuzada, vestida com um traje coberto de espelhos e que dançava em frente ao palco, o show "surpreendeu os milhares de espectadores que escutavam pela primeira vez ao vivo a banda". "A empatia com o público e o senso de espetáculo os deixaram um patamar acima dos outros shows que passaram pelos palcos do Lollapalooza", relatou a agência.

Segundo os jornais locais, as bandas Capital Cities, Vampire Weekend e Imagine Dragons também foram festejadas pelo público. O jornal "La Tercera" disse que o show do Capital teve até princípio de tumulto e que a gritaria (em maior parte feminina) dominou a apresentação do Imagine Dragons.

Estranhos e calados
Para o "24horas", o Vampire Weekend aliviou o público após um show "estranho" de Julian Casablancas, que "apresentou um desempenho longe do esperado". O "La Nacion" afirmou que o público ficou distante do palco por conta do som saturado, que impedia do público ouvir a voz do vocalista do Strokes. "É decepcionante que um artista do seu calibre fique tão à deriva em um show ao vivo", escreveu o blog "Potq".

Para o jornal, uma das surpresas foi o show de Jake Bugg, que não conversou com o público. Com o Pixies foi a mesma coisa. O show, repleto de canções novas do disco "Indie Cindy", que reúne os três últimos EPs da banda, foi elogiado, mas o grupo saiu silencioso, sem ao menos dizer "boa noite, Santigao", relata a publicação.

Milagres e a "nova Björk"
Quem saiu espantada com o número de fãs na América do Sul foi a neozelandesa Lorde, que chegou a ser comparada com a islandesa Björk. "Um show poderoso e com exibição teatral, Lorde, às vezes lembrando a grande Björk, mas com uma energia jovem adequada e inesgotável", relatou o "24horas". Segundo o portal, 8.000 pessoas estiveram na apresentação da cantora.

O blog "Rocknvivo" afirmou que Johnny Marr fez uma apresentação milagrosa --o ex-guitarrista do Smiths quebrou a mão semanas antes da apresentação no Chile. Com músicas do disco solo "The Messenger" (2013), Marr recebeu o calor da plateia e fez todo o Parque O'Higgins cantar "There’s a Light That Never Goes Out", sucesso da antiga banda. "Vocês são muito gentis! Muito obrigado, do fundo do meu coração", disse Marr.

O "Rocknvivo" ainda destacou a apresentação dos brasileiros da Nação Zumbi, que fazem o intercâmbio de bandas na edição deste ano. Para o blog, o show agradou com o ritmo manguebeat, "que mistura maracatu, rock, hip-hop e música eletrônica".

"Camisas de lenhadores"
A mídia chilena deu bastante destaque ao show do Soundgarden, que fechou o festival no domingo (30). O jornal "Publimetro" recordou que os fãs esperaram 20 anos para assistir a banda dos anos 90. O público apareceu em peso com "camisas de lenhadores", as características camisas de flanela usadas pelos grunges na década de 1990.