Não me incomoda nem um pouco ser associado aos yuppies, diz Yanni
A fama de fazer música instrumental genérica, voltada a um público adulto e sem gosto definido, não é algo que exatamente tire o sono de Yanni. O grego de 59 anos, que divide fãs com Kenny G e Richard Clayderman, é o principal responsável pela popularização da new age no mundo, após alcançar o Olimpo com o álbum “Live at the Acropolis”, nos anos 1990.
Com 35 discos de platina e ouro no currículo, o compositor já vendeu mais de 20 milhões de cópias no mundo. No restrito gênero em que transita, sua popularidade só encontra par na do também grego Vangelis, autor de trilhas sonoras de blockbusters do cinema americano.
“Não me incomoda nem um pouco ser associado aos yuppies [os chamados jovens profissionais urbanos]. Na verdade, nunca entendi a maneira como a arte é classificada. No meu caso, simplesmente componho e executo a música que está dentro de mim. Eu não penso sobre o que os outros vão achar ou como as pessoas vão reagir”, diz ao UOL Yanni, que faz quatro shows consecutivos em São Paulo, a partir desta quinta-feira (20), no Ginásio do Ibirapuera.
Caso clássico de cisão entre público e crítica, Yanni supera eventuais pechas com carisma –em entrevistas e aparições é sempre extremamente simpático—e uma eclética combinação de baladas, rock sinfônico, world music e batidas eletrônicas, que apresentará em São Paulo. No caso brasileiro, a distância de opiniões parece ser ainda mais extrema. Devido à grande procura por ingressos, a quarta apresentação precisou ser marcada às pressas.
“Quando cheguei pela primeira vez ao Brasil, não tinha certeza se as pessoas conheciam minha música. Foi uma agradável surpresa”, diz Yanni, que só conheceu o país em 2010. “Sou influenciado por muitas culturas, muitas características musicais de todo o mundo. E talvez seja essa influência global que vem me conectando com os brasileiros. Eu realmente acredito que somos apenas um povo no planeta, e o Brasil não é exceção.”
O compositor grego Yanni, que vem ao Brasil pela terceira vez com seu repertório eclético
Apaixonado pelo Brasil e pela sonoridade verde e amarela (“tenho sido influenciado pela música brasileira por dois dos meus engenheiros de som, Silvio Richetto e Cesar Lemos, que trabalham comigo há muitos anos”), o compositor descarta um possível declínio da música instrumental. Esta milenar forma de compor que, para ele, nunca foi refém de nichos ou de um público mais restrito.
“Desde o início dos tempos a música instrumental tem feito parte das nossas vidas. Especialmente recentemente, com o uso no cinema, televisão, internet e outros usos que foram expandidos pela era digital. Acho que a música instrumental sempre terá um lugar na cultura mainstream.”
O próximo projeto de Yanni, no entanto, não prescinde de voz. Muito pelo contrário. “Inspirato”, que será lançado no dia 27 de março, trará alguns dos principais nomes da ópera interprentando clássicos de sua carreira. O álbum é uma parceria com Plácido Domingo, que compôs as letras. Além do tenor, também estarão no disco nomes proeminentes do gênero, como Renee Fleming, Rolando Villazon, Katherine Jenkins, Vittorio Grigolo e Placido Domingo Jr.
“Esse álbum levou quatro anos para ser concluído. Foi um projeto muito exigente, por várias razões. Todos os artistas convidados estão entre os melhores cantores do mundo, e por isso são muito ocupados. Tivemos de segui-los por todo esse tempo gravando em estúdios em Nova York, Londres, Berlim , Roma, Los Angeles , Milão e Miami.”
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