Otto aparece nu e encarna cavalo em clipe de "O Que Dirá o Mundo"; veja
Otto está nu. Preso em um estábulo, curvado e de joelhos, ele se contorce ao receber uma forte rajada de água gelada. Está sendo banhado por seu tratador. Acossada na mesma posição, mas voltada para o outro lado, a atriz Amanda Lira, namorada do cantor, recebe o mesmo tratamento insalubre.
A cena, forte, é o momento de maior ousadia do novo videoclipe do cantor, "O Que Dirá o Mundo", lançado hoje com exclusividade pelo UOL.
A explicação para o inusitado da troca de papéis vem da literatura. Otto, que já foi Gregor Samsa, o homem-barata de “A Metamorfose”, de Franz Kafka, no álbum "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos" (2010), agora é o cavalo Kholstomér – o puro-sangue que dá nome a um conto de Leon Tolstói.
“O clipe é uma adaptação da história do cavalo que narra seus dias para outro, daí veio a ideia de transformar um homem em um cavalo”, explica o músico, que já havia convertido histórias curtas em videoclipe com “Pra Ser Só Minha Mulher” (“O Homem na Multidão”, de Edgar Alan Poe) e "Pelo Engarrfamento" (Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues).
Quem assina o clipe é a jovem diretora Camila Botelho, de apenas 21 anos, que ajudou a materializar as ideias de Otto a partir de filmagens nas pitorescas Sobral Pinto e Abaíba, na Zona da Mata mineira.
O nu, em especial, foi ideia do próprio músico, que não teve pudores em tirar a roupa – nem a da namorada.
“Ficou maravilhoso o resultado. Ela [Amanda] é a atriz, e a gente confiava muito na fotografia da Camila. E, além disso, eu sou uma pessoa que acha que, com a arte, a gente está sempre protegido de qualquer vergonha.”
"O Que Dirá o Mundo" é a nona faixa de “The Moon 1111”, sexto trabalho solo do cantor e compositor pernambucano, que é inspirado no filme "Fahrenheit 451" (1966), de François Truffaut. A faixa mistura cordas e drum machine (conhecida popularmente como "bateria eletrônica") às melodias secas de Otto e Lirinha (ex-Cordel do Fogo Encantado).
A letra, composta parte por um adolescente Otto, parte por Lirinha, critica o caos urbano e dá o sentimento da “vida de cavalo” de uma cidade grande.
“Com 13 anos, participei de um concurso de poesia da Nestlé, e uma das que mandei foi essa. Eu tinha muita poesia, milhões de coisas guardadas, mas não ganhei nada, mandaram tudo de volta”, conta, antes de cair no gargalhada.
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