"Não sinto a mão, mas consigo tocar", diz baterista do Anthrax após doença
Ao contrário da maioria das bandas de heavy metal, o núcleo criativo do Anthrax passa longe do vocalista, posto que já foi ocupado por quatro pessoas diferentes em 35 anos de formação. A maioria das composições, portanto, sempre foram feitas pelo baterista Charlie Benante e pelo guitarrista Scott Ian, presentes desde o início.
Graças a atuação marcante dos dois músicos, o Anthrax conseguiu manter a sua identidade, mesmo com as várias trocas de vocalistas. Em entrevista ao UOL, Benante garantiu que a melhor voz da banda sempre foi a de Joey Belladonna, que já saiu e voltou do grupo duas vezes, intercalando a posição com John Bush. “A banda é melhor quando Joey está conosco. Ele soa corretamente para mim. Ele soa como o Anthrax”, disse.
O Anthrax fará neste sábado (26) no Allianz Parque, em São Paulo, o show de abertura do Iron Maiden. No repertório, a banda apresentará apenas oito faixas, que incluem as composições do álbum “For All Kings” (2016), como “Evil Twin”, “Breathing Lightining“ e Caught in a Mosh”, “Medusa” e “Indians”.
Dono de uma marca de café, Benante também adora falar sobre a bebida. A “Benante's Blend” possui duas variedades: a "Be All End All" (mais forte) e a "Forever Metal" (mais suave), que ainda não estão presentes no Brasil. O baterista afirmou ainda que conhece as variedades dos grãos brasileiros e revelou que alguns de seus blends são compostos pelos cafés daqui.
Embora o baterista tenha perdido a sensibilidade de uma das mãos por conta da síndrome do túnel do carpo, ele tranquilizou os fãs e afirmou que a cirurgia feita no ano passado lhe ajudou bastante. “Ainda sinto um pouco de dor. Não sinto a minha mão. É estranho. Mas eu consigo tocar sem problemas”.
Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista:
UOL: Você sempre aparece nas listas como um dos bateristas mais rápidos do mundo. Mas, quais são os bateristas que você mais admira?
Charlie Benante: São muitos. Desde Neil Peart (Rush), passando por John Bonham (Led Zeppelin) até Terry Bozzio (Frank Zappa). Eles são grandes.
Vocês vão abrir o show do Iron Maiden. Como é a relação entre vocês?
É incrível. O Iron é uma das maiores banda do mundo de todos os tempos. Em setembro tocamos juntos Flórida e o baterista Nicko McBrain nos trouxe uma tonelada de churrasco. Foi incrível. Ele tem um restaurante perto de Miami e depois do show mandou providenciar o churrasco. Foi um dos melhores que comi na vida.
Você sabe que temos ótimos churrascos no Brasil também…
Sim. Estou pronto! Vamos nessa (risos).
No ano passado, você teve que deixar o Anthrax por alguns meses para se recuperar de uma cirurgia na mão. Está melhor?
Está indo, eu acho… Após os shows eu preciso descansar totalmente a minha mão.
Sente dores?
Sinto um pouco de dor sim. Não sinto a minha mão. É estranho. Mas eu consigo tocar sem problemas.
Joey Belladonna está mais uma vez nos vocais do Anthrax depois de sair e voltar da banda duas vezes. As faixas do novo disco, “For All Kings”, foram escritas para destacar a voz dele?
Joey está ótimo neste álbum. Passamos a soar com uma banda novamente, sabe? E isso é muito importante. Quando escrevemos as músicas, definitivamente Joey estava na minha cabeça.
Após as várias trocas de vocalistas, ficou claro que o núcleo do Anthrax é formado por você e pelo Scott Ian. Concorda que vocês dois mantêm a identidade da banda?
Sim, eu acredito que a raiz e a fundação da banda é feita por mim e pelo Scott. Mas o Anthrax é é melhor quando Joey está conosco. Ele soa corretamente para mim. Ele soa como o Anthrax.
E como vocês lidam com a competição entre os fãs? De um lado alguns acham o Belladonna melhor enquanto outros preferem o John Bush.
Não tenho que lidar com isso porque coisas boas aconteceram com o John e coisas boas com Joey. Mas o Belladonna é o nosso melhor cantor.
Você concorda com os críticos que disseram que este novo disco revive o thrash metal dos anos 80?
Acho que tem um pouco de coisa antiga aí sim, mas de uma maneira moderna. A nossa intenção foi que os fãs, ao ouvirem, pensassem: “Sim, essa música é familiar para mim, mas de um jeito diferente”.
É como os novos álbuns devem soar, não?
É o que eu acho. Mas eu acho também que, no final do dia, ainda é preciso ter um monte de músicas boas também. Não pode ser só estilo. O metal tem que ir além disso.
Você é dono de uma marca de café. O Brasil é um dos maiores produtores do mundo. O que acha do nosso café?
Bebo café brasileiro o tempo inteiro. Eu amo. Um dos meus blends possui elementos do café brasileiro, inclusive a maneira como ele é tostado. Gosto dos mais escuros. Gosto também dos grãos da Guatemala.
Como é a maneira correta de beber café: aguado como os americanos ou curto e concentrado como os “espressos” italianos?
Gosto mais do jeito americano, que faço com prensa francesa. Gosto também do café coado. Também bebo os cafés em cápsulas dessas novas cafeteiras.
Em 2011, Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, substituiu Scott Ian em alguns shows. O que lembra daquela época?
Eu amo ele. O Andreas é incrível. Eu sempre acho uma honra tê-lo conosco. O período que passamos juntos foi incrível. Ele é um cara muito legal. Ótimo musico.
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