Topo

Funcionários que vazaram vídeo do corpo de Cristiano Araújo são indiciados

Mariane Zendron<br>Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

26/06/2015 09h54

Dois funcionários da Clínica Oeste, em Goiânia, contratada para a preparação do velório do cantor Cristiano Araújo, morto em um acidente de carro na quarta-feira (23), estão sendo indiciados por "vilipêndio ao cadáver". Após a investigação, os funcionários foram demitidos por justa causa. 

Marco Antônio Ramos e Marcia Valeria dos Santos Lousada, funcionários da clínica de tanatopraxia (técnica de conservação de corpos), foram ouvidos na noite de quinta-feira pela Polícia Civil de Goiás, que investigava o vazamento das imagens. Uma terceira pessoa chamada Leandro, amigo de Marcia, pode estar envolvido na divulgação e deve ser ouvido ainda nesta sexta. As informações foram divulgadas ao UOL pelo Dr. Norton Luiz Ferreira, delegado-chefe da comunicação da Polícia Civil de Goías.

Em nota, a Clínica afirmou que "repudia com veemência o ato dos dois funcionários que, de maneira mórbida, gravaram e divulgaram tais imagens" e que "já tomou as providências legais para efetuar as demissões por justa causa". Caso sejam condenados, os acusados podem pegar pena de um a três anos de prisão, previsto no artigo 212 do Código Penal, que podem ser convertidas em penas alternativas, como trabalho comunitário. 

Imagens fortes

As imagens vazadas são fortes e causaram reação nas redes sociais. Em uma foto, o cantor aparece com hematomas no rosto e com o terno escolhido para o sepultamento. Já o vídeo mostra a preparação do corpo e a funcionária narrando: "Vou virar para cá para mostrar", diz, enquanto mexia no corpo do cantor. Em outro momento, a pessoa vira a câmera para o próprio rosto e pede para que outro funcionário dê tchau para a câmera.

26.jun.2015 - A polícia civil de Goiás investiga o caso do vazamento de um vídeo com imagens bem fortes que mostra o corpo do cantor Cristiano Araújo passando por uma sessão de tanatopraxia e sendo preparado para o velório. As imagens, que são bem fortes, também mostram duas pessoas: um homem de máscara, que realiza o procedimento, e uma ajudante mulher, que é quem grava a cena. A Clínica Oeste, local onde o procedimento foi realizado, divulgou nota informando que os funcionários responsáveis pela gravação  foram demitidos por justa causa. A polícia revelou que as pessoas que participaram do ato podem ser condenadas à pena de 1 a 3 anos por vilipêndio a cadáver - Reprodução - Reprodução
26.jun.2015 - As imagens, que são bem fortes, também mostram duas pessoas: um homem de máscara, que realiza o procedimento, e uma ajudante mulher, que é quem grava a cena
Imagem: Reprodução

A filha de um funcionário chegou a postar algumas das imagens em seu perfil no Instagram. "E aí chego em casa e vem meu pai todo chateado com sua cervejinha me contar. Quer ver ele?", dizia a postagem.

A clínica ainda afirmou que tem "como procedimento orientar sua equipe" e que cada funcionário assinou regulamento "que proíbe toda e qualquer etapa do trabalho desenvolvido na empresa seja gravado, fotografado e, principalmente, divulgado". Na página do Facebook da clínica, internautas têm postado mensagens indignadas.

O site oficial da clínica saiu do ar. Procurado pelo UOL, um funcionário chegou a atender o telefone, mas desligou em seguida, e não atendeu mais a reportagem. O escritório que representava o cantor informou que está analisando o caso e qualquer decisão a respeito caberá à família do cantor. 

Hospital investiga vídeo

Um outro vídeo da chegada do corpo de Cristiano Araújo ao Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia) tambem está sendo investigado. As cenas mostram o atendimento restrito à emergência. Em nota, o hospital afirma que "irá instaurar uma investigação para apurar a denúncia e, caso fique comprovado o envolvimento de um de seus colaboradores na produção e divulgação do referido vídeo, será aplicada penalidade condizente com a intolerância a este tipo de conduta".

Ao UOL a assessoria do hospital afirma que tudo indica que as cenas foram gravadas por alguém que o acompanhava, e não pelo corpo clínico. "Também estavam presentes neste momento outros profissionais, que não pertencem aos quadros da instituição", diz a nota.