"Eu me sinto em uma vitrine para as pessoas atirarem pedras", diz Sandy
Praticamente tudo o que Sandy fala vira notícia. E, "cascuda", ela jura que já se acostumou com isso. Em seu histórico de burburinhos estão temas como virgindade, sexo anal, o casamento gay e, mais recentemente, o fato de simplesmente não amar a música sertaneja do pai Xororó, Não raramente, e à total revelia da cantora, essas polêmicas acabam relegando a música a um lugar menor.
“As pessoas estão muito acostumadas a falar de mim. Seja pelo que for, elas sempre têm o que falar. Se eu fiz algo, é pelo que fiz. Se não fiz, é pelo que não fiz”, desabafa ao UOL, por telefone, uma assertiva Sandy, que lança em junho seu segundo DVD ao vivo, “Meu Canto”, gravado no Teatro Municipal de Niterói. É o pontapé para mais uma turnê pelo país.
De volta aos palcos após dar à luz em 2014 o primeiro filho, Theo, Sandy se vê em um novo momento: mais sensível, otimista e, principalmente, feliz. Ainda que seja impossível evitar que seu rebento conviva com o atual mundo tecnológico. Segundo a cantora, um universo marcado pela intolerância.
“As pessoas podem falar o que querem na internet sem consequências. Todo mundo xinga e fala mal de maneira irresponsável. Sem pensar que estão agredindo verbalmente um ser humano. Mas estou acostumada com esse tipo de coisa”, afirma Sandy, que acredita estar em uma "vitrine de vidro" desde o começo de uma carreira de 26 anos –o último dedicado também ao júri do reality show de bandas “SuperStar”.
Na segunda temporada do programa, Sandy parece estar mais à vontade e incisiva nas críticas. “Tentei ser o mais sincera e justa possível na primeira temporada. Só que às vezes o coração fala mais alto, e eu acabei aprovando mais bandas do que deveria”, confessa. Mas isso não evita o constrangimento na hora de dar um “não”. "É horrível."
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
UOL - Em 2016, você, com 33 anos de idade, chega a 26 de carreira. Não é estranha demais essa proporção?
Sandy - É estranho. Eu me acostumei a ter esse número grande desde muito nova. Com 20 anos, já tinha 13 de carreira. É uma loucura. Assusta um pouco. É um número de gente mais velha, de alguém com 45, 50 anos. Mas não acho que isso aumenta minha responsabilidade. Outras coisas, sim.
Que coisas?
Acho que a exposição muito grande que tenho na mídia. Por exemplo, estar agora no “SuperStar” aumenta muito a exposição. Acho que existe uma certa cobrança por parte do público, que aumenta quando ainda mais quando você vem com um trabalho novo. Tudo isso me faz sentir a responsabilidade de me superar. Ou de pelo menos tentar manter o nível.
Você está lançando músicas inéditas em um DVD ao vivo. Acha que o formato disco de estúdio perdeu sentido?
A maneira de trabalhar no mercado fonográfico mudou demais. E isso acontece não só na música, mas no entretenimento em geral. Hoje ninguém quer pagar por música. As pessoas querem baixar e ter tudo de graça. Ou então querem tudo mais facilitado, como um Netflix ou um Spotify. Quase ninguém mais compra um disco com 12, 14 faixas.
E a gente nem tem tempo mais tempo para divulgar mais do que duas, três músicas de um disco. Antigamente você lançava um disco com 12 faixas e ia trabalhando uma música atrás da outra. Havia cinco músicas de trabalho em um disco só. Hoje você trabalha uma, duas, no máximo três, e aí o disco já está antigo. Tudo é muito rápido.
Seu estilo é calmo e introspectivo, que contrasta com o predomínio da música “de balada” de hoje em dia. Você se sente mal com isso?
Não, porque acho que tem espaço e público para tudo. Eu não me importo em ser minoria. Depois que comecei minha carreira solo, já tinha muito claro na minha cabeça que estava indo contra a maré. Estava saindo de um “mainstream” indiscutível com meu irmão, de fazer show em estádio para 80 mil pessoas, para fazer apresentações mais intimistas, para no máximo 2.000 pessoas, em teatros e casas de shows. Eu busquei isso. Era essa a proposta para a minha carreira. Eu gosto muito do que faço.
O que mudou na Sandy cantora após ser mãe?
Não tem muito como separar as coisas, ainda mais trabalhando com arte. Eu mudei por dentro. Mudei minhas prioridades e meu foco de vida. E isso acaba se refletindo no trabalho. Meu ritmo também diminuiu muito. Hoje, minha prioridade é estar com meu filho. Mas, por outro lado, posso estar no palco por ele, cantar para ele. Tudo ganhou um novo sentido, que é melhor e mais legal.
Você parece mais incisiva e crítica na segunda temporada do “SuperStar”. Por que mudou de atitude?
Tentei ser o mais crítica, sincera e justa possível na primeira temporada. Só que às vezes o coração fala mais alto, e eu acabei aprovando mais bandas do que deveria. Na hora você pensa: “Caramba, não tem nada de errado. Então porque eu vou dar ‘não’?”. Eu ficava tentando fugir do abstrato e dar um “não” só quando eu podia justificar tecnicamente.
Eu e meus colegas acabamos aprovando bandas que não eram compatíveis, em termos de nível musical, com outras que estavam lá. E, por causa disso, outras muito boas acabaram saindo cedo, dando lugar a quem nem merecia tanto continuar. Este ano vi que deveria ter sido mais estratégica e criteriosa.
Você sempre foi criticada pelas declarações. Acho que estamos no auge da intolerância?
As pessoas estão muito intolerantes. Tudo é muito facilitado hoje em dia. Todos têm a ferramenta da internet e estão protegidos pelo anonimato. As pessoas podem falar o que querem na internet sem consequências. Então todo mundo xinga e fala mal de maneira irresponsável. Sem pensar que estão agredindo verbalmente um ser humano. Mas estou acostumada a esse tipo de coisa.
Ficou sabendo de um evento no Facebook que marca a volta de Sandy & Júnior para o dia 11 de outubro em São Paulo?
Fiquei sabendo que tinha um boato. Mas não sabia que tinha data e tudo. Mas é mentira. Totalmente boato (risos).
Quase 10 mil já confirmaram presença!
Meu Deus! Preciso fazer algum anúncio para dizer que isso é falso! Senão vai sobrar pra gente depois (risos).
Sandy, acha que pegam muito no seu pé?
As pessoas estão muito acostumadas a falar de mim. Seja pelo que for, elas sempre têm o que falar. Se eu fiz algo, é pelo que fiz. Se não fiz, é pelo que não fiz. Eu me sinto muito exposta, como se estivesse em uma vitrine de vidro para as pessoas atirarem pedras. Eu me acostumei. A gente vê tanta coisa em rede social, Instagram, Facebook, YouTube, que acaba criando uma “casca”. Porque, se você for dar importância a tudo que falam de você, você não vai ter vida. Vai ficar em depressão.
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