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Em busca do equilíbrio, Criolo lança single e se diz feliz por estar vivo

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

29/10/2014 15h44

Aos 39 anos, Criolo é um sujeito que prima pela gratidão. Dá graças ao rap, por ter lhe ensinado tudo na música, aos fãs, que abarrotam e dão ares messiânicos a suas apresentações, à chance de ter virado parceiro de ícones da MPB, como Milton Nascimento, Caetano e Tom Zé, e, principalmente, por estar vivo, em plena atividade.

“Segundo os noticiários do final da década de 1980, início da década de 1990, eu, um jovem que nasci onde nasci, com os pais que tinha, não passaria dos 13, por subnutrição, ou dos 17, por violência urbana. Isso para termos um pouco de poesia, para não falarmos de outra forma”, afirma o músico, que recebeu a reportagem do UOL no escritório de seu selo, Oloko Records, em uma pacata casa na Vila Ipojuca, bairro da zona oeste de São Paulo.

Voz da renovação do rap, Criolo lança nesta quarta (29) a primeira faixa de seu novo álbum, a incisiva “Convoque Seu Buda”. Tal como insinua na música, ele vive uma espécie de momento “zen”, de busca constante pelo equilíbrio e pela comunhão de forças positivas. É essa a mensagem otimista por trás da faixa. Mas experimente dizer isso a Criolo.

“Isso aí é vocês que vão avaliar. A gente nunca sabe. Às vezes uma coisa que eu acredito que seja de um jeito você vai ouvir e enxergar de outro. Mas a ideia é de que todos nós temos uma força interna para gerar coisas boas”, entende o mestre das rinhas de MCs e das relativizações.

Gravado logo após a Copa do Mundo, o terceiro álbum do rapper dará continuidade às ideias do predecessor, “Nó na Orelha” (2011), que expandiu as fronteiras do gênero e fez da antibalada “Não Existe Amor em SP” um hino contemporâneo. Os parceiros Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral (“sem eles, o disco não existiria”) estão novamente no comando da mesa de som –e também dos ensinamentos de vida.

A responsabilidade de repetir o êxito do passado é algo que simplesmente não pesa nos ombros do músico. “É natural”, como costuma frisar sobre quase tudo. Com maior participação dos músicos no processo de composição, revela ele, o novo trabalho cederá espaço às rimas, ao reggae, ao samba, ao afrobeat e a tudo mais que caiba em seu intrincado –e por vezes indecifrável– fluxo de consciência.

Estar frente a frente com a esfinge Criolo é um grande desafio cognitivo. Alguém que parece musicar a realidade até na hora de comentar sobre o tempo ou sobre si. “É muito louco. Porque cria-se a expectativa de que eu fale ‘como eu estou bem’ hoje. Mas, de dez anos para cá, o número de pessoas falando que eu sou extremamente estranho, errado, maluco, e tanta coisa que eu jamais imaginei de que eu seria taxado, aumentou. Então deixe que elas digam.”

Leia os principais trechos da entrevista.

UOL - Quem é o seu Buda de “Convoque Seu Buda”? Por que convocá-lo?

Criolo - É uma paz interior. Procurar o equilíbrio, algo positivo dentro de você. Porque, se a gente for deixar se levar por tudo que está acontecendo todos os dias,  só vai fortalecer as coisas negativas. A gente vai perder totalmente a esperança na humanidade.

A música ou o novo disco, então, vêm com uma mensagem otimista?

Não sei. Isso aí é vocês que vão avaliar. A gente nunca sabe. Às vezes uma coisa que eu acredito que seja de um jeito você vai ouvir e exergar de outro. Mas a ideia é de que todos nós temos uma força interna para gerar coisas boas.

O disco tem um conceito ou foi composto de forma natural?

Foi tudo natural. Mas acredito que o que contribui para ter uma unidade é a genialidade do Marcelo Cabral e do Daniel Ganjaman. Sem esses dois amigos, certeza absoluta de que não existiria esse disco.

Que tipo de contribuição eles dão?

Cresço muito como pessoa. A gente fica mais tempo com eles na estrada e com os músicos todos do que com a família. São bons amigos, me dão bons conselhos. E mostram onde eu posso melhorar. O que eu estou errando. O que eu estou devendo. O que posso melhorar no trabalho. No dia a dia. Além dessa contribuição de uma amizade sincera, a contribuição do modo como eles enxergam a música. Eles têm olhos muito diferentes.

Quais são as principais diferenças entre “Convoque Seu Buda” e o “Nó na Orelha”?

É justamente ter a felicidade de uma maior participação dos músicos. Além de ter o Marcelo e Daniel capitaneando a direção musical e norteando o lance, a gente teve um momento muito feliz de juntar a banda toda em estúdio e levantar coisas do zero. Todos juntos. Isso para mim foi muito importante. Principal lance desse disco.

E em termos de sonoridade, quais são as diferenças?

É difícil eu te falar isso. Mas houve a oportunidade de ter o sotaque do guitarrista, do Guilherme Held, que é maravilhoso. A oportunidade de ter o [percussionista] Maurício Badé tendo liberdade maior de atuação. O [saxofonista] Thiago França gentilmente participou dessa turma e concebeu arranjos maravilhosos. Sérgio Machado livre, livre com sua bateria. Tem mais temperos ali desses gênios. Desses caras que eu considero tanto.

A música “Convoque Seu Buda” tem uma letra direta, fala de “humilhação demais que não cabe nesse refrão”. Foi uma preocupação falar assim nesse momento, em tempos de eleições?

Acontece naturalmente. A construção de texto se dá de modo natural. Às vezes vem dessa forma, direta. Às vezes vem com algum trocadilho. Ou com alguma coisa que você lembrou que sua mãe falou, alguma coisa que você escutou não sei onde. E, quando você vai ver, são um conjunto de coisas que estavam na sua cabeça e que saiu de outro jeito.

Além de se tornar cada vez mais eclético musicalmente, você vem fazendo parcerias com grandes nomes da música brasileira. Caetano, Ney, Milton, Tom Zé. O Criolo está se tornando “MPB”?

Deixo as pessoas à vontade para dar sua opinião. Acho que isso é o mais maravilhoso que existe. [Ser chamado de MPB] Não incomoda, imagina. É maravilhoso.

Você se formou no universo no rap de São Paulo, mas também ouvia MPB? Caetano, por exemplo?

O que todo o mundo escutava. O que tocava no rádio. O que era tema de novela. Nada, infelizmente, falo isso com pesar, de ter alguém que tivesse chegado em você e te dado dois, três discos de um cara. Ou te indicar. Ou te dar a fita cassete --na época, era a fita cassete. A gente não tinha essa felicidade, que muita gente tem. Hoje você conversa com um jovem, ou alguém da nossa idade, chegando aos 40. Ele sabe te falar o nome do álbum, o nome do baixista, do cara que produziu. E acho isso lindo. Um trabalho de pesquisa, mas que é natural. Já vem da cultura de uma pessoa. A gente escutava o que o rádio AM pegava. E mesmo assim não tinha muito tempo, porque tinha que fazer o carreto na feira, ou tinha que ajudar o pai não sei onde. Tinha que varrer a casa porque a mãe estava chegando do trabalho. Senão ela ficava louca. São rotinas diferentes para cada tipo de criança de cada lugar do Brasil.

Você acabou de fazer uma turnê com o Milton Nascimento. O que você aprendeu com ele?

Olha que honra! A convite dele. Uma tour com Milton Nascimento. Um orixá (pausa). O que aprendi dele, logo de cara, é o quanto o ser humano pode ser solidário. A forma como ele deixa que as pessoas se aproximem dele. Onde já se viu? Eu, que nunca estudei música, que não sei tocar um instrumento, que desafino mil vezes num show de uma hora e meia, ter a honra de ser convidado por Milton Nascimento para tocar com ele? É ter a generosidade de perceber que as histórias também se encontram. E que música é também para celebrar encontros e passar essas histórias para frente. Possibilidades para frente.

Ney, Tom e Caetano também te passaram esse tipo de mensagem?

Cada um passa de um jeito. Mas isso também. E não só essa generosidade. A genialidade, a simplicidade deles. O modo como eles enxergam o mundo, como cada um conduziu sua vida. Uma vida de trabalho.

Como foi ver o Milton passando mal ali do seu lado, em um show em São Paulo, que precisou ser interrompido?

Eu me senti triste, né? Em 50 anos de carreira dele isso nunca tinha acontecido. Eu estava ali do lado do mestre, vendo aquele senhor do mundo pedir uma pausa. Você respira fundo, procura ali naquela hora ver a melhor forma de não atrapalhar, já que tinha toda uma equipe cuidando dele do modo mais carinhoso possível.

Felizmente foi apenas um susto.

Ele está maravilhoso. Retomamos [a turnê] de um jeito lindo. Fomos ao Rio de Janeiro, depois viemos aqui para São Paulo, em dois dias. Foi muito maravilhoso. Você vê um homem daquele, com a idade que tem, por tudo que já passou na vida, abrir um sorriso e ficar olhando na agenda a data que ele tem para cantar, que a felicidade dele é estar no palco. É maravilhoso, uma lição de vida para todos nós.

O Milton é meu amigão. Ao mesmo tempo que é tudo isso, é meu colega, a quem eu dou um bom dia, boa tarde, boa noite, a gente conversa de alguma coisa. A gente celebra essa felicidade. Não só ele, mas Caetano também. É sempre uma festa quando encontro com Ney. São pessoas muito simples.

Você abriu o show do Stevie Wonder no ano passado, em São Paulo, e era impressionante ver sua entrega no palco. Em alguns momentos, parecia um transe, uma catarse.

Porque, cara, passei por umas coisas na vida muito… (pausa). Enfim. Todos os brasileiros têm uma história para contar. Isso não nos faz melhores nem piores do que ninguém. Nossa realidade vigente, na nação. Mas, cara, quando eu subo no palco, passa muita coisa na cabeça. Eu tenho 39 anos de idade agora. Segundo os noticiários do final da década de 1980, início da década de 1990, eu, um jovem que nasci onde nasci, com os pais que tinha, não passaria dos 13, por subnutrição, ou dos 17, por violência urbana. Isso para termos um pouco de poesia, para não falarmos de outra forma.

Chegar aos 39 anos de idade, poder subir em um palco, ser convidado para cantar sobretudo em um evento tão grande, com um grande mestre, maravilhoso, que tive a oportunidade de conhecer. Então emociona muito. Você tem que fazer valer o esforço de todas as pessoas que lhe estenderam a mão.

Quando foi lançado, o “Nó na Orelha” (2011), seu segundo disco, o primeiro a fazer grande sucesso, você já tinha 35 anos. Chegar a um auge artístico com essa idade trouxe alguma vantagem?

Não sei, porque talvez minha cabeça poderia estar melhor quando eu tinha 20. Não teria tanto contato com frustração e seria um jovem cheio de esperança. Teria escrito outras coisas, agido de outra forma. Teria dado outras cores à minha vida. Nunca dá para saber.

Em entrevista ao UOL em agosto você disse que precisava aprender a se comunicar melhor. Você tem pensado nisso?

Não. Foi só um papo que eu tive na época e que me veio em mente. Todas as vezes que as pessoas citam situações para determinados lances, eu falo essa real, né? Acho que todo o mundo tem que aprender a se comunicar melhor. Ou não. Ou todo o mundo tem que entender o outro como ele é. Já seria um bom caminho. Porque senão a gente vai ficar se cobrando sempre por uma questão do outro. O que é se comunicar melhor? Às vezes ficando em silêncio você acaba escolhido na dinâmica pra vaga na firma, né? Aquele que ficou em silêncio é o misterioso, incógnita, não deu bola fora. Vai da cara de quem está te avaliando. Porque, se formos pensar que, a todo segundo, você está sendo avaliado, aí fica meio triste o lance.

Tem gente que fala que você tem um papo meio maluco, né? Tem algo a dizer a essas pessoas?

Nada. Opinião delas. Só de saber que eu existo no cotidiano delas por cinco minutos a ponto de ela fazer uma análise sobre o meu psicológico é uma grande honra. Normal quem é?

Sua cabeça está melhor hoje?

Não sei, cara, como vou saber? É muito louco. Porque cria-se a expectativa de que eu fale “como eu estou bem” hoje. Mas, de dez anos para cá, o número de pessoas falando que eu sou extremamente estranho, errado, maluco, e tanta coisa que eu jamais imaginei de que eu seria taxado, aumentou. Então deixe que elas digam.

Bem, não sei quanto a mim, mas, pelo menos sobre você, as pessoas falam muito mais bem do que mal, não acha?

É uma grande honra. Agora, o que acontece com você acontece com alguém no mundo. O que acontece comigo acontece com alguém também. De repente, algo que para você é piada, para aquele seu irmão não é. Depende de como você está se enxergando. Porque todo o mundo acha que está tudo bem quando é para meter o pau em alguém. E não tem água, né? Você pode falar de todas as questões do planeta aqui comigo. Mas, se acabar a água, do que vai adiantar esse desdobramento mental?

Você é religioso?

Não sei lhe responder isso. Porque religião é um conjunto de leis e de normas de determinadas coisas. Mesmo dando a ideia de ser redundante. Uma vez eu perguntei para minha mãe: “mãe, qual é sua religião?”. Ela falou: “eu gosto de gente”. Eu procuro ser parecido com minha mãe, apesar de estar longe de ser. Procuro ser um pouco de dona Vilani e seu Cleon [nomes dos pais dele]. É porque esperança pode ser o produto mais caro do mercado. Porque faz com que a pessoa ainda tenha algum pingo de respiração. E, nisso, no decorrer da sua vida, ela vai consumir os produtos não duráveis. Mas esperança pode ser algo que vai tirar o garoto de um ambiente extremamente hostil, seja ele urbano ou mental, e essa esperança pode mover esse jovem para que ele procure um lugar melhor para se viver. Crie um ambiente melhor para se viver.

Você tem planos para continuar lançando discos ou mesmo parar?

Eu não penso nisso, não, cara. Eu lembro que uma das primeiras perguntas que me fizeram quando saiu o “Nó na Orelha”, no dia que saiu, foi “como vai ser o próximo disco?”. Como é que faz? Eu não sei.

Mas você quer continuar, não?

A gente não tem que querer, cara. Isso é uma parada muito louca de a gente absorver. A gente não tem que querer. Você sabe no papel da certidão de nascimento seu dia de nascimento. Mas ninguém falou o dia que expira a sua matéria nesta passagem pela vida. Então a gente pode viver devaneios, pode viver um querer. A gente pode experimentar para ter ao redor da gente um bom ambiente. Aquilo que nos faz feliz. Mas a gente não sabe, né?

Como é sua vida fora dos palcos e estúdios? A gente sabe muito pouco sobre ela.

Minha rotina é estar perto da minha família. É difícil eu falar assim para você: “pô, vou fazer uma viagem”. É muito louco isso porque a gente nunca teve essa felicidade, essa oportunidade de fazer uma viagem, mesmo que seja de fim de semana. Ali pertinho, em um cantinho. A vida sempre foi meio dura pra gente. São culturas, né? Minha vida é muito simples. Gosto de ficar em casa. Gosto muito de encontrar com meu amigo Ricardo Rabelo, com o Nenê Partideiro, o Jefferson Santiago, Rogério Borges. Eles fazem um samba muito refinado lá na 27, e eu tenho alguns sambas também. Eles tiram aquele samba no cavaquinho, e a gente passa a tarde legal. Ficamos conversando sobre a vida, sobre as coisas. Vida muito simples. Um amigo ou outro me visita. Ou eu vou visitar alguém.  

A gente viveu nos últimos meses um momento de muito acirramento político, com as eleições. País dividido. Militantes de PT e PSDB brigando na rua. O Brasil precisa encontrar o equilíbrio e convocar seu Buda?

Eu vejo o quanto é bonito as pessoas acreditarem naquilo que elas acreditam. Eu concordando ou não. Porque é um problema meu eu concordar ou não. E eu devo respeitar a pessoa com sua concepção. Eu acho extremamente importante as pessoas se manifestarem. E depois contarem essa história para os filhos. Daqui a cinco anos, o cara pensar se faria diferente. Isso faz parte do crescimento humano. Da sua mente. De como você enxerga o mundo.

Mas você se identificou mais com algum candidato nas eleições? Dilma, Aécio?

Difícil te responder isso e extremamente simples também. É que, se você quiser desbravar o deserto, você tem que saber como é o deserto minimamente. Ou não, ou apenas ir, saber como é o deserto. Aí,  quando você voltar desse deserto, se você voltar, você vai perceber que existem muitas coisas por lá e todas essas coisas são você. Agora, como a gente consegue transportar essa linha de pensamento para uma condição de como se enxerga a política hoje? Estamos em um deserto? É tudo coisa da nossa cabeça? Da cabeça de alguém que colocou na nossa cabeça, nas cabeças dos nossos pais? Onde eu estou nisso tudo?

O Brasil mudou muito desde 2004, quando você começou a fazer o álbum…

(Interrompendo) O que você acha que mudou?

O Brasil cresceu. As pessoas têm mais renda, mais oportunidades, mais chance de ascender socialmente. Você não pensa sobre isso?

A gente sempre pensa, né?

E acha que a vida está melhor?

Acho que não. Mas não é um “não” com peso, aplaudindo por ser uma resposta negativa. Mas é você saber reparar a proporção das coisas, de 2004 para 2014. Tudo aumentou em proporção. Não significa que essa melhora tenha atingido na proporção no quanto tudo aumentou.

Sua formação foi toda calcada no rap. Qual é a importância desse gênero hoje para você?

Tudo. O rap não só no momento da escrita. Mas o cara do bailinho, que me deu oportunidade de subir no palco e cantar na Associação de Moradores do Jardim Macaná, que foi a primeira vez que subi no palco para cantar um rap. Eu ia cantar no Ester Garcia, num bailinho de colégio, e o cara falou: “olha, o microfone você liga desse jeito”. Você vê uma mesa de som, o cara mexendo no grave e no agudo. Tentando tirar uma microfonia de uma caixa de som que foi emprestada. Então não é só o texto. É a solidariedade. O suor de cada dia para conseguir uma oportunidade para cantar num bailinho de formatura no colégio. Então isso também faz parte do ensinamento.

Você está com mais público agora. O que esperar da nova turnê?

Não dá para saber, não, cara. Só na hora. Uma vez o Arthur Verocai lançou o disco dele, em 72, e ninguém gostou do disco. E foram descobrir o disco dele em 2002. E hoje todo o mundo ama o disco. Não dá para saber. É o que eu falo. Nós abrimos nosso coração, cantamos a coisa que está na nossa cabeça, no nosso coração. Mas não está em nossas mãos.