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Daniela Mercury transforma ruas de São Paulo em micareta baiana

Carlos Minuano

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/01/2016 12h15

“Hoje foi um dos dias mais felizes da minha vida”, disse Daniela Mercury na rua da Consolação, para uma multidão incalculável de pessoas, antes de cantar a antológica canção “Sampa”, de Caetano Veloso. A artista pela primeira vez esteve em São Paulo em cima de um trio elétrico. A concentração aconteceu na avenida Faria Lima, zona oeste, às 15h30 de domingo (24), e saiu pontualmente 16h30 em direção a praça Roosevelt, região central.

A reportagem do UOL acompanhou tudo em cima do trio e pelas ruas. Foram horas de muita folia, celebrando o aniversário da cidade e, ao mesmo tempo, esquentando o pré-Carnaval de rua de São Paulo, que lembrou o da Bahia, ou quase.

“Na Bahia a energia é tão boa que não precisa nem de trio elétrico”, disse a baiana Neusa França no meio da festa. Mas ela admitiu que a folia está melhorando por aqui enquanto dançava no meio da multidão. Em cima do trio, junto da mulher, Malu Verçosa, Daniela Mercury, embalou a festa com sucessos conhecidos como “O Canto da Cidade” e "Nobre Vagabundo", entre outros. No chão, a presença do público LGBT era expressiva. “O melhor do Carnaval é essa interação na diferença”, disse Tiago Savada, ao lado do namorado e de uma turma de rapazes.

Comum no Carnaval, também teve homens vestidos de mulher. Mas boa parte afirmou que que se tratava de uma estratégia para se dar bem com o público feminino. Gabriel Cordeiro, 22, de vestido curto, disse que já tinha beijado três garotas, isso antes de chegar na avenida Henrique Schaumann. Mas admitiu que não era só isso. Estava querendo viver um "momento Pepeu Gomes" e disse que o traje trazia outras vantagens. “Estar de saia é mais fresco, ventila mais”, disse ele.

Mas essa pegação não era para todos. Homens reclamavam que faltava mulher. Elas reclamavam que faltavam homens. Parecia que a balada era mesmo da turma LGBT. Aliás, Daniela deu um beijo em sua mulher a pedido do público.

Ainda assim, um casal de garotas disse que a animação estava longe de parecer a do Carnaval da Bahia. “O paulistano não sabe curtir Carnaval de rua, parece festa de faculdade”, reclamou uma das jovens.

Mas a diversidade, típica de São Paulo, marcou a festa. Na avenida Rebouças, antes de anoitecer, o trio elétrico teve um público formado por famílias com crianças. Moradores de todas as idades assistiam de suas janelas e também na rua. Sem grandes problemas, o trio elétrico avançou pelas ruas lotadas de foliões, separados por cordas. Durante o percurso, próximo da esquina com a avenida Brasil, a Polícia Militar atendeu uma ocorrência de furto em meio ao público.

Na rua da Consolação, um percalço: pessoas em cima do ponto do ônibus no cruzamento com a avenida Paulista irritaram Daniela Mercury. “Enquanto vocês não descerem daí, a música não segue”, reclamou ela. Perto da praça Roosevelt, por volta das 22h30, duas horas a mais do previsto, a cantora baiana encerrou o show. O público em êxtase aplaudiu.