Fã desafia, e One Direction samba em seu 1º show no Brasil

Mesmo com a fama que os ingleses têm de serem pontuais, foi com 30 minutos de atraso que a boyband britânica One Direction deu início à sua primeira apresentação no Brasil, na noite desta quinta-feira (8), no Parque dos Atletas, zona oeste do Rio. O espetáculo começou às 20h45 e reuniu um público de 40 mil pessoas, segundo a organização do evento.

Em sua primeira vinda à América do Sul, na turnê "Where We Are", o quinteto começou o show atrasado em razão da greve que paralisou mais de 70% da frota de ônibus na cidade. A banda formada por Niall Horan, Zayn Malik, Liam Payne, Harry Styles e Louis Tomlinson, que foi revelada há quatro anos no reality show britânico "The X Factor" e se tornou um fenômeno mundial, abriu a apresentação com a agitada "Midnight Memories", para delírio geral da plateia, formada por crianças e adolescentes, que tomou conta do Parque dos Atletas, local que abriga a Cidade do Rock. 

"Que lindo país vocês são! Em quatro anos, nunca tivemos uma recepção como esta", disse Liam ao pegar de uma fã a bandeira do Brasil. "Amamos o Brasil! Obrigado por estar aqui, Rio de Janeiro. Vocês são demais!", completou Harry, que, descontraído, chegou a abaixar as calças para mostrar uma tatuagem com o nome do país em sua coxa esquerda.

"Vocês são um público muito especial. Nunca vamos nos esquecer", emendou Liam antes de cantar a balada "Moments".

Durante o show, que durou uma hora e 40 minutos, foram exibidos no telão vídeos de fãs fazendo pedidos e perguntas à banda. O primeiro foi o de uma brasileira perguntando se os integrantes sabiam sambar. Em resposta, todos prontamente se esforçaram para dançar e rebolar, especialmente Liam, que vestia uma calça jeans, blusa branca e um boné. A plateia enlouqueceu.

O repertório não trouxe nenhuma novidade em relação aos shows anteriores da turnê. Nele, estavam hits como "What Makes You Beautiful", "Live While We're Young" e "Story of My Life".

Directioners

Beatriz Goudani, 12 anos, se considera uma verdadeira directioner. E isso, para ela, significa “ter amor incondicional” pela banda. “Eu gostava de algumas bandas que não eram nada demais, e, há três anos, eles apareceram na minha vida quando vi aquele clipe deles da praia. Comecei a me interessar pela música e, depois, vi o quanto eles eram bonitinhos", diz a adolescente, referindo-se ao vídeo da música "What Makes You Beautiful". Natural de de Nova Friburgo (RJ) e estudante do 7º ano, para Beatriz, não poderia faltar no show a sua canção predileta: “Best Song Ever”. E foi justamente esta que fechou o espetáculo.

“Não podem faltar os sorrisos e eles dizerem: eu te amo Brasil”, brincou a jovem. Beatriz, que foi ao show em um grupo de 28 amigas, se produziu para a ocasião. Elas inclusive mandaram fazer um uniforme, que incluía blusa preta na qual se lia "1D", em dourado, e uma coroa de flores na cabeça. “Quando o show começar, a gente vai gritar muito”, riu.

Já Gabriela Azevedo, 12, garantiu que era o show da sua vida. “Já fui ao show da Demi Lovato e ao do Justin Biber, que nem se comparam a esse aqui. Uma loucura.”

Sua amiga, Isabella Gripp, disse que esperava pelo grupo havia mais de três anos. “Os olhos do Niall são azuizinhos como a água, são perfeitos. Eu acompanho o grupo desde a época do 'X-factor'”, disse.

Apesar de a maioria do público ser de meninas, alguns rapazes podiam ser avistados no meio da legião de fãs. O carioca Jordan Torres, 18, garantiu não ter preconceito e disse que curte as músicas de 1D. “Meu estilo favorito é pop. Vim com meus amigos, sei cantar quase todas as músicas, mas não sou o tipo de fã histérico, não sou fanático. Eles têm essa coisa jovem, as letras das músicas deixam você feliz e dá para dançar”, garantiu ao comentar que curte ouvir “Rock Me” e “Midnight Memories”.

A pequena Ana Laura Sokoloski, 10, veio acompanhada pelos pais que se despencaram de Curitiba para tornar realidade o sonho da filha. “A gente acompanha sempre e vem junto a todos os shows que ela quiser. É super saudável. Temos que curtir né, o quarto da Laura é todinho de 1D, cabine, almofada, edredom tudo. Já fomos dessa fase um dia. Na minha época era Menudo”, riu a mãe Andrea.

A família chegou ao Rio ao meio-dia desta quinta e já estavam desde as 17h no Parque dos Atletas.

“O que está sendo legal para mim é que eu estava no primeiro Rock in Rio em 1985 e estou retornando agora com minha filha de 10 anos no mesmo lugar. Está sendo emocionante”, admitiu o pai Eduardo.

Fãs insatisfeitos
Mesmo assim, nem todos os fãs saíram satisfeitos. Marcela Rodrigues, 14, veio de Brasília e chegou antes dos portões se abrirem às 15h.

Tudo para conseguir o melhor lugar na arquibancada. No entanto, teve que deixar o tão cobiçado lugar pois os vigias alertaram para a falta de segurança da arquibancada. “Eu estava lá na frente na arquibancada perto do palco e os seguranças falaram que a arquibancada perto da pista

Premium estava com risco de cair e que tínhamos que ir para a pista. Estava perfeito o lugar, dava para ver o palco, mas a arquibancada balançava muito”, disse ao UOL a adolescente ainda abalada, pois teve que assistir o show da pista nos fundos.

Mesmo assim, valeu a pena, garantiu. “Eles são minha vida, participaram de muita coisa da minha vida. As letras e a maneira com que eles falam me trazem conforto”, disse aos prantos.

Show para a família
No meio do show duas mães se destacavam no meio da garotada. Janilce Tomaz, 45, levou suas duas filhas adolescentes e Helena Novis, 47, pulava e cantava todas as letras.

“Essas músicas instigam a maturidade do adolescente que ainda não está acostumado a apaixonar-se. Eu sei todas as músicas, é o dia inteiro tocando no carro”, riu.

Já Helena tem uma filha de três anos que não trouxe ao show. “Eu nem falei para ela que viria. Já tivemos nossa fase de bandas, desde Titãs,

Elton John, Simple Red e A-Ha”, lembrou. As amigas mães disseram que compraram os ingressos há mais de um ano. “Nós varamos a madrugada para comprar”.

Em sua primeira turnê sul-americana, o One Direction já passou por Colômbia, Peru, Chile, Argentina e Uruguai. Os ingressos de quase todas as apresentações se esgotaram em julho do ano passado.

Caos no trânsito Antes do show, em pleno horário de pico do início da noite, o acesso ao Parque dos Atletas foi dificultado pela greve dos motoristas de ônibus, que deixou menos de um terço da frota de coletivos circulando pelas ruas da cidade. O trânsito caótico em vias de acesso à zona oeste do Rio, como a avenida Niemeyer, a autoestrada Lagoa-Barra e avenida Ayrton Senna fez parte do público recorrer a caronas e táxis. Para abrir caminho no congestionamento, a comitiva da banda rumo ao show teve o apoio de batedores. Com o trânsito intenso, o tempo de viagem da zona sul da cidade até o local do show chegava a ultrapassar duas horas. Anteriormente agendada para a Praça da Apoteose, a apresentação foi transferida para o Parque dos Atletas devido às obras que vêm sendo realizadas no centro do Rio. Para conseguir o melhor lugar possível, algumas fãs chegaram a acampar na entrada do parque ainda em março.