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Crise? Bandas do Rock in Rio têm até área exclusiva com piscinas

Felipe Branco Cruz<br>Ana Cora Lima

Do UOL, em São Paulo

21/09/2015 12h00

Um painel com dois metros de altura, instalado na entrada dos camarins do Rock in Rio, alerta os artistas que farão os shows na Cidade do Rock: "What happens backstage, stays backstage" (em tradução livre, "o que acontece no backstage, fica no backstage"). E não é para menos. O UOL teve acesso ao local, que conta com espaços para massagens, maquiagem, bar com comida e bebida liberadas, além de vários sofás, poltronas e até duas piscinas. 

Os camarins de luxo foram instalados dentro do antigo prédio da rede médica Sarah, que fica em uma espécie de ilha anexada à Cidade do Rock com acesso apenas por um caminho atrás do Palco Mundo. Neste imenso espaço, foram construídas salas privativas (as maiores têm 6m x 5m), onde os artistas descansam.

Ingrid Berger, responsável pela produção dos camarins do festival, contou que as piscinas eram usadas para a fisioterapia e reabilitação de pacientes do hospital, mas foram decoradas, com velas e flores-de-lótus, para receber os artistas. Segundo ela, apenas os integrantes da banda The Script entraram na piscina até o momento. "Eles chegaram cedo aqui e passaram o dia tomando sol e nadando na piscina", disse. 

Ingrid Berger - Marco Teixeira/UOL - Marco Teixeira/UOL
Ingrid Berger, responsável pelos camarins de todas as edições do Rock in Rio
Imagem: Marco Teixeira/UOL

Enquanto a reportagem esteve no camarim, passaram por lá o cantor Seal assistindo futebol americano no tablet e o baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone, com o filho. "Seal chegou muito cedo, pediu um travesseiro e cobertor para descansar", revelou. "Meu trabalho não é só cuidar do camarim dos artistas. Eu também trabalho no conceito do lugar. Por exemplo, os camarins das bandas de heavy metal são pretos, e o da Katy Perry terá tons em púrpura".

Na noite de sábado, o baixista do Metallica, Roberto Trujillo, conversava com integrantes do Gojira enquanto bebia prosecco. Os dois usaram o espaço para trocar informações sobre instrumentos musicais. 

Desde 2001, a profissional é a responsável pelos camarins de todas as edições do Rock in Rio, tanto no Brasil quanto no exterior. "O Rock in Rio de Madri foi o mais difícil porque os funcionários espanhóis dos camarins paravam de trabalhar às 17h e tiravam algumas horas para fazer a siesta". 

Ingrid também é responsável por providenciar as exigências dos artistas. Na manhã de domingo, parte da equipe dela ficou enchendo 24 bolas de futebol para o cantor Rod Stewart usar no show. "O camarim dele ficou repleto de bolas. Ele é fanático por futebol e joga as bolas para a plateia". Já a banda Faith no More pediu 20 canetas e "muitas toalhas extremamente limpas, macias e que sequem de verdade". 

O Metallica, a atração principal da noite de sábado, pediu uma panqueca especial. "Eles nos deram a receita, feita com clara de ovo, aveia e iogurte", lembrou. "São poucas bandas que exigem coisas absurdas ou dão muito trabalho". Os piores, para ela, foram Amy WinehouseRammstein e o Axl Rose.

"A Amy estava naquele período de recuperação e demorou muito para entrar no palco. Já o Axl queria entrar 40 minutos antes do combinado, mas era impossível porque já tinha outra banda se apresentando. Então ele voltou para o camarim e demorou horas para sair", contou. "O Rammstein, por sua vez, foi um pesadelo. Eles beberam todas. Fizeram uma festa e não queriam ir embora. Ficamos até o dia seguinte aguardando a festa acabar". 

Uma das atrações principais deste domingo, Elton John foi suave nos pedidos. "Ele é muito tranquilo. Pediu para o camarim ser decorado com rosas vermelhas e brancas da Colômbia". Outro artista que surpreendeu foi Chris Martin, do Coldplay. "Ele carregou até a minha bolsa. Um gentleman".