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Dançante, novo disco põe pedra em cima de fase caótica de Edson & Hudson

Laço familiar entre Edson e Hudson se estreitou durante a gravação do novo álbum da dupla - Denis Ono/Divulgação
Laço familiar entre Edson e Hudson se estreitou durante a gravação do novo álbum da dupla Imagem: Denis Ono/Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

14/10/2015 16h44

Com a voz calma, entrecortada por risadas, Hudson não parece o mesmo sertanejo que viveu em meio ao caos nos últimos anos. "Estou tendo uma experiência mágica, meu filho acabou de fazer três meses", ele contou ao UOL. Mas há outro bom motivo para a bonança ter batido à sua porta. "Escândalo de Amor", o novo disco ao lado do irmão Edson, marca definitivamente uma nova fase na vida da dupla, tanto no lado familiar e quanto no profissional. O álbum pode ser ouvido de graça no UOL Música Deezer.

"A gente já estava muito bem, o relacionamento estava ótimo, mas essa gravação fez a gente se reaproximar musicalmente. Faltava fazer um trabalho juntos, ver a criança nascer. Isso trouxe a gente ainda mais perto um do outro", disse Hudson. A nova fase põe uma pedra nas lembranças ruins, como a separação da dupla em 2008, a prisão de Hudson por porte ilegal de arma e a internação do músico em uma clínica de reabilitação no ano passado, além da morte do pai deles.

"Escândalo de Amor", novo álbum de Edson & Hudson - Divulgação - Divulgação
"Escândalo de Amor", novo álbum de Edson & Hudson
Imagem: Divulgação

Surfando em um clima harmonioso, a dupla focou em um repertório variado, com influência latina e, acima de tudo, dançante. Em um momento em que o gênero tem apostado no clima onipresente de festa e bebida, Edson e Hudson contaram com a produção refinada do argentino Luiz Gustavo e decidiu abrir o leque.

Investiu na guarânia dos velhos tempos em "Escândalo de Amor" (que lembra "Estrada da Vida", de Milionário e José Rico), no pop rock com "Mil Livros" e no primo latino do sertanejo, a bachata, gênero nascido na República Dominicana. O ritmo é uma espécie de bolero mais pop e acelerado, e tem feito sucesso na voz do norte-americano Prince Royce -- cujo sucesso "Soy el Mismo" ganhou versão da dupla em português 

Latino-americano

A pegada latina veio ao encontro do desejo da gravadora Universal, que contratou a dupla este ano. "O presidente da gravadora na América Latina se interessou pelo som e queria um disco romântico e dançante. Eu já tinha feito seis canções e a proposta que a gente tinha em mente era exatamente essa", contou Edson. "Seguir o que está sendo feito seria um tiro no pé".

Ainda assim há participações de uma geração mais jovem, como Gusttavo Lima, e João Neto & Frederico, mas sempre mantendo o cuidado de sair da moda. "A gente queria se diferenciar do sertanejo atual, que eu gosto muito, mas tem muita gente se autocopiando. Sem querer criticar o estilo, mas parece que todo mundo pegou a mesma estrada. Está tudo engarrafado", brincou o guitarrista.

A volta ao estúdio foi essencial para colocar a dupla no eixo, dessa vez, musicalmente falando. O álbum anterior, "De Edson para Hudson", foi gravado enquanto Hudson ainda estava internado na clínica. Por necessidade, Edson assumiu a produção, mas não conseguiu terminar e o álbum perdeu força musicalmente.

"Eu estava internado, então não deu para fazer muita coisa. Agora, todo mundo está com a mente boa, todo mundo focado. Analisamos o repertório de maneira amorosa", disse Hudson, que celebra a nova fase. "Aquela maré ruim que passou e voltou trazendo mais coisas ruins, já era. Agora a água está bem limpa, o mar calmo, e está para peixe, o que é melhor".