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Angra e convidados revivem clima de "Holy Land" com duas baterias no palco

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

14/08/2016 09h33

As cortinas vermelhas do Tom Brasil, casa de shows em São Paulo, foram abertas quando uma criança com um microfone surgiu para surpresa do público: "Boa noite, São Paulo! Vocês gostam do Angra? Eu amo o Angra", falou o menino antes de anunciar a banda, que comemora os 20 anos do álbum "Holy Land".

O show que o Angra fez neste sábado (13) foi especial em diversos sentidos. Primeiro: reuniu 60% da formação do grupo que gravou o segundo disco. Segundo: tocou "Holy Land" na íntegra. Terceiro: levou ao palco diversos convidados de peso, como o guitarrista Edu Ardanuy.

Nas laterais do palco, um em cada extremo, ficaram o tecladista Juninho Carelli e o percussionista Dedé Reis. No fundo, os bateristas Bruno Valverde, atual membro do Angra, e Ricardo Confessori, que gravou o álbum homenageado, revezavam a função e muitas vezes acabaram tocando juntos.

Uma das músicas que contou com a participação dos dois foi "Carolina IV", que, com a ajuda de Dedé, transformou o Tom Brasil em uma fusão entre música regional brasileira e metal.

A ideia de colocar dois bateristas no show, pela primeira vez na história da banda que está completando 25 anos, recriou o ambiente de "Holy Land". O peso de inúmeros pedais, caixas e pratos acompanhados pela percussão de Dedé levou os fãs à loucura.

E tudo isso com a presença de Fabio Lione nos vocais, Rafael Bittencourt e Marcelo Barbosa nas guitarras, e Felipe Andreoli no baixo.

Noite de surpresas

Mas a noite foi cheia de surpresas. Luis Mariutti entrou no palco após o convite de Andreoli, que deixou o baixo em boas mãos. Quieto, sem fazer grande alvoroço, o músico tocou elegantemente o instrumento e saiu de cena rapidamente. 

A turma poderia estar completa caso Andre Matos e Kiko Loureiro estivessem presentes. O vocalista da primeira formação do Angra fez falta em "Make Believe", cantada de forma competente por Rafael (que ainda teve uma bela sequência do set acústica), mas que perdeu o peso sem a voz original.

Por outro lado, Fabio segurou a barra de ter que cantar músicas clássicas que fizeram a fama de Andre. O cantor de 42 anos, que lembra vagamente um Robert Plant com uma queda pela distorção, mostrou todo o poderio vocal, seja na própria canção "Holy Land" quanto nas que gravou em "Secret Garden", último álbum lançado pelo Angra.

Ser substituto de Kiko na guitarra também não é uma tarefa fácil. Mesmo não tendo o peso do atual guitarrista do Megadeth, Marcelo mostrou personalidade e se saiu bem ao lado de Rafael, líder do Angra e o único remanescente desde a formação.

A festa se concretizou na última música do show de 2h30 de duração. O guitarrista do Dr. Sin, Edu Ardanuy, se juntou aos outros integrantes para um cover de "You Really Got Me", dos Kinks.

Antes do Angra

Bruno Sutter, eterno Detonator, líder e figura emblemática da banda Massacration, também deu sua contribuição no show de abertura. Com um álbum lançado no começo do ano, Bruno mostrou que, além de comediante, é um grande cantor e instrumentista. Munido de um baixo e com um microfone preso à orelha, Bruno fez o show de estreia do primeiro disco sem o personagem caricato.

"É uma honra o Angra fechar o nosso show", brincou o cantor. Muito falante, sempre contando detalhes das músicas que iria tocar, Bruno conquistou a plateia com o humor e com o metal.

O show de abertura encerrou, assim como o álbum, com a faixa "Galopeira", de Chitãozinho & Xororó, ícone da música sertaneja nacional. E, nunca deixando o lado humorista, Bruno anunciou: "Essa música começa com uma introdução do Manowar". E foi isso mesmo.