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Polícia investiga possibilidade de segundo atirador na morte de MC Daleste

O Funkeiro MC Daleste - Reprodução/Facebook
O Funkeiro MC Daleste Imagem: Reprodução/Facebook

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

18/07/2013 10h55

Peritos e polícia fazem, na manhã desta quinta-feira (18), a reconstituição da morte do cantor Daniel Pellegrine, o MC Daleste, atingido por dois tiros enquanto fazia um show em uma quermesse no bairro San Martin, em Campinas (SP), no dia 6 de julho. Os trabalhos também contam com a participação de um desenhista, um fotógrafo, além dos peritos e investigadores. 

Ao UOL, a perita Ana Claudia Diez explicou que não está descartada a possibilidade de que dois atiradores tenham participado do crime que o objetivo dessa reprodução simulada é determinar o local exato do atirador e a trajetória das balas que atingiram o funkeiro. "A reprodução será baseada nos vestígios de bala e de sangue deixados no caminhão (que serviu de palco para a apresentação), nos vídeos feitos pelo público e nos laudos do IML (Instituto Médico Legal)".

O delegado Rui Pegolo, titular do Setor e Homicídio e que coordena as investigações, disse à reportagem que ainda não há suspeitos do crime e ainda não há uma versão convincente apresentada pelas testemunhas. A Polícia, que montou uma Força Tarefa para apurar o ocorrido, trabalha com duas hipóteses principais: a de crime passional e a de uma desavença com o contratante do show.

Um dos tiros acertou a vítima de raspão na axila direita e laudo divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Médico Legal (IML) mostra que o segundo tiro, que foi fatal, atingiu o tórax e perfurou o estômago, o fígado e o pulmão direito de Daleste. Segundo o laudo, os ferimentos causaram sangramento e a morte foi provocada por anemia aguda. O cantor chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Municipal de Paulínia, mas morreu no centro cirúrgico. Logo após o ocorrido, fãs publicaram vídeos do momento do disparo na internet. 

Atirador
O que se sabe até agora é que o atirador estava a uma distância de 20 metros a 30 metros do palco. O tiro teria sido dado a uma altura de 1,70m a 1,80m do solo. "Olhando a cena do crime de cima do palco, o tiro veio da esquerda para a direita. A bala atingiu o abdômen do cantor, do lado esquerdo, e transfixou seu corpo."

Não se pode precisar a arma usada, porque não foi encontrado nenhum projétil. A bala que atingiu MC Daleste atravessou ainda um tapume no fundo do palco. Um segundo tiro teria sido disparado. "Mas acreditamos que tenha sido usada uma pistola. O que temos certeza é que o autor sabia atirar bem", disse o delegado. A principal hipótese da polícia é que o atirador tenha se escondido em um terreno baldio, escuro, onde há uma construção e um morro.

Enterro
O funkeiro foi enterrado por volta de 9h40 do dia 8 de julho, no cemitério da Vila Formosa, na região leste de São Paulo. Centenas de fãs acompanharam o enterro cantando músicas do artista.

"Meu irmão não tinha inimigos, ele era da paz. Não consigo imaginar quem possa ter feito isso com ele. Quero justiça. O criminoso tem que ser preso", afirmou ao UOL. Rodrigo Pellegrine, 26 anos, irmão e parceiro musical de Daleste. Rodrigo estava no palco no momento em que o MC foi baleado.

Daleste, que começou a carreira no bairro da Penha, em São Paulo, fazia parte do grupo de funkeiros que canta "funk ostentação" ou "funk paulista", em que temas de preocupação social dão lugar a letras sobre dinheiro, marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres. O funkeiro cantava os hits "Gosto Mais do que Lasanha" e "Mais Amor Menos Recalque", esse último já foi reproduzido mais de 1 milhão e 600 mil vezes no YouTube. Em outra canção, "Apologia", o MC escreveu "Matar os policia é a nossa meta / Fala pra nois quem é o poder / Mente criminosa coração bandido / Sou fruto de guerras e rebeliões".