Com atraso, Pharrell ignora plágio e faz o pop triunfar no Lollapalooza
Com 15 minutos de atraso, consequência do concorrido show do DJ Calvin Harris, que aconteceu pouco antes em um palco paralelo e "roubou" parte do público, Pharrell Williams fez a apresentação mais sacolejante do Lollapalooza 2015.
O músico subiu ao palco pouco depois das 20h30, quando a plateia ainda era pequena no palco principal. Aos poucos, o público foi aumentando, mas sem repetir os shows abarrotados de Foster the People e Calvin Harris.
Pharrell, no entanto, não demonstrou decepção: "Muito obrigado a vocês", disse ao final da primeira música, sob a fina garoa do autódromo de Interlagos. Era o primeiro show solo dele no Brasil. "Quero aproveitar essa oportunidade para apresentar algumas músicas especialmente para vocês."
Em cena, Pharrell é mestre de ofício. Dá uma aula de um tipo de música que parece cada dia mais em extinção: o pop autoral e, principalmente, criativo. Bebe diretamente das fontes do R&B moderno, passando por Stevie Wonder e Michael Jackson, e pelo pleno domínio do estilo hip-hop.
Outros nomes do Lolla até chegaram perto do apuro pop do músico, como a cantora St. Vincent (não tão pop), o grupo Bastille (indie demais) e o DJ Calvin Harris (muito eletrônico), mas nenhum com a qualidade do autor de "Happy".
Espécie de "Midas" da música radiofônica, o cantor segurou com certa tranquilidade a plateia de um festival ligado à música alternativa, mesmo com a concorrência do show simultâneo do Smashing Pumpkins. Além de ter de lidar com a chuva.
Ares de balada
Com o típico visual "urban", de boina e vestindo camiseta do rapper Tupac, Pharrell dança, pede palmas e interage o todo tempo com o público. Dá espaço também às backing vocals e às dançarinas, que, em um momento solo, descem até o chão, dando ares de balada ao palco principal do Lolla.
Em alguns momentos do show, ele ainda chamou grupos de fãs para dançar no palco, incluindo um sósia com o clássico chapéu que marca o visual do músico.
A fórmula de Pharrell é certeira, garantida por uma vasta coleção de hits, próprios ou de terceiros, compostos ou gravados em parceria com ele.
Além das canções do multiplatinado disco "Girl" (2014), há lugar para Gwen Stefani ("Hollaback Girl"), Snoop Dogg ("Beautiful), Daft Punk ("Get Lucky" e "Lose Yourself to Dance") e Robin Thicke (da polêmica "Blurred Lines", que rendeu à dupla um processo de plágio de US$ 7,4 milhões, fato, claro, totalmente ignorado na apresentação).
Aos neófitos, ele ainda relembra e homenageia o repertório do N.E.R.D., eclética banda de rap que lançou no início dos anos 2000, fundamental na consolidação de sua identidade artística.
O climáx final, como não poderia deixar de ser, veio com "Happy", canção chiclete e onipresente, que mudou a carreira de Pharrell. Mais fãs no palco e felicidade solar para encerrar o úmido Lollalooza 2015.
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