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Com Banda do Mar no Lolla, Camelo diz que rejeição é sinal de relevância

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

19/03/2015 06h00

Considerado por muitos críticos o grupo de mais destaque do cenário pop-rock em 2014, a Banda do Mar, formada por Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Fred Ferreira, também teve que lidar com a repercussão dos rumores sobre o fim do trio, lamentado pelos fãs com a mesma intensidade com que foi comemorado pelos "haters". Os boatos circulam até hoje, mas o grupo os afasta com shows confirmados até julho no Brasil e em Portugal, terra de Fred, e anúncio de um novo clipe. Depois de julho, garantem eles, apenas a turnê chega ao fim. A banda continua.

E é no meio dessa turnê que o trio fará o maior show de sua carreira, no dia 28 de março, no Lollapalooza, em São Paulo, onde divide o palco Skol com grandes nomes, como Jack White e Robert Plant --em 2014, o festival reuniu mais de 150 mil pessoas nos dois dias.

Residindo atualmente com Mallu em Portugal, onde já fez mais de cinco shows com a Banda do Mar só neste ano, Camelo respondeu a perguntas do UOL por e-mail e falou sobre a expectativa de tocar para um público grande e novo do Lolla, sobre o futuro da Banda, projetos solo, a coleção de "haters". "Acho que é sinal de alguma relevância. Causar desconforto também está na consequência daquilo que a gente faz", opinou. 

Camelo ainda comentou a reunião do Los Hermanos, em outubro deste ano, para comemorar os 18 anos de carreira da banda, cujo último álbum lançado foi "4", de 2005. Apesar das apresentações em oito capitais brasileiras, Camelo diz que ele e os colegas do grupo não falam sobre um disco de inéditas. "Vemos nestes encontros uma oportunidade de estarmos juntos, de rever nossos fãs, de viver a banda fora da rotina diária de um trabalho", disse. 

UOL: A Mallu havia comentado em entrevista recente que o Lolla é uma chance de apresentar o som da Banda do Mar para um público novo. Existe um cuidado especial na hora de escolher repertório nesse caso?

Marcelo Camelo: Procuramos pensar sempre na situação em que vamos tocar, nas circunstâncias. Como o show é em um festival, isso impõe algumas diferenças, de quantidade de público, de ter muita gente que não conhece a banda, de termos menos tempo de show do que um show nosso normal... Isso leva a algum pensamento sobre o roteiro do show. Mas como somos uma banda nova, não há muita variação, temos o nosso repertório e ficamos animados de poder tocá-lo assim pela primeira vez para muita gente.

Qual é a expectativa para se apresentar para o grande público do Lolla? É mais difícil fazer grandes concertos do que shows mais intimistas?

São coisas relativamente diferentes, com graus de dificuldade parecidos. E acho que se relaciona muito com o som que se faz. Nós, na Banda do Mar, sentimos que o nosso show vai um pouco melhor num ambiente com descontração, com alguma informalidade.

Vocês estão preparando novos clipes? O clipe de "Mais Ninguém", com o passinho do romano, agradou bastante. Já têm alguma ideia para o próximo?

Sim, devemos lançar um clipe novo em breve.

Como querem seguir com a Banda do Mar? Há uma intenção para que continue nessa pegada mais pop e direta?

Acho que foi a ideia deste primeiro disco. O legal é deixar que este encontro siga naturalmente e que as circunstâncias vão nos dando pistas daquilo que queremos fazer.

Se por um lado o grupo é amado por fãs de Camelo, Mallu e Fred, por outro lado não são poucos os que rejeitam sempre que um disco de qualquer ex-Hermano é lançado. Como lidam com essas críticas? Por que atraem tantos 'haters'? Vocês se incomodam com isso?

Acho que é sinal de alguma relevância. Causar desconforto também está na consequência daquilo que a gente faz. As pessoas que se relacionam com a obra como um fenômeno de cultura de massa devem fazer daquilo espelho da sua vida conforme quiserem, é o que sinto. Claro que a gente gosta de ser amado, acarinhado, acho que todo artista tem essa necessidade junto dos motivos de fazer o que faz. Mas a cultura tem essa característica, de servir de eixo de discussão.

Como estão os novos álbuns solo de Mallu e Camelo? Há previsão de lançamento?

Neste momento estamos concentrados com a Banda do Mar. Temos muitos shows pela frente, uma agenda cheia para cumprir. Não temos tempo de pensar em muita coisa. Mesmo estando sempre tocando coisas novas e compondo, é preciso terminar esta etapa para outra começar a se formar.

O Los Hermanos tem pensado sobre dar um fim definitivo ao hiato, voltar ao estúdio e, quem sabe, lançar um disco de inéditas?

Não temos conversado sobre isso. Vemos nestes encontros uma oportunidade de estarmos juntos, de rever nossos fãs, de viver a banda fora da rotina diária de um trabalho. Isso de se ter diferentes projetos musicais dá esta arejada para todos.

Algumas pessoas brincam com o fato de Los Hermanos fazer shows mesmo após o fim da banda. Alguns dizem que seria uma estratégia de marketing. Como lidam com esse tipo de comentário e o que pensam sobre isso?

Não é muito pauta para nós. Tem gente para tudo, e na internet se encontram todas as pessoas, com tantas opiniões. Nós estamos à vontade uns com os outros e felizes com o encontro. E, além de nós, tem um mar de gente junto com a gente nesses shows. Acho que a diversidade de gostos é uma coisa boa e bem-vinda.