Topo

Filho de Renato Russo abre ao UOL as portas do apartamento do pai no Rio

Henrique Porto

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/05/2014 05h00

Corria o ano de 1975. Diagnosticado com epifisiólise (uma doença que desgasta os ossos e as cartilagens, e provoca o descolamento do fêmur em relação ao quadril), Renato Manfredini Júnior, então com 15 anos, viu-se imobilizado sobre uma cama. Passaria um período de sofrida recuperação pelos 24 meses seguintes, dos quais se utilizaria para criação da "42nd Street Band".

Manuscrita em inglês, em páginas de cadernos escolares, a história conta a trajetória da fictícia banda de rock liderada pelo baixista e vocalista Eric Russell, espécie de alterego do futuro cantor do Legião Urbana. Agora, quase 40 anos depois, o público em geral está próximo de conhecer mais essa obra de Renato Russo, que vai virar livro por intermédio do filho do músico, Giuliano Manfredini.

"O que mais me impressiona na narrativa é a riqueza de detalhes com a qual meu pai descreve o universo próprio de cada integrante e as idiossincrasias da indústria musical", diz ao UOL Giuliano, que prevê a publicação de "42nd Street Band" (ainda um título provisório) para o final de 2015 ou o início de 2016. Nas páginas amareladas, porém muito bem conservadas, é quase possível afirmar a obsessão do autor pelos seus personagens, entre desenhos, letras de músicas e organogramas com as diferentes formações do grupo de faz-de-conta.

12.mai.2014 - Filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, no quarto que foi do pai, no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro - André Lobo/UOL - André Lobo/UOL
Filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, no quarto que foi do pai
Imagem: André Lobo/UOL

Giuliano abriu, com exclusividade ao UOL, as portas do apartamento na Rua Nascimento e Silva, no bairro de Ipanema, no Rio, onde Renato morou entre 1990 e 1996 (ano de sua morte). O local foi transformado no quartel-general de uma empreitada ambiciosa: uma exposição itinerante com tudo o que há de mais significativo relacionado ao compositor de "Geração Coca-Cola".

O próprio imóvel parece um museu em si, já que permaneceu fechado e praticamente intacto por quase 20 anos. Está tudo do jeito que Renato deixou: seus discos de vinil, CDs, livros, móveis, esculturas, quadros, desenhos, fotos, discos de ouro e platina, porta-retratos, registro de nascimento, cadernos de estudos, roupas e até três espingardas, que decoram uma das paredes da sala.

Segundo Giuliano, o projeto de transformar o acervo em exposição itinerante será feito em parceria com o MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo e deve ficar pronto para rodar o país em 2016. Ele diz que equipes do museu têm ido ao Rio para analisar como se dará o processo de preservação e catalogação de todos os objetos.

Além da exposição, o filho de Renato Russo quer lançar ainda um DVD do show gravado em 1994, no ex-Metropolitan (hoje Citibank Hall), no Rio de Janeiro, que teve o áudio transformado no CD "Como É Que Se Diz Eu Te Amo (Plateia Livre)"; um longa-metragem inspirado na letra da canção "Eduardo e Mônica"; um documentário abrangendo as vidas artística e pessoal do pai; e um instituto para dar suporte a dependentes químicos e seus familiares.