No (provável) adeus a SP, Aerosmith reina com baladas e derrapa em rocks
Em seu (provável) último show da carreira em São Paulo, no Allianz Parque, o Aerosmith explicitou na noite deste sábado (15) uma de suas maiores marcas involuntárias: a clara cisão existente no repertório da banda, que faz sua turnê de despedida dos palcos.
No Brasil, enquanto sucessos dos anos 1980/1990 —fase mais comercial e baladeira do grupo— bombam nos shows do grupo, músicas da década de 1970 praticamente passam batidas pelo público, em sua maioria na casa dos 30 anos. Foi assim durante toda a competente apresentação do Aerosmith na capital paulista.
"Vamos desacelerar um pouco e voltar ao álbum de 1976 chamado 'Rocks'!", puxou o vocalista Steven Tyler, empolgado, antes emendar a semipunk "Rats in the Cellar". À exceção dos mais dedicados das primeiras fileiras, poucos pareciam saber do que ele tratava naquele momento.
Com 46 anos de estrada e integrantes beirando os 70, o Aerosmith é mestre no ofício de entreter, mesmo mostrando agora certo cansaço no palco. É natural. Conservado no formol, Tyler berra firme e no tom correto, mas está abusando mais de efeitos na voz e do apoio do backing vocal.
Já o guitarrista Joe Perry, carisma intacto e cool até a última mecha branca de cabelo tingido, aparece mais estático em cena. Sinal de que o mal súbito sofrido em julho em um show do Hollywood Vampires em Nova York de alguma forma ainda preocupa.
Pontos positivos do show: a arena é a praia do Aerosmith. E os músicos seguram a onda de um estádio estritamente à base de música, sem apelar à pirotecnia. O show foi visualmente econômico, como deve ser o de quem se especializou em rock básico.
Mas houve escorregões. "Love in an Elevator", por exemplo, ganhou uma versão com deslizes na execução, assim como "Livin' on the Edge", interrompida abruptamente por Steven logo na introdução.
O pique do baterista Joey Kramer, 66 anos, também não é o mesmo. A potente "Draw the Line" (1977), que abriu a apresentação sem alarde do público, sofreu com andamento mais lento e som baixo, que foi corrigido na sequência.
Recebidos com emoção, os hits de FM "Cryin', "Crazy" e "I Don't to Want to Miss a Thing" fizeram a alegria dos casaizinhos na pista. "Walk this Way", responsável pelo renascimento da banda dos anos 1980, foi estratégica ao jogar o clima para cima no final do show. E de lá não saiu.
"Come Together", dos Beatles, e "Stop Messin' Around", do Fleetwood Mac, cantada impecavelmente por Perry como se estivesse no palco de um boteco sujo em Boston, fizeram valer o ingresso. "Dream On" fechou a apoteose.
Entre o clássico e o romântico, o Aerosmith parte agora para o Recife, onde se apresenta na próxima sexta (21), encerrando o giro pelo país. No ano que vem, a saideira: show no Rock in Rio no dia 21 de setembro, que promete ser o último da banda Brasil. Ou até a próxima turnê de despedida.
"Setlist"
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