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Figurinhas carimbadas, Kings of Leon e Paramore renovam força pop em SP

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

02/11/2014 11h24

Após muitas visitas ao Brasil, e algumas adversidades no meio do caminho, os americanos do Kings of Leon e Paramore mostraram que ainda causam arrebatamento no público brasileiro. Ambos foram as atrações principais do festival Circuito Banco do Brasil, que aconteceu na noite de sábado, no Campo de Marte, em São Paulo. As bandas mostraram que ainda possuem vigor, peso, carisma e um poder absoluto sob o público brasileiro, que cantou seus hits e chorou, sem a chuva que havia castigado antes as apresentações do Skank e do MGMT.

Se o festival, que reuniu 30 mil pessoas, proporcionou um som límpido, sem problemas no palco, fora o atraso de 20 minutos para as atrações internacionais, o mesmo não pode ser dito sobre os caminhos percorridos pelas bandas, entre uma vinda e outra ao Brasil.

Mais coeso e pesado, o Kings of Leon se mostrou recuperado, após a baixa do baterista Nathan Followill, que sofreu um acidente de ônibus em agosto e chegou a colocar a apresentação no Brasil em cima do muro. Assim como seu irmão, o vocalista com pinta de galã Caleb Followill, que também chegou abandonar apresentações por problemas de saúde em 2011, Nathan demonstrou estar em plana forma e apareceu tranquilo, mascando chiclete, no telão.

Com o novo disco "Mechanical Bull" nas costas, a banda parece mais harmoniosa na quarta passagem pelo Brasil, sabendo dosar melhor o peso e a influência do country dos primeiros discos, com os refrões grandiosos e os versos amorosos de uma nova fase. Conviveram pacificamente, no setlist e no público, canções como "The Bucket", "Taper Jean Girl" e "Molly's Chambers", da primeira fase, com os hits radiofônicos de "On Call", "Use Somebody" e "Sex on Fire", que encerrou o show com coral dos fãs fervoroso.

 Vermelho é a cor mais quente

 Quando a enérgica Hayley Williams entrou no palco, a chuva havia acabado de cessar. Em troca, na plateia, as camisetas do Paramore e os cabelos vermelhos, como o da carismática vocalista, enfim apareceram, sem capas de chuva para atrapalhar. Veio então uma enxurrada de refrões chicletes, riffs pesados e instrumentos que eram arremessados para cima. Mesmo com rugas internas, a banda mostrou, nesta quarta visita ao Brasil, que ainda há espaço para seu sonho juvenil do punk pop. A prova estava em choros e gritos de "Hayley, eu te amo".

Cria de uma época em que a fusão dos gêneros se mostrou mais homogênea do que se imaginava, com o surgimento de bandas como Panic at the Disco! e Fall Out Boy, o Paramore sobreviveu, mesmo quando em 2010 o guitarrista e Josh e o baterista Zac saíram da banda que tinham fundado. Eram eles que tinham convidado a vocalista para entrar no grupo. Contra a expectativa pessimista pelo fim da banda, o Paramore manteve a carreira. Lançou disco novo ("Paramore", em 2013) e conservou a mesma energia e carisma, e o fervor de sempre por parte dos fãs -- uma delas, inclusive, roubou a cena quando foi convidada para subir ao palco para cantar "Misery Business".

Como boa seguidora, ela se jogou no chão em frente do guitarrista, balançou o cabelo e gritou no refrão de. Saiu ovacionada pela vocalista e pelo público.

"Eu vejo alguns rostos conhecidos. É muito bom", disse a vocalista de cabelos tingidos, camisa transparente e um macacão, antes de tocar "The Only Exepction", dedicado a quem assistia a banda ao vivo pela primeira vez. "Nós amamos músicas rápidas. Mas acho que tudo bem tocar uma canção de amor. Eu gosto disso".

Sem deixar de servir aos antigos fãs, Hayley afirmou que tocar os antigos hits, "é como visitar as páginas de um diário", avisou, antes de "Last Hope"

Psicodelismo

Com o som cada vez mais progressivo, o MGMT tentou, mas não conseguiu fazer com que os fãs do Paramore embarcassem em seu pop psicodélico. Embora os americanos estivessem embalados com uma animação delirante no telão, desde a primeira música, "Flash Delirium", foi apenas nos sucessos do primeiro disco, que o público se entregou.
"Kids", "Time to Pretend" e "Eletric Feel" é da fase mais comercial e dançante da banda, portanto, com mais apelo para o público do festival. O efeito, no entanto, não durou muito e logo a claque mais fanática pelo Paramore começou a pedir pela banda.

Com novos discos, Skank e Pitty mostraram seus novos shows, quando o sol ainda estava a pino.