Família de José Rico pretende finalizar castelo de mais de 100 quartos
A morte do cantor José Rico, 68, sepultado nesta quarta-feira (4) em Americana, interior de São Paulo, ocorreu sem que o sertanejo conseguisse terminar o que costumava chamar de “sonho da vida”: a construção de um castelo com mais de cem quartos, iniciada há 24 anos em uma área próxima às margens da Rodovia Anhanguera, no trecho entre Americana e Limeira.
O local tem perto de 11 mil metros quadrados de área total e reuniria também um estúdio de gravação, um haras e um galpão onde José Rico já guardava seus carros – outra de suas paixões. As obras dos quartos estão adiantadas, na parte interna, faltando as partes exteriores e o acabamento. Não há informação sobre quanto foi investido até agora na construção nem quanto seria necessário para finalizá-la.
Se depender da família do cantor, no entanto, a obra será terminada como uma espécie de homenagem. A informação foi divulgada pela assessoria do cantor, que não informou, entretanto, como o local será utilizado. Ainda segundo a assessoria, tanto este imóvel como os demais bens pessoais dele ficarão com os herdeiros. "A família não vai dispor de nada que é dele e vai dar sequência às obras", diz o texto.
Sonho
Em sua última entrevista à Rede Globo, José Rico declarou ao também sertanejo Michel Teló, em um quadro do "Fantástico" veiculado em outubro do ano passado, que a construção era seu grande sonho. "Ali é meu mundo. Estou construindo para mim e para os meus", declarou.
Os motivos da fixação de José Rico, no entanto, permanecem misteriosos. Uma versão, negada pelo próprio cantor, é de que uma cigana teria dito a ele que nunca poderia parar de construir sua casa. “Isso é lenda”, disse.
Ele também deu o nome de "Castelo" a uma de suas músicas. A faixa integrou o álbum "De cara com a Saudade", lançado em 1996. A letra diz: “Construí um castelo bonito para dar de presente à pessoa amada”. Apesar da referência, entretanto, José Rico nunca explicou claramente os motivos para a construção.
Devoção
E foi justamente o chamado "Castelo do Zé" que trouxe o paranaense Alfredo Ferreira, 64, a Limeira. Vizinho de José Rico há 11 anos, ele conta que deixou Foz do Iguaçu para realizar o sonho de morar ao lado do ídolo.
“Eu deixei minha cidade e mudei para Cotia, mas vinha ver o castelo dele e esperei aparecer um lote. Quando a área, de 4 mil metros quadrados, foi colocada à venda, juntei tudo que tinha e comprei. Realizei o meu grande sonho”, conta ele. “As músicas dele marcaram uma época da minha vida. Por isso tenho essa devoção”, contou.
Segundo ele, José Rico era um vizinho amável e grande contador de histórias. “Ele costumava vir aqui toda segunda-feira, olhava os carros, a construção, contava histórias. Era uma pessoa simples, tratava todos muito bem, virou um grande amigo meu e de todos por aqui”, conta.
Para Ferreira, a morte de José Rico será sentida por todos os vizinhos, mas o cantor continuará presente. “Eu não perdi ele, nem ninguém aqui perdeu. Podemos perder quando a gente morrer, mas, até lá, ele vai continuar com a gente, mais presente do que nunca. Nasce um Zé Rico a cada cem anos. Eu com certeza não vou ver outro”, disse.
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