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Por que vou ao décimo show de Eddie Vedder na vida e ainda não cansei?

Mirella Nascimento

Do UOL, em São Paulo

11/11/2015 06h30

Quando o Pearl Jam abrir o show desta quarta-feira (11), em Porto Alegre, com a música "Pendulum", estarei vendo Eddie Vedder ao vivo pela décima vez. Longe de ser uma das maiores fãs da banda, faço parte de uma parcela do público que faz questão de ir a quantos shows a agenda – e a conta bancária – permitir. Para alguns, a explicação simples pode ser "fanatismo". Para nós, é a certeza de que veremos mais um show único, diferente de todos os anteriores, não importa a quantos tenhamos assistido.

Isso porque, como quase todo fã de Pearl Jam sabe bem, a banda tem cerca de 200 músicas ensaiadas e escolhe o setlist pouco tempo antes de entrar no palco, reservando à plateia de cada show algumas surpresas, como um lado B tocado poucas vezes ou um cover inesperado. 
 
Pela primeira vez no Brasil desde o lançamento do álbum "Lightning Bolt", de 2013, é possível esperar pelo menos quatro músicas novas, praticamente (nunca se sabe) garantidas nas apresentações marcadas no país – depois de Porto Alegre, a banda passa por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro: "Pendulum" (em grande parte da turnê, a que abre o show), "Sirens", "Lightning Bolt" e "Mind Your Manners". Entre os hits, "Alive" e "Even Flow" não devem faltar, mas é provável que pelo menos uma entre "Black", "Porch", "Jeremy", "Daughter" ou "Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town" não apareça no setlist.
 
É quase sempre assim. Na primeira vez em que vi Eddie Vedder & cia, também em Porto Alegre, em novembro de 2005, ouvi amigos reclamarem a ausência de "Black". Até no último show em Seattle, terra da banda, em dezembro de 2013, uma delas ficou de fora. Mas se não teve "Jeremy" em um show de mais de três horas, alguns dos presentes reservados para aquela noite foram "Let Me Sleep" – música natalina até então tocada apenas uma vez ao vivo, em 1994 –, "After Hours" – cover da banda The Velvet Underground, tocada sete vezes pelo Pearl Jam em shows – e "Eruption" – cover de Van Halen, também pela sétima vez ao vivo.
 
Não, não sei esses números de cabeça. Além de publicar os setlists de todos os shows em seu site oficial, o Pearl Jam também lista quando e onde cada música foi tocada. Um prato cheio para os fãs mais dedicados – conheço alguns que sabem dizer quantas vezes viram ao vivo suas músicas preferidas. Como se não bastasse tudo isso, o PJ sempre dá vantagens especiais para os fãs de carteirinha durante as turnês – como descontos, pré-venda e/ou áreas especiais reservadas para integrantes do fã-clube oficial. Sem falar nos suvenires vendidos a cada show. Meu preferido é o pôster, também sempre diferente a cada nova apresentação, feito por um artista convidado pela banda. Item de colecionador.
 
Além das músicas novas, outra novidade em relação aos últimos shows no Brasil – seja no Lollapaloza, em 2013, ou a turnê de 20 anos, em 2011 – fica por conta do cenário. O palco do Pearl Jam de "Lightning Bolt" continua simples, mas ganha novos elementos de luz e cor – como raios iluminados, em referência ao nome do disco, ou esferas com luzes azuis e verdes, nas quais Eddie Vedder gosta de se pendurar e balançar no meio de uma música ou outra. 
 
Até esta quarta, meu último show do Pearl Jam foi aquele de Seattle, em 2013. No ano passado, bati ponto nas apresentações solo de Eddie Vedder – que seguem a mesma lógica de setlists variados, cheios de surpresas, pôsteres e vantagens para os fãs – em São Paulo e no Rio, e não vejo a hora de me reencontrar com ele. E se por um motivo pessoal eu não poderei estar na plateia de São Paulo no próximo sábado, vou até o Rio no dia 22 para o décimo primeiro show. Fanatismo? Pode ser. Prefiro pensar que é mais uma chance de ver um show único, diferente de todos os anteriores.