Rodrigo Silveira
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Jan Fjeld
A dupla inglesa Groove Armada volta ao funk, ao dancehall e à melodia em seu terceiro CD "Goodbye Country (Hello Nightclub)". Sem os onipresentes samples e a ubíqua batida house dos seus dois primeiros trabalhos, o CD mostra a dupla em boa forma, fazendo
dub sem culpa e marcando diferença no pop eletrônico atual.
Groove Armada navega num mar sonoro
peculiarmente inglês e, na sua constante procura pela batida perfeita, a dupla encontrou um híbrido de batidas pesadas, de som grave e ao mesmo tempo espaçoso, cheio de arpejos e breaks, aberto para a imaginação.
Como todo bom disco inglês, o do Groove Armada também tem uma lista de ilustres participações especiais que vêm do lado de cá do Atlântico. Vale mencionar o guitarrista e produtor Nile Rodgers, o cantor Richie Havens e o rapper Jeru the Damaja, que contribuem para uma mistura que pesa não só no lado rítmico, mas também no lado vocal.
A dupla entrou, logo na semana de lançamento (setembro na Europa e outubro no Brasil), direto em quinto lugar nas paradas inglesas com o single "Superstylin'", com o vocal de Mike Daniel (aka MAD), um colaborador de longa data. É um dancehall acelerado, com inspirados efeitos dub, uma poderosa linha de baixo e os já conhecidos e jorrantes sons de sintetizador. Bem dançante.
Mais downbeat, com o mesmo peso no baixo e efeitos, a faixa "Raisin' the Stakes" conta com a colaboração do guitarrista do
Chic, Nile Rodgers , com as suas características surras rítmicas na guitarra. O DJ Search fornece os "scratches" e o rapper Kriminul de Manchester é responsável pelo vocal. O resultado é um arrastado e pesado ragga eletrônico.
Além de "Superstylin'" e "Raisin' the Stakes", outra referência explícita do dancehall é a utilização de linhas vocais sampleadas de "Bam Bam", um sucesso do gênero na voz de Sister Nancy (1993), na faixa "Fogma" - a mais linear do CD - um house que oferece pouco em termos de prazer sonoro.
Forte neste quesito são as faixas "Little by Little" e "My Friend", canções de peso, dignas de se tornarem música-tema da próxima super produção titânica estrelada por Leonardo di Caprio e Kate Winslet. "Little by Little", colaboração da dupla com o cantor norte-americano
Richie Havens , é um híbrido de canção folk com guitarra acústica, batida hip hop e refrão grudento. Em "My Friend", a melhor, a cantora Celetia Martin brada o refrão "Whenever I'm down, I'll call on you my friend / a helping hand you lend / in my time of need", com intensidade e peso. É uma
melodia forte, com um crescendo épico de breaks instrumentais e silêncio, efeito arpejo de teclado e baixo (outro elemento do dub). É downbeat funk perfeito como trilha de noites quentes de verão.
Ambas são belas, têm refrão e - como várias faixas dos seus
álbuns anteriores - certamente serão incluídas em inúmeras coletâneas com as palavras
"chill out" estampadas na capa.
Também fortes canditadas a serem incluídas nestas coletâneas de "chill out" são as faixas "Lazy Moon" e "Edge Hill". São arranjos com camadas abundantes de teclados e violinos, paisagens sonoras sugestivas e agradáveis sem nenhuma interferência abrupta e sem o peso das batidas.
Acessando a Internet através do CD, você chega a uma área exclusiva na rede com uma faixa inédita, "Mali", para download em formato Windows Media Player. O arquivo pesa 6MB zipado. Vale o esforço: "Mali" é uma música de seis minutos de percussão marcada, com direito a bumbo, efeitos que lembram o latido do cão Mutley de "Corrida Maluca", breaks e vocais no estilo "world music". É o design sonoro de uma música que evoca a amplidão da savana africana, sugere prazer, mãos pra cima e alegria na pista.
Se você gosta deles, o melhor uso para seu dinheiro é comprar o CD importado (USA), que vem com uma faixa a mais. A
Som Livre, que lança os discos do Groove Armada no Brasil, não incluiu a poderosa "Tuning' In" na versão nacional.
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