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Líder do Maná convoca latinos para votar nas eleições americanas

David Villafranca

De Los Angeles (EUA)

26/08/2016 18h07

Convencido da força da música e consciente da delicada situação política nos Estados Unidos, o Maná vai cair na estrada com a turnê "Latino Power Tour", e o vocalista Fher Olvera defende que sua meta é encorajar os latinos a votar e mostrar seu poder nas eleições americanas.

"Depois de mais de 20 anos indo aos Estados Unidos, percebemos como a comunidade cresceu, não só em número, mas na participação política, econômica e cultural e no poder que temos nos Estados Unidos", diz Fher, em entrevista concedida por telefone à agência Efe.

"'Latino Power Tour' é como uma convocação. É para dizer as pessoas: 'Ei, vocês têm poder, usem'", acrescentou o cantor da carismática e bem-sucedida banda de rock mexicana, que ao longo de sua extensa carreira sempre se manteve engajado com temas políticos e sociais, não só de seu país, mas também do mundo.

Composto por Fher, o guitarrista Sergio Vallín, o baixista Juan Calleros e o baterista Álex González, o Maná vai dar início à turnê em San Diego, na Califórnia, no próximo dia 9. De lá, a banda vai percorrer o país durante dois meses com apresentações já agendadas em Las Vegas, Los Angeles, Nova York, Chicago e Miami.

Em Guadalajara, no México, onde eles acertam os últimos detalhes do novo espetáculo, Fher admite que todos estão "muito satisfeitos" e que o repertório "está muito bom", porque inclui canções dos primeiros discos, músicas que há muito tempo não entravam em shows.

Com orgulho e sem qualquer complexo, a banda vai de peito aberto reivindicar a importância da comunidade latina nos Estados Unidos, justo agora em que está no olho do furacão por conta das polêmicas opiniões sobre os imigrantes hispânicos do controverso candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump.

"Quando vimos que as coisas estavam estranhas no nível político, tão esquisitas, tão violentas, tão bizarras... não sei como explicar, decidimos fazer uma turnê mais forte com o 'Latino Power Tour'", esclarece Fher.

As críticas do vocalista ao magnata republicano nunca foram segredo. Na última segunda-feira, ele postou na página da banda no Facebook uma mensagem contrária ao empresário.

"Senhor Trump, não seja ingênuo, o povo não é estúpido. O senhor já deixou claro seu pensamento racista. Sem o voto dos latinos, o senhor não ganhará as eleições. Ou seja, será mais fácil que o senhor chegue ao Sol do que à presidência dos Estados Unidos", escreveu.

O líder do Maná argumenta que "o voto de qualquer trabalhador vale o mesmo que o de 'um Donald Trump'" e defende o valor da música, e particularmente do rock, como ferramenta política, já que "pode movimentar a consciência dos jovens ao chegar por outro ponto, mais pelo coração".

Ao longo de três bem-sucedidas décadas, Maná se firmou como um dos maiores nomes do rock latino, com canções inclusive sobre temas envolvendo o Brasil, como a canção (e título do álbum) "Cuando Los Ángeles Lloran" (1992), sobre o assassinato do seringueiro e sindicalista Chico Mendes.

"A gente tem gosto em criar, subir no palco e ver a cumplicidade das pessoas. Continuo ouvindo rock and roll na rua e em contato com o público em todos os lugares que vamos, seja na Europa, na Argentina, nos Estados Unidos... Estamos e nos sentimos ainda no rock and roll e não somos uma banda à parte das realidades", afirma.