"Com Dave Brubeck, morre o último dos gênios do jazz", diz maestro João Carlos Martins
O maestro brasileiro João Carlos Martins, amigo de Dave Brubeck e da família do músico, lamentou nesta quarta-feira (5) a morte do compositor e pianista, que não resistiu a um quadro de insuficiência cardíaca e morreu aos 91 anos, um dia antes de seu aniversário.
"Com Dave Brubeck, morre o último dos gênios do jazz", disse o maestro ao UOL. "Ele teve duas missões na música. Introduziu, junto ao Neil Diamond, uma medida no jazz e também foi o responsável por trazer as composições de Bach para o universo do jazz."
Martins foi um dos últimos a se apresentar com Brubeck, em 2010, quando o compositor já apresentava dificuldades para se locomover e tinha 89 anos. "Mas, mesmo sem conseguir andar direito, a hora que ele se sentou ao piano, ele mostrou que ainda era um gênio", recorda Martins, ao comentar sobre uma apresentação que fez no Lincoln Center, em Nova York.
O brasileiro também lembra o episódio no qual Brubeck apareceu na capa da revista norte-americana "Time". "Estavam decidindo se a capa seria com ele ou com Duke Ellington. Ambos estavam no mesmo hotel. Quando Dave viu a capa final, foi ao quarto de Duke e disse: 'Você que merecia estar nessa capa'", conta Martins.
Maestro João Carlos Martins era conhecido de longa data do pianista Dave Brubeck
Os dois se conheceram em 1970, quando o artista brasileiro se apresentava nos Estados Unidos. "Naquela época, de 1950 até 1970 principalmente, o Dave era para o jazz aquilo que o Frank Sinatra era para a interpretação vocal", argumenta o maestro. "Eu estava no concerto quando, de repente, o meu empresário me diz que Brubeck estava na plateia ao lado da família inteira."
A relação entre os dois também se estende para a família do músico norte-americano, cujo filho já se apresentou em São Paulo ao lado do maestro brasileiro em 2009. Brubeck também escreveu o prefácio de um livro de João Carlos Martins.
O maestro se apresenta nesta quarta-feira (5) em Campinas. Com a notícia da morte de Brubeck, resolveu mudar o repertório e celebrar a memória do amigo. "Vou tocar uma peça em homenagem a Chopin que ele fez", garante. O maestro também confirma a história de que Brubeck teria medo de andar de avião. Apesar do medo, o norte-americano chegou a se apresentar no Brasil em 1978, em turnê que incluiu a cidade paulista.
João Marcello Bôscoli
O músico João Marcello Bôscoli também manifestou pesar pela morte do músico norte-americano. "O papel de Brubeck na popularização do jazz é muito importante", relatou o brasileiro, por e-mail. "Transformar uma canção com um padrão rítmico atípico como 'Take Five' em um hit mundial e atingir grandes platéias, sem abrir mão de suas crenças, foi algo que poucos artistas conquistaram."
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