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Autor de "Ronda", Paulo Vanzolini celebraria 89 anos com shows no fim de semana

29/04/2013 10h22

O compositor e zoólogo paulista Paulo Emílio Vanzolini, que morreu na noite de domingo (28), faria um show na próxima sexta-feira e no sábado no clube Casa de Francisca, no Jardim Paulista, com acompanhamento de sua companheira, a cantora Ana Bernardo, e de amigos como o violonista Ítalo Perón e o pianista e cartunista Paulo Caruso. Ele celebraria os seus 89 anos, completados no último dia 25.

O samba-canção "Ronda", composto por ele, foi gravado por Inezita Barroso em agosto de 1953, sete anos depois da criação. Ele e a mulher, a cantora Ana Bernardo, acompanhavam Inezita na gravação de seu primeiro disco no Rio, Moda de Pinga. Ela precisou de uma música de última hora e o autor lhe ofereceu "Ronda".

"Samba é paciência", sempre repetia Vanzolini. Em conversa com o pesquisador Assis Ângelo, por ocasião de um de seus últimos shows, em 2009, ele contou que levou 25 anos para terminar a letra de "Pedacinhos do Céu".

Sambista intelectual
Vanzolini foi talvez o mais graduado intelectual entre os sambistas brasileiros de todos os tempos: fez doutorado em Harvard, era pesquisador do Instituto de Zoologia, herpetólogo (especialista em répteis) e professor emérito da USP (Universidade de São Paulo). Foi também o autor da lei que criou a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Nascido no Cambuci, no dia 25 de abril de 1924, a dupla militância (na música popular e na ciência) lhe rendeu elásticas relações: Chico Buarque gravou duas canções do primeiro disco com músicas de Vanzolini; e o médico e escritor Dráusio Varella foi seu aluno na USP e cientistas do quilate de Theodosius Dobzhansky, Emest Mayr e Aziz Ab’Saber eram seus amigos. Foi parceiro de Eduardo Gudin, Elton Medeiros, Paulinho Nogueira, entre muitos outros.

Ele começou a compor seus sambas tipicamente paulistanos ainda no início dos anos 40. A obra é relativamente pequena --pelo menos a parte que o autor, perfeccionista, deixou vir à tona: é composta de aproximadamente 65 canções. Delas, 52 podem ser conhecidas nos quatro CDs da caixa "Acerto de Contas", que a gravadora Biscoito Fino lançou em 2003. Estão lá todas as mais famosas: "Ronda", "Volta por Cima", "Praça Clóvis", "Pedacinhos do Céu" (letra de Vanzolini sobre melodia de Waldir Azevedo).

Em 2011, a gravadora EMI lançou "Onze Sambas e uma Capoeira", gravações recuperadas do acervo da antiga Copacabana, de um disco lançado em 1967. No álbum, destacam-se entre os intérpretes um imberbe Chico Buarque (em "Samba Erudito" e "Praça Clóvis") e sua irmã Cristina Buarque (em "Chorava no Meio da Rua"), além dos arranjos de um certo Antônio Pecchi Filho, mais tarde consagrado como Toquinho.