Stone Temple Pilots é recebido com reverência histórica em SP
Se o primeiro show da nova turnê do Stone Temple Pilots, em março no festival South by Southwest, parecia um ensaio em boa forma e bem disposto para um retorno aos palcos, a banda de Scott Weiland parece ter se cansado no meio do caminho. Nove meses depois e algumas turbulências no percurso, a estreia dos californianos em palcos brasileiros, nesta quinta-feira (9) em São Paulo, já aparenta certo desgaste.
O veterano Stone Temple Pilots chegou ao Brasil pela primeira vez com toda sua bagagem problemática nas costas, já absorvida das pancadas de críticos que desprezavam a banda como "pseudogrunges" e cambaleando nos conflitos de Weiland com as drogas, que por diversas vezes interromperam as turnês --a última aconteceu em setembro nos Estados Unidos.
Por todo um currículo de idas e vindas, reviravoltas e eventuais interrupções, a visita da banda ao país foi encarada como o resultado de um retorno que muitos pensaram que nunca veriam de perto. Ou que, dado ao retrospecto, não esperavam que duraria até chegarem em solo brasileiro. Por isso, o velho Stone Temple Pilots foi recebido por quase 6.000 pessoas no Via Funchal com uma reverência concentrada em seu valor histórico.
Ao subir no palco, por volta das 22h15, Scott Weiland estava de volta com seu tradicional megafone nas mãos e fez o Stone Temple Pilots viajar a 1992 para buscar duas faixas em seu disco de estreia: "Crackerman" e "Wicked Garden". Recebidas com louvor, a banda emendou "Vasoline", single do álbum seguinte "Purple", de 1994, seguida de "Heaven & Hot Rods".
A nova fase do Stone Temple Pilots foi introduzida com "Between The Lines" e "Hickory Dichotomy", ambas do disco homônimo que a banda lançou em maio, rompendo um silêncio de nove anos sem inéditas. Das 12 faixas deste mesmo álbum vieram apenas mais duas: a pop "Cinnamon" e "Huckleberry Crumble".
Liderado pelo vocalista Weiland, o Stone Temple Pilots desembarcou com sua formação original: os irmãos Robert DeLeo (baixo e vocais) e Dean DeLeo (guitarra), e Eric Kretz (bateria). Do desempenho da banda --sem carisma-- no palco à qualidade vocal de Weiland, que está com a voz mais encorpada, pouco nota-se o lapso de seis anos que os manteve separados.
Aqui, o falante Weiland deixou a conversa de lado para cantar e passear pelo tablado com gestos econômicos. Sem muito papo, deslizou de costas de um lado para o outro, rodopiou durante os solos viajantes de guitarra, rebolou em "Sex Type Thing" e deixou-se mais a vontade. No final do show, do terno e gravata com que havia se apresentado para a plateia sobraram apenas uma camisa desabotoada e suada.
Entre baladas e guitarras sujas, o Stone Temple Pilots entregou durante pouco mais de 1h30 um repertório com composições que fizeram sucesso há mais de dez anos, como "Plush" --o maior hit da banda que teve parte do refrão cantado em desencontro pelo público--, "Big Empty", "Down", "Interstate Love Song" e "Still Remains". Trouxe de volta sua readaptção para "Dancing Days", do Led Zeppelin, lançada em 1995 no álbum-tributo à banda de Robert Plant e Jimmy Page, "Encomium". O encerramento ficou para as noventistas "Dead & Bloated" e "Trippin' on a Hole in a Paper Heart".
O futuro da banda é imprevisível, mas no sábado (11) os fãs brasileiros têm outra chance de ver o grupo de perto, na apresentação marcada no Rio de Janeiro, no Circo Voador. Weiland parece ter se recuperado mais uma vez de seus tropeços e, nesse sentido, o sinal de paz na capa do novo disco do Stone Temple Pilots muito diz sobre essa atual fase do quarteto.
Veja as músicas que o Stone Temple Pilots tocou em São Paulo:
"Crackerman"
"Wicked Garden"
"Vasoline"
"Heaven & Hot Rods"
"Between The Lines"
"Hickory Dichotomy"
"Still Remains"
"Cinnamon"
"Big Empty"
"Dancing Days" (Led Zeppelin cover)
"Silvergun Superman"
"Plush"
"Interstate Love Song"
"Huckleberry Crumble"
"Down"
"Sex Type Thing"
bis
"Dead & Bloated"
"Trippin' On A Hole In A Paper Heart"
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