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Com público de 130 mil, anos 90 rouba a cena no Lollapalooza Argentina

Do UOL, em São Paulo*

03/04/2014 11h09

A primeira edição argentina do festival Lollapalooza finalmente aconteceu nos dias 1 e 2 de abril e levou um público grande ao Hipódromo de San Isidro, na grande Buenos Aires. Foram, nos dois dias, 130 mil pessoas, segundo a organização. Os shows que mais agradaram o público, segundo relatos nas redes sociais, foram Arcade Fire e Red Hot Chili Peppers, justamente as grandes atrações do evento.

Mesmo com revelações na programação, como Jake Bugg e Lorde, o destaque eleito pela mídia argentina foi a onda de bandas dos anos 90 que invadiu o festival. Quarta-feira foi o dia de Pixies, Soundgarden e do próprio Red Hot. “Cada um com seu estilo, história e apetrechos próprios. Mas todos eles no papel de encantadores de serpentes”, afirmou o jornal “El Clarín”.

Mesmo com outros shows festejados pelo público, como Johnny Marr e Ellie Goulding, os jornais deram destaque à força das canções dessas bandas. Enquanto o Soundgarden ficou com o título de show mais alto e pesado do festival, a publicação se rendeu ao Red Hot Chili Peppers, “a maior aposta é a que sempre funciona” e relevou até mesmo a falta de interação do vocalista do Pixies, Black Francis.

“Isso mostra que não é necessário falar para conquistar as pessoas, basta estar centrado nos temas do disco “Doolittle” (1989), o seu melhor álbum”. De acordo com o jornal, “Magdalena”, uma das novas canções da banda, também foi bem recebida.



A argentina Paz Lenchantín, nova baixista do Pixies, foi aprovada pelos compatriotas. “Paz se mostrou série, sóbria, sem ânsia de protagonismo e participando dos coros imprescindíveis de ‘Wave of Multilation’, ‘Monkey Goes to Heaven’ e ‘Caribou’”. Apenas “Gigantic”, antes defendido pela antiga baixista do Pixies, Kim Deal, ficou de fora. “Teria sido vergonhoso [Paz cantar no lugar de Kim]”, relatou o jornalista Germán Arrascaeta, do jornal La Voz.

Segundo o “La Voz”, Jake Bugg e Lorde -- bastante aplaudida apenas pelos jovens, segundo o site “Evenpro” -- mostraram ser maduros para a idade que possuem. A publicação ainda salientou que os franceses do Phoenix já se direcionam para um estágio de “banda de massa”, assim como Imagine Dragons e Cage The Elephant.

Anos 2000

Com a nova turnê “Reflektor”, o Arcade Fire subiu ao palco na Argentina no primeiro dia do festival com o setlist ligeiramente diferente da apresentação na edição chilena, deixando os fãs brasileiros ainda mais na expectativa de quais músicas entrarão no set daqui.

Os argentinos foram à loucura quando o vocalista do Strokes, Julian Casablancas, subiu ao palco usando um bobble head, uma daquelas grandes cabeças de látex que o Arcade Fire tem usado nos shows. A participação levou um minuto, até Casablancas ser “expulso” do palco por Win Butler. Duas das bandas mais significativas para o rock alternativo dos anos 2000 dividiram o palco, mesmo que pela metade e na brincadeira.

Em sua primeira edição na Argentina, o Lollapalooza foi aprovado com louvor. O jornal “La Razon” elogiou o festival com cara de parque de diversão, mesmo que a lama e as enormes filas, dois dos principais problemas que assolam a cabeça do público brasileiro, desanimassem o público momentaneamente.

Segundo eles, não houve problema nem mesmo nos shows simultâneos -- no caso da Argentina, o conflito se deu com as apresentações de Nine Inch Nails e New Order. “O layout dos palcos faz você saltar de show para show, misturando-se no meio para dar forma a um fluxo deformado”, opinaram.

Argentinos em São Paulo

Cerca de 90% das atrações que tocaram na Argentina estarão no Brasil.

Entre as bandas que seguem para o festival em São Paulo está a argentina Illya Kuryaki and the Valderramas, formada pelo filho do legendário cantor argentino “Flaco” Spinetta (morto em 2012), Dante Spinetta, e o enteado do cantor, Emmanuel Horvilleur.

O curioso nome da banda combina o personagem da clássica série dos anos 1960 “The Man from U.N.C.L.E.”, Illya Kuryaki, um espião russo na trama, e o jogador de futebol colombiano Carlos Valderrama.

Com uma mistura de funk, soul, funk e rap, o grupo, uma espécie de Jamiroquai argentino, promete levar um pouco do som “hermano” para terras brasileiras e agitar multidões em São Paulo.

O evento, no Brasil, será realizado no autódromo de Interlagos em São Paulo, no sábado (5) e no domingo.

* Com informações do Clarín