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Resistente, microfone preferido do The Who chega firme aos 50 anos

9.out.2016 - Roger Daltrey do "The Who" se apresenta no festival Desert Trip na Califórnia - Mario Anzuoni/Reuters
9.out.2016 - Roger Daltrey do "The Who" se apresenta no festival Desert Trip na Califórnia Imagem: Mario Anzuoni/Reuters

Justin Bachman

Bloomberg

11/10/2016 19h21

As bandas vêm e vão, mas o SM58 é para sempre.

Pelo menos é o que parece. O microfone, usado por incontáveis artistas, de Buddy Guy a Sheryl Crow e Mick Jagger, acaba de completar 50 anos cheio de vitalidade, segundo a companhia.

Nascido em Chicago, nos EUA, e vendido a US$ 100, o microfone da empresa Shure virou um recurso resistente para eventos ao vivo em todo o mundo. O SM58 é usado na Estação Espacial Internacional para aparições de astronautas na mídia e em debates presidenciais.

O presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Paul Ryan, empunhou um 58 sem fio em um comício, no sábado, em Wisconsin, após controvérsias em torno de Donald Trump (que reclamou do sistema de som falho no primeiro debate; a Shure disse que o microfone não era o culpado, já que o som saiu bem na transmissão).

Mick Jagger - Mark Ralston /AFP - Mark Ralston /AFP
7.out.2016 - O enérgico Mick Jagger também usa o microfone ao se apresentar com os Rolling Stones no festival Desert Trip
Imagem: Mark Ralston /AFP

A Shure lançou o SM58 em setembro de 1966 para reforçar suas ofertas para estúdio -- daí a sigla em inglês para "microfone de estúdio" no nome. O mercado nunca se concretizou. Mas para performances ao vivo, o The Who foi um dos primeiros a adotá-lo e a mania de Roger Daltrey de balançar seu SM58 no palco virou rotina nos shows da banda. O The Who, que ainda usa o 58, participou de propagandas da Shure.

"Este é de longe o microfone mais visível do rock", disse Mark Brunner, vice-presidente da Shure.

O SM58 chegou à arena da música ao vivo em uma era em que os músicos estavam se tornando muito mais móveis e eufóricos em suas performances.

Músicos relativamente parados, como Elvis Presley e The Beatles deram a vez aos enérgicos atletas de palco do rock, como The Kinks, The Who e The Rolling Stones, que preferiam microfones mais leves e resistentes.

O 58 é virtualmente indestrutível. Você pode deixá-lo cair, atirá-lo e rodá-lo como Daltrey, coisas que aliás diversos músicos fizeram durante suas performances frenéticas. O microfone pode rachar, mas raramente se quebra. A Shure reuniu uma série de testes de impacto em vídeo, incluindo uma queda de 60 metros de um helicóptero.

A Shure, empresa de capital fechado atualmente com sede na periferia de Niles, Illinois, nos EUA, comercializa mais de cem tipos de microfones para uso em estúdio e ao vivo, muitos deles muito mais caros, mas o SM58 se transformou no principal produto da marca para performances ao vivo. A empresa não informa exatamente quantos SM58 já vendeu.

"A verdade é que eu o uso no estúdio e os engenheiros ficam loucos", disse o músico e ator Henry Rollins, em um podcast da Shure em 2007. "Eu digo 'acredite em mim, essa é a única forma de eu conseguir fazer a minha apresentação.'" Após décadas com o SM58, disse Rollins, "é assim que eu me ouço. Esse microfone é a minha realidade."