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Emílio Santiago é enterrado no Rio de Janeiro com oração e música

Rodrigo Teixeira

do UOL, do Rio

21/03/2013 11h58

Emílio Santiago foi enterrado nesta quinta-feira (21), por volta das 12h20, no Cemitério Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro, com homenagens, orações e música. O corpo do cantor foi enterrado no jazigo que ele próprio comprou para a mãe em 2006.

Foi pedido aos fãs que respeitassem o momento e não acompanhassem o enterro. O secretário pessoal do cantor, Soca, se emocionou e precisou ser amparado pelos presentes.

Antes do enterro, Emílio foi homenageado na capela do cemitério. Durante a espera do corpo, que sofreu atraso no traslado, dois músicos - acompanhados de um saxofone e um teclado - tocaram seu maior sucesso, "Saigon", e a canção "Verdade Chinesa". Uma TV grande, no salão, exibia imagens da carreira do cantor.

O corpo foi recebido com um pai nosso, entoado por um padre e acompanhado pelos presentes. Antes de fechar o caixão, o cantor Carlinhos Brown leu uma mensagem. "Quem Deus convida, não perdemos", disse aos presentes.

Mais cedo, Carlinhos afirmou que Emílio era uma espécie de um poeta: "A voz mais internacional do Brasil. Foi um poeta, só escolheu as músicas que desceram bem pela garganta. Estamos de luto. Foi um grande artista e nós amigos estamos aqui para prestar uma homenagem”, disse.

O cantor e ator Toni Tornado lembrou-se da época em que Emílio cantava em bares no começo da carreira. “Era o melhor cantor que tinha no momento. Ele extrapolou com sua voz, pesquei ele na noite e reconheci seu talento. O Emílio nos deixa em um momento ruim da música brasileira”, disse Toni.

Miéle, Neguinho da Beija-Flor, Agnaldo Timóteo e a jornalista Leda Nagle também acompanharam o enterro.

A missa de sétimo dia do cantor está marcada para a próxima terça-feira (26), às 21h, na igreja Imaculada Conceição, em Botafogo.

Emílio Santiago não resistiu às complicações de quadro clínico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico -- quando falta circulação de sangue no cérebro -- e na quarta-feira (20) às 6h30, no hospital Samaritano, na capital fluminense, onde estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) desde o dia 7 de março.

Trajetória
Nascido no Rio de Janeiro em 6 de dezembro de 1946, Emílio Santiago era formado em Direito, mas o vício em ouvir Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e João Gilberto em casa falou mais alto. Com o incentivo de amigos, participou de festivais e concursos musicais, chegando a se apresentar no programa "A Grande Chance", de Flávio Cavalcanti.

A voz marcante, que embalava de baladas a sambas cheios de swing, conquistou críticos e fãs e o primeiro LP, com seu nome, foi lançado em 1975, com canções de Ivan Lins, João Donato e Nelson Cavaquinho.

O sucesso chegou ao cantor de vez em 1988, ao lançar o disco "Aquarela Brasileira", primeira parte de um projeto de sete volumes, dedicado exclusivamente à música brasileira. A série de gravações ganhou uma versão ao vivo, "O Melhor das Aquarelas Ao Vivo", em 2005.

O último disco de Emílio Santiago foi "Só Danço Samba (Ao Vivo)", lançado em 2012, junto com um DVD. O cantor estava com quatro shows programados para o mês de março: dia 13 em Campinas (SP), dia 16 na quadra da Portela, no Rio, e nos dias 22 e 23 na capital paulista.

Sua última aparição ao vivo foi no programa "Encontro com Fátima Bernardes", no dia 4 de março, onde cantou um de seus maiores sucessos, "Saigon".